terça-feira, 13 de novembro de 2018

JPMB 2018 - Apresentação da Mestre Elísio (38'32'')



Nós que fazemos a Filarmônica Mestre Elísio agradecemos à organização da JPMB, na pessoa do professor Marcos Moreira, pela oportunidade de nos apresentarmos nesse evento notável.
Muitíssimo gratos!


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

IX Jornada Pedagógica para Músicos de Banda


JPMB  2018




Nos dias  25, 26  e 27 de outubro ocorrerá na cidade de Penedo a 9.ª edição da Jornada Pedagógica para Músicos de Banda (JPMB), realizada pela UFAL e parceiros.

Com a coordenação do professor Marcos Moreira, a JPMB é o mais importante evento do país direcionado às bandas civis/filarmônicas.








 
 
 
 
 
 





quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Risonha (1911)

Atualizada em 23/05/2019.


(Áudio ilustrativo produzido no programa Sibelius com o Noteperformer integrado)


RISONHA

Mazurca de autor desconhecido (1911)

Por Billy Magno[i]

Originária da Polônia, Mazurca designa uma dança feita por pares formando desenhos e figuras diferentes, música tocada em ritmo vivo e compasso ternário (3/4 ou 3/8) com acentuação característica no 2º e 3º tempo; “coreograficamente complexa, (...) mais aristocrática do que a polca, afirmou-se como forma musical no século XIX através de Frédéric Chopin [1810-1849] e outros compositores românticos”[1], como Stanislaw Moniuszko (1819-1872).
De acordo com a Encyclopaedia Britannica[2]:

A Mazurca originou-se, aproximadamente, no século XVI na região da Mazóvia na Polônia (...) e foi rapidamente adotada na corte polonesa, mas permaneceu como uma dança folclórica. Espalhou-se eventualmente aos salões de baile russos e alemães e, a partir de 1830, tinha alcançado a Inglaterra e a França. Como uma dança de salão para quatro ou oito casais, a Mazurca mantém espaço para a improvisação. O volume de Mazurcas composta para piano por Frédéric Chopin (cerca de 57) reflete seu interesse na música de sua pátria, bem como a popularidade da dança em seu dia.

A mazurca chega ao Brasil entre 1837 e 1851, a princípio como dança teatral no Rio de Janeiro, logo se espalhando para todos os recantos do país, tendo seu auge durante a Belle Époque e perdendo força ao final desta, na década de 1920, caindo em desuso até ser praticamente declarada extinta tanto na Europa como no Brasil, sendo as exceções Cabo Verde, onde ainda é praticada principalmente nas ilhas de Santo Antão, São Nicolau e Boa Vista, e o condado de Nice na França.
 Datada de janeiro de 1911, quando o gênero vivia o seu auge, a obra aqui apresentada foi encontrada no antigo arquivo da Sociedade Musical Guarany, na cidade de Pão de Açúcar-AL, e foi escrita no verso do dobrado Silvino Rodrigues (em uma de suas primeiras versões).
Assim como o famoso dobrado, a mazurca Risonha também não tem autoria conhecida. Neste caso, graças ao copista da época que não creditou o compositor nas partes, se é que o reconhecia. Curiosamente, em boa parte dessas peças anônimas, eles (os copistas), conscientes ou não da importância de se legar o mínimo de referência sobre o uso desse material a qualquer que no futuro se interesse pela história da formação do acervo de sua instituição musical, apunham suas próprias assinaturas ou iniciais com alguma indicação de local e data – o que não é o caso aqui.
Encontrada incompleta, faltando as partes de 1º clarinete, 1º piston, 2º trombone, 2ª trompa em mi bemol, bombardino, tuba em si bemol, tuba em mi bemol e percussão, esta peça estava parcialmente preservada e sua recuperação tornou-se possível graças ao tipo de orquestração empregado na época.


Crianças polonesas dançam mazurca, cerca de 1900. (Acervo Tamara Kasavina)

        No início do século XX a instrumentação de uma banda de música comum do interior era composta em pares: requinta, 2 clarinetes, 2 pistons, 2 trombones, 2 trompas em mi bemol, tuba em si bemol, tuba em mi bemol (na época uma espécie de tuba chamada helicon, hoje em desuso) e percussão, sendo ainda possível algumas variações como o acréscimo do flautim em mi bemol, saxofones soprano e alto, bugle (hoje chamado de flugelhorn), tuba em dó e oficleide (em desuso desde os anos 1930,  substituído pelo sax tenor).
O tipo de orquestração empregada na maioria das peças dessa época era muito simples e funcionava da seguinte forma: a banda era dividida em instrumentos de canto (normalmente as madeiras: requinta, flautim, clarinetes, saxofones alto e soprano e metais, como os pistons); contraponto (sax tenor, bombardino e barítono em si bemol); harmonia (trompas em mi bemol e as vezes, os trombones, reforçando e ampliando a harmonia quando não estavam dobrando a melodia dos pistons uma oitava abaixo); e o baixo (feito pelas tubas). Quase não havia abertura de vozes na melodia (quando havia era em terças paralelas), o que facilitava o trabalho do maestro quando alguma parte se perdia e precisava ser refeita.
É por essa forma de orquestrar que mesmo estando a obra incompleta ainda assim sua recuperação se torna possível, bastando apenas que exista uma parte de canto, outra de contraponto, uma com a harmonia e outra com o baixo. Em resumo, são necessárias uma parte de clarinete ou piston (canto), bombardino ou barítono em si bemol (contraponto), trompa (harmonia) e tuba (baixo) para que a peça possa ser recuperada. É este o caso desta mazurca que apresenta das originais apenas sete partes remanescentes: requinta, 2º clarinete, bugle, 1º saxhorn, 1º trombone, barítono e baixo em dó.
Maestro Abílio Mendonça
O maestro da Banda de Música, entre 1910 e 1911, era Abílio de Carvalho Mendonça – pernambucano de Floresta do Navio, nascido no dia 2 de junho de 1879 e radicado em Pão de Açúcar desde 1882, quando chegara com apenas três anos de idade acompanhado da mãe e um irmão, e ali falecido a 30 de dezembro de 1963.
Conduzia, então, a Banda de Música Sociedade União e Perseverança quando da visita, em junho de 1910, do maestro da “Philarmonica” piranhense José Emiliano de Souza que havia sido "chamado a funcionar na 6ª noite da brilhante festividade do S.S. Coração de Jesus, cuja noite estava no encargo do corpo commercial desta cidade" – conforme carta datada de 8 de junho de 1910[3]. Entre os vários agradecimentos do maestro José Emiliano, um é especialmente destinado a "destinta corporação musical regida pelo hábil maestro Abílio Mendonça" (A IDEIA, 1910).


Maestro José Emiliano de Souza
(Acervo Etevaldo Amorim)
Segundo Aldemar de Mendonça (1911-1983)[4], em 15 de abril de 1911 é fundada a Banda de Música Euterpe de Pão de Açúcar, tendo como maestro Abílio Mendonça e instrumentos comprados em Recife. Na ocasião, um dos oradores foi o Dr. Bráulio Cavalcante (1887-1912)[5], sendo a cerimônia realizada  no Politheama J. M. Goulart de Andrade[6].
Como fica claro, no ano em que a mazurca Risonha foi copiada – e este é o termo, pois 1911 pode não ser o ano original da composição – Pão de Açúcar dispunha de duas Bandas de Música, a já citada Sociedade União e Perseverança (cujas pistas e citações encontradas vão de 1905 a 1919) e a Euterpe de Pão de Açúcar, que ao que tudo indica teve vida efêmera.
No tocante a peça musical em si há uma curiosidade: apesar de se chamar "Risonha", ela foi escrita em tom menor (Fá menor), o que sugere, a princípio, uma certa melancolia que se dissipa na 2ª parte quando a melodia passa para o tom de Lá bemol maior, estabelecendo a alegria que se mantém na 3ª parte, já na tonalidade de Fá maior para, em seguida, retornar ao clima melancólico de Fá menor concluindo assim esta peça musical.
Tem-se, portanto, uma peça escrita em forma rondó: três partes com reexposição da primeira, cujo esquema formal seria aproveitado e muito utilizado no choro dos primeiros tempos por vários autores – entre eles, Pixinguinha (1897-1973)[7].
Na época, por escassez de papel pentagramado, principalmente em cidades do interior, era comum o hábito de se aproveitar o verso de uma música escrevendo outra, ficando assim como uma espécie de disco 78 rpm com lado A e lado B, sendo neste caso esta mazurca o lado B pois é sabido que depois de 1927 ela caiu no esquecimento, ao contrário do dobrado Silvino Rodrigues que se transformaria num clássico do repertório marcial e até hoje é executado pelo Brasil.
A primeira revisão desta obra data de outubro de 1927 quando foi acrescentada uma parte de 2º piston (na realidade, a de bugle, hoje chamado de flugelhorn, já existente em 1911) e uma de baixo em dó datada de 21 de outubro de 1927 grafada “Basso C” – à maneira italiana – e assinada pelo então maestro Manoel Victorino Filho, o Mestre Nozinho (Villa Nova, atual Neópolis-SE, 17/10/1895 – Maceió-AL, 18/04/1960), sendo a única das partes de tuba que sobreviveu.
A segunda revisão ocorreu em março de 1995 realizada por mim, onde foram refeitas as partes faltantes de 1º clarinete, 1º piston, 2º trombone, 2ª trompa em mi bemol, bombardino, baixo em si bemol e baixo em mi bemol e acrescentadas as partes de sax alto e sax tenor.
A terceira e mais recente foi também realizada por mim em outubro de 2015, onde ampliei a orquestração acrescentando as partes de flauta, 3º clarinete, sax barítono, 3º piston, 3º trombone e 3ª trompa, além de novamente revisar as originais de 1911 que chegaram até aqui: requinta, 2º clarinete, bugle (2º piston em 1927), 1º trombone (a única com data, aqui transcrita textualmente: “17 de janneiro de 1911”), 1ª trompa em mi bemol, barítono em si bemol e baixo em dó (também oriunda de 1927), assim como as de 1º clarinete, 1º piston, 2º trombone, 2ª trompa em mi bemol, baixo em si bemol e baixo em mi bemol, bombardino, sax alto e sax tenor da revisão de 1995.
Finalmente, após 107 anos desde as primeiras cópias, apresentamos a edição definitiva, resultado do meu trabalho em parceria com Flávio Ventura[8]. Foram eliminados os tradicionais erros e enganos contumazes dos copistas da época (principalmente na parte harmônica), realçando toda a beleza desta obra e assim revivendo um gênero musical em voga há um século e hoje completamente desaparecido.


São Paulo, setembro de 2018.
 







Referências


A Ideia: Orgão Litterario Noticioso e Humoristico (AL). Pão de Açúcar, 12/06/1910. Disponível em:<http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=402060&pesq=Jos%C3%A9%20Emiliano&pasta=ano%20191> Acesso em: 17 de agosto de 2018.
Barros, Francisco Reinaldo Amorim de. ABC das Alagoas: Dicionário Biobibliográfico, Histórico e Geográfico das Alagoas. [PDF]. Edições do Senado Federal: Brasília, 2005. p. 233.
Encyclopaedia Britannica. Mazurka – Dance. Disponível em: <https://www.britannica.com/art/mazurka> Acesso em: 27 de agosto de 2018.
Glossário de termos e expressões musicais. Mazurka. Disponível em: <https://www.meloteca.com/dicionario-musica.htm > Acesso em: 10 de maio de 2018.
Mendonça, Aldemar de. Pão de Açúcar - História e Efemérides. 2a. edição, revista e ampliada por Amorim, Etevaldo Alves. Maceió AL: Ecos, 2004.
Sadie, Stanley (org.). Grove Dictionary of Music and Musicians, s/d. [Word]. p. 1622.
Sant’Ana, Moacir Medeiros. Efemérides Alagoanas. Maceió: Instituto Arnon de Mello, 1992.
Wikipedia, a enciclopédia livre. Mazurca. Disponível em: <https:\\pt.wikipedia.org\wiki\Mazurca> Acesso em: 23 de maio de 2018.



[1] Glossário de termos e expressões musicais. Mazurca. Disponível em: <https://www.meloteca.com/dicionario-musica.htm > Acesso em: 10 de maio de 2018.
[2] Encyclopaedia Britannica. Mazurka – Dance. Disponível em: <https://www.britannica.com/art/mazurka> Acesso em: 27 de agosto de 2018.
[3] Publicada em 12/06/1910 em A Ideia, jornal de propriedade de Álvaro Machado (1886-1956) que circulou em Pão de Açúcar entre 1909 e 1911.
[4] Escritor, historiador e filho do maestro Abílio de Carvalho Mendonça e América Maciel Mendonça (Sinhasinha) em seu livro História e Efemérides (1974).
[5] Advogado, jornalista e poeta pão-de-açucarense assassinado em um comício na cidade de Maceió.
[6] Teatro da época — homenagem ao engenheiro, geógrafo, jornalista, poeta, cronista, romancista e dramaturgo alagoano José Maria Goulart de Andrade (Porto de Jaraguá, Maceió, 06/04/1881 — Rio de Janeiro, 19/12/1936). 
[7] Alfredo da Rocha Vianna Jr. nasceu, viveu e morreu no Rio de Janeiro-RJ. Compositor, arranjador, maestro e instrumentista. Considerado o maior compositor de choro de todos os tempos.
[8] Nascido em Paulo Afonso-BA em 1978. Pesquisador e músico na Filarmônica Mestre Elísio da cidade de Piranhas-AL



[i] BILLY MAGNO nome artístico de Williams Magno Barbosa Fialho (Pão de Açúcar-AL 05/07/1978). Músico multi-instrumentista e arranjador. Na adolescência, foi estudar orquestração e regência em Salvador (BA). Iniciou na profissão em 1984 e teve como professores José Ramos dos Santos e Paulo Henrique Lima Brandão (teoria), Petrúcio Ramos de Souza (orquestração e regência), Maria Mercedes Ribeiro Gomes (piano) José Ramos de Souza (saxofone) e Edvaldo Gomes (contraponto), tendo ainda participado de Master Class de arranjo com Cristóvão Bastos, harmonia com Nelson Faria e trilha sonora com David Tygel. Dedicou-se, ao longo do tempo, à causa da música instrumental na qual tem atuado com mais frequência, trabalhando no Brasil e na Europa. Em junho de 2004, passa a viver em São Paulo. (Fonte: <http://abcdasalagoas.com.br/verbetes.php>)




segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Chocolate (Agérico Lins)




(Áudio ilustrativo produzido no programa Sibelius com o Noteperformer integrado)

Chocolate

Maxixe por Agérico Lins (1862-1935)

E uma pequena história do maxixe em Alagoas


Por Billy Magno[i]


Na definição do pesquisador e crítico musical José Ramos Tinhorão (*1928) o maxixe é uma “forma malandra e exagerada de dançar a polca-tango, que acabaria por fazer surgir o maxixe como gênero musical autônomo”.
No livro Maxixe – A Dança Excomungada, de 1974, Jota Efegê (1902-1987) afirma que a primeira citação ao ritmo apareceu na propaganda de um baile de carnaval que iria acontecer no Clube dos Democráticos no Rio de Janeiro, publicada no Jornal do Brasil, em fevereiro de 1883. O nome, tomado emprestado da hortaliça, faz uma associação irônica a seu pouco valor.
O teatro de revista, que fazia uma crítica acirrada aos costumes durante o período da Belle Époque, em breve se apropriaria do gênero. Escrita por Arthur Azevedo, A República estreou em 26 de março de 1890 e foi responsável por popularizar o primeiro grande sucesso do maxixe, intitulado As Laranjas da Sabina.
Apesar de as poucas músicas que chegaram a ser editadas se encontrarem sempre em forma de redução para piano, foi na Banda de Música que o maxixe encontrou o seu mais expressivo meio de execução. Antes mesmo das primeiras gravações e bem antes do rádio, eram as bandas (civis e militares) a forma mais popular de divulgação deste gênero, além de ser em muitos lugares o único meio disponível para se ouvir música. É certo que existiam os saraus com pequenas orquestras ou música executada ao piano, porém, eram formas restritas à elite da época, estando os coretos das praças para o povo como os teatros para os endinheirados.
            O maxixe parece ter chegado a Alagoas em meados da última década do século XIX. Uma das primeiras citações ao gênero, mas se referindo à dança e não à música – esta chegaria pouco depois e mesmo assim disfarçada de tango –, aparece em 07/12/1898 na edição nº 107 do jornal O Orbe, num conto denominado A cartola do tio:

Uma das bandas federaes executava um maxixe, e, em tudo que alli estacionava – cousas ou individuos, real ou apparentemente, havia um saracoteamento languido e voluptuoso ao passo d'aquella adoravel e diabolica tentação acustica.

           Seria ele colocado em prática no ano seguinte e, acredite se quiser, numa encenação de Fausto, de Goethe, como narra o crítico Aristobulo, do jornal Gutenberg:

Notamos o correcto valsar de Josephina Ely e Delphica de Araujo que n'um desmanchamento por demais dengoso machucaram n'uns requebros de maxixe, inadmissiveis no entrecho da obra de Goethe.

          É na virada do século, bem dentro da chamada Belle Époque alagoana que surgem ou se firmam compositores que cultivam o gênero em todo o estado, como veremos mais adiante, estando esses à altura dos melhores compositores da matriz carioca.
         Por ser sua dança considerada lasciva e de forte apelo sexual, logo o maxixe seria taxado de vulgar e chulo, considerado de mau gosto, despachado como música das classes mais baixas, perseguido e atacado pela elite moralista da época tendo a igreja católica na linha de frente, não sendo diferente em Alagoas como atesta o artigo intitulado Companhia Molasso, publicado na edição nº 165 de 01/12/1916 do jornal O Semeador:

Por mais que sem nenhum outro interesse, como é claro, que não pela moralidade dos nossos costumes, brademos contra os maus theatros, cada dia, num despreso e revolta, num desrespeito formal pelas nossas tradições de povo simples e honesto, os theatros como que de proposito procuram offender a dignidade da nossa gente. Assim é que hoje a Companhia Molasso vae apresentar espectaculos de maxixe e tango, e no grande theatro da terra. É muito triste! Dizem que quando a imprensa catholica protesta contra os maus theatros, a enchente é maior. Pouco nos importa isso. Cumprimos com o nosso dever. Demais conhecemos bem as nossas familias e por isso temos a certeza de que a apregoada enchente não será de pessoas pouco escrupulosas no que diz os bons costumes. O theatro Deodoro, hoje não deve ser frequentado, principalmente pelas nossas dignas familias tão respeitaveis pelas suas conhecidas virtudes, que não devem ser expostas aos perigos evidentes dos maus theatros.

 Os compositores, patrulhados, foram obrigados a escondê-lo sob a forma de outros gêneros sendo o mais comum o tango, que na sua forma brasileira parece ter como única semelhança com o irmão argentino o compasso binário. Outros que assinaram o gênero se esconderam sob pseudônimo ou ficaram propositadamente no anonimato e somente pouquíssimos assumiram o gênero e a identidade. As primeiras partituras a assumir o gênero só aparecem por volta de 1902/1903.
Jornais da época, como o Gutenberg, divulgavam espetáculos teatrais que tinham o ritmo como trilha sonora.
Os atores João de Deus e Esther Bergerat cantam em dueto a cançoneta "O Maxixe", na peça apresentada em 3 atos, com tradução de Lucio Pires, "Os maridos da viuva" de C. Grenet e Dancourt, apresentada em 1910 no recém inaugurado Theatro Deodoro e tendo a orquestra regida por Benedicto Silva (1859-1921), o versátil compositor alagoano.
O maestro Benedicto musicara as revistas de costumes de Manoel Rodrigues de Mello (1876-1946) "Maceió na rua" (1908)[1], encenada com grande sucesso no velho e modesto teatro Maceioense[2] e uma das primeiras peças encenadas no Theatro Deodoro: "Maceió moderno" (1911), do mesmo autor cujo score estava repleto de maxixes.
De 1911 é também o espetáculo Bella Zazá, que estreara em abril no cinema Helvética – inaugurado menos de dois meses antes do Deodoro – onde (como noticiado pelo Gutenberg de 12 de abril) na última cena era dançado o famoso maxixe "O corta-jaca", de Chiquinha Gonzaga (1847-1935), em que a dançarina “com muita graça erguia os folhos[3] do saiote para que com maior liberdade os seus travessos pés dessem nas táboas do palco os ameudados[4] talhos característicos da cançoneta”.

La_Matchiche.  Fotografia de Édouard Stebbing
(c. 1910)

Um ano antes, em março e também no Helvética, num programa que exibia em sua primeira parte três filmes (comédias curtas) e na segunda parte números musicais, os atores Brandão Sobrinho e Aminta Circe cantam em dueto um número chamado "Maxixe Aristocrata".
A Maceió da Belle Époque não ficaria imune ao maxixe, nascido pelas mãos dos negros na segunda metade do século XIX no Rio de Janeiro, logo se espalhando por todo o país e depois pelo mundo.
Em Alagoas, os principais compositores incorporam o maxixe ao seu repertório: Valério de Farias Pinheiro, Benedicto Silva e Agérico Lins contribuem significativamente para a música brasileira ao comporem também o seu próprio material original – Agérico, com o maxixe Chocolate.
Ele aparece aqui restaurado à partir duma cópia de 1933, que provavelmente não é a data original da composição (que pode ter sido escrita na década de 1910) e foi encontrada no arquivo da Sociedade Musical Amor à Arte (fundada em 1897), da cidade de Florianópolis em Santa Catarina e preservada graças aos esforços e cuidados de Nélio Schimidt[5] e Jonathas B. Simas[6].
O copista J.S. Castro Silva iniciou os trabalhos numa quinta-feira, 25 de maio de 1933, copiando: requinta; 1º, 2º e 3º clarinetes; sax alto e os dois pistões. No dia seguinte, escreveu a parte do bombardino.
Só voltaria ao trabalho nove dias depois, escrevendo as partes de trombone no dia 13 de junho. No dia 15, escreve as partes de barítono, 1ª e 2ª trompa, deixando 3ª trompa e tuba em mi bemol para o dia seguinte.
Em 17 de junho, copia a parte de tuba em si bemol e encerra o trabalho na segunda-feira (19) com a parte da percussão. Haviam-se passados 25 dias desde a primeira cópia.
Não se sabe ao certo como essas obras foram parar num lugar tão distante do lugar de origem do seu compositor Agérico Lins (1862-1935), maestro que teve quase a totalidade de sua obra destruída após a morte, restando apenas – e até agora encontradas – quatro composições. Curiosamente, tanto nesse maxixe quanto na valsa Laura Figueiredo, copiada no verso e também de sua autoria, seu nome está grafado erroneamente como “Agério”. É estranho, mas não ilógico, pois o seu filho Odolino Accyoli Lins (1894-1973) residiu na cidade por longos anos, desde que fora transferido do 20º B.C. (em Maceió) e lá chegara ao que tudo indica em fins da segunda ou início da terceira década do século XX. Poderia ele ter levado a música para Florianópolis e esta ter chegado as mãos do maestro Pedro Pavão do Nascimento (falecido em 1940), então maestro da Amor à Arte, que a recebeu de presente do amigo Freire (como consta na capa: "Pertence a Pedro Pavão por presente do amigo Freire").
No que tange a sua musicalidade, Chocolate é um maxixe na tonalidade de si bemol maior, bem jocoso, buliçoso e alegre, bem ao gosto da época e ao mesmo tempo com características depois adotadas pelo choro como o uso da melodia nos instrumentos graves como o bombardino, a tuba e o desaparecido oficleide (recurso adotado pelo violão de 7 cordas nos modernos conjuntos regionais).
Num trabalho realizado por Flávio Ventura[7], sob minha supervisão, procurou-se eliminar as incoerências harmônicas e os eventuais erros dos copistas da época e ampliar a orquestração acrescentando nesta edição as partes de flauta (ou flautim), 3º piston, 3º trombone, sax tenor e sax barítono, que não constam da orquestração original, sem prejuízo do material original.
Agora, apresentamos uma nova edição totalmente revisada do maxixe Chocolate, 85 anos depois de copiadas as primitivas partes, com toda a sua graça e punjança rítmica e o melhor de tudo: sem o preconceito que tanto tolheu  a criatividade dos compositores da época.
Com esse trabalho, toda uma era se recompõe como que por encanto e assim também podemos fazer justiça à memória dos antigos compositores hoje tão injustamente esquecidos, aqui representados pelo grande professor e maestro Agérico Lins.


São Paulo, Agosto de 2018

                                                                                         


Agérico Lins

O compositor



Genuíno dos Prazeres Pontes Lins[8] e Idalina Pontes de Azevedo nasceram em Portugal. Ao
Maestro Agérico Lins (1924)
chegarem ao Brasil já casados se fixaram em Passo de Camaragibe-AL, na época uma pequena vila e lá tiveram seus filhos, sendo o primogênito, Agérico Pontes de Azevedo Lins, nascido em 1862. 
Único músico profissional da família, Agérico foi trompetista, trombonista, flautista, compositor, maestro e segundo o escritor Raul Lima (1911-1985)[9], primeiro regente da banda de música União Camaragibana, fundada em 30/10/1890.
Casou-se com Anysia Accioly Lins (nascida cerca de 1864 e falecida por volta de 1955) e tiveram 18 filhos, mas criaram-se apenas Odolino (1894-1973), Regina (1897-1937), José Maria (nascido cerca de 1900 e falecido por volta de 1959) e Idalina (1907-1936).
Por decreto do Ministério da Justiça de 30/09/1895, é nomeado 2º tenente da 3ª bateria do 7º batalhão de artilharia de posição, na comarca de Camaragibe, conforme publicação do Diário Oficial da União (DOU) em 05/10/1895.  Pouco depois, se muda com a família para o bairro da Levada em Maceió-AL.
Conforme o escritor Félix Lima Júnior (1901-1986)[10] foi maestro da banda de música da Polícia Militar do Estado de Alagoas, embora seu prontuário não tenha sido encontrado, por ser anterior a 1919, data da organização do fichário geral.
Segundo Fernandina Caldas Farias (1915-2013)[11], foi maestro desse batalhão durante vários anos.
Vasculhando os jornais da época, temos uma pista, pois seu nome aparece no Gutenberg (Órgão da Associação Typographica Alagoana de Socorros Mutuos), que em sua edição de nº 244 de 03/11/1907 publica:

Hontem, dia consagrado à memória dos mortos, a Sociedade Auxiliadora dos Christãos depositou uma grinalda de saudades no tumulo do saudoso conego Octavio Costa[12], executando a banda de musica da policia e a do Monte Pio dos Artistas uma marcha funebre da lavra do professor Agérico Lins, a qual tem o nome daquelle sacerdote alagoano.

O mesmo jornal noticiaria na edição nº 87 de 21/04/1908:

O collegio 16 de setembro, de propriedade e direcção do professor Almeida Leite, celebra ao meio dia, uma sessão civica commemoratica. Após a abertura da sessão presidida pelo sr. Dr. Guedes Lins, será entoado o Hymno a Tiradentes, lettra do Director e musica do sr. Professor Agérico Lins, pela senhorita Marily Leite.

Em 1912, é convidado a organizar e reger a banda de música do centro operário da fábrica de tecidos da Companhia União Mercantil (da família Machado), localizada no então distrito de Fernão Velho, cujos diretores a partir de 1911, Antônio de Melo Machado e Arthur de Melo Machado, comandarão a empresa até 1938.

Edifício da fábrica de tecidos União Mercantil no distrito de Fernão Velho, em 1911.
Ainda segundo Fernandina, como a distância de Fernão Velho era de 10 ou 15 minutos, ele achou por bem levar a família para morar lá, trabalhando durante o dia em Maceió e indo à tarde para Fernão Velho. Encerrado o trabalho nesse distrito, rumou para a cidade do Pilar para reger a banda local, mas pouco se sabe sobre sua estadia naquela cidade.
Em 09/11/1916, vamos encontrá-lo como correspondente do jornal Diário do Povo, no banquete oferecido pelo Partido Democrata ao (então vice-governador) Dr. Fernandes Lima (1868-1938) no (inaugurado poucos anos antes) Theatro Deodoro, conforme atesta dois dias depois o nº 149 da edição alagoana de O Semeador.
Nomeado comissário em comissão (o que, na prática, equivalia ao papel de delegado) em Palmeira dos Índios-AL, o jornal local O Índio, em sua seção intitulada Visitas na edição nº 37 de 09/10/1921 publica: "Deram-nos o prazer de suas visitas o Tenente Agérico Lins, recentemente nomeado commissario em commissão deste municipio e o Sargento Candido Barbosa. Gratos."
          Uma semana depois, o sargento Candido e outros subordinados eram denunciados por abuso de autoridade pelo mesmo jornal em artigo assinado por Idalino Araújo e datado do dia 10, intitulado Os Porcinos em Palmeira. É importante notar o prestígio de que gozava o maestro, pois mesmo numa situação como essa o artigo destaca:

O illustre Sr. Tenente Agerico, homem calmo e conhecedor das necessidades do matuto sertanejo, desapaixonado como é, de certo voltará suas vistas para este grupo semelhante aos Porcinos, que envergonham a nobre farda da tradicional polícia de Alagôas.

A mesma edição também informa sobre a Festa do Sagrado Coração que ocorreria em 30 de outubro de 1921, cuja missa foi acompanhada por uma banda de música e um coro de vozes regido pelo tenente Agérico Lins auxiliado pelo maestro Homero Tomaz.
Já o escritor Ivan Barros (1943)[13] registra:

Em 21 de novembro do mesmo ano, em honra de Santa Cecília, na igreja da matriz em Palmeira dos Índios-AL, foi promovida uma linda festa pela Filarmônica Santa Cecília com tríduo solene e missa cantada, ensejo que brilhou a batuta do maestro Agérico Lins.

O jornal Diário de Pernambuco fornece mais uma pista de sua passagem pela banda da PM alagoana quando publica em edição nº 300 de 24/12/1922 que:

Do posto de 2º tenente do batalhão de Polícia Militar foi exonerado a pedido o sr. Agérico Lins, nomeado para substituir o 2º tenente graduado Antônio Medeiros Lins. E o jornal continua: O sr. Agérico Lins foi nomeado para exercer interinamente o cargo de amanuense[14] do Monte Pio dos servidores do Estado, o qual estava vago pela recente morte do Sr. Miguel Porto.

Esta manchete se refere ao fato dele ter deixado a farda para ir trabalhar no Tesouro Estadual em Maceió, onde se aposentou.
Foi ele o primeiro regente da Banda dos Operários da Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos da cidade de Rio Largo (CAFT), conhecida como Música da Cachoeira, criada pelo comendador Gustavo Paiva (1892-1943) em 1926.


Banda da Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos da cidade de Rio Largo, em 01/05/1927.
(Arquivo Floriano Queiroz)

Conforme o escritor Moacir Medeiros de Sant'Ana[15], Agérico participou em 1929 da Jazz Band dos Meninos, ao lado do pintor e músico Zaluar de Sant’Ana (nascido em 1904) e em 1932, foi regente da orquestra da Consagração Mariana de Maceió.
O professor Agérico era espírita, tendo sido presidente doutrinador do grupo (fundado em 23/12/1899) São Vicente de Paula. Faleceu em Rio Largo-AL, em setembro de 1935, vitimado pela tuberculose.
Segundo Fernanda Anajas Caldas Farias (1948)[16], acatando um conselho comum na época, de queimar todos os pertences do enfermo, sua esposa queimou grande volume de composições, restando apenas algumas melodias e apenas três obras completas para banda de música e outra para piano descobertas até agora.





Referências


ANAJAS, Fernanda. Resgate Musical — Prof. Agérico Pontes de Azevedo Lins. Cadenza Editorações Musicais, s/d.
BARROS, Francisco Reinaldo Amorim de. ABC das Alagoas: Dicionário Biobibliográfico, Histórico e Geográfico das Alagoas. PDF. Edições do Senado Federal: Brasília, 2005. 2v. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/1104> Acesso em: 02 de maio de 2018.
BARROS, Ivan. Palmeira dos Índios – Terra e Gente. São Paulo: Imprensa Metodista, 1969.
JUNIOR, Felix Lima. Maceió Antigo. Jornal de Alagoas, Maceió, nº 35, abril de 1952.
JUNIOR, Felix Lima. Pequena História da Polícia Militar de Alagoas. Maceió: 1ª edição 1990 – Cesmac: 2ª edição, 2017.
LIMA, Raul. O fio do tempo. Recife: Imprensa Universitária, 1970.
LUCENA, Wilson José Lisboa. Tocando Amor e Tradição – A Banda de Música em Alagoas. Vol. II. Maceió: Viva editora, 2016.
MACHADO, Sandra. O excomungado maxixe, 2015. Disponível em: <http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/1047-o-excomungado-maxixe> Acesso em: 11 de setembro de 2018.
MEMÓRIAS DA VOVÓ DINA, Diário da Dona Gorda – Parte 12. Disponível em: <https://diariodadonagorda.wordpress.com/tag/infancia/page/2/> Acesso em: 02 de maio de 2018.
MENDONÇA, Aldemar de. Pão de Açúcar – História e Efemérides. Edição Independente, 1974.
REVISTA O MALHO. Rio de Janeiro: Edição nº 446, 1911. Disponível em: <http://omalho.casaruibarbosa.gov.br> Acesso em: 02 de maio de 2018.
SANT’ANA, Moacir Medeiros de. Benedito Silva e sua época. Maceió: Arquivo Público de Alagoas/SENEC, 1966.
SANT'ANA, Moacir Medeiros de. Zaluar, um homem de muitas artes. Maceió: Sergasa, 1987.
TICIANELI, Edberto. Gustavo Paiva, o comendador dos operários de Rio Largo. Disponível em: <http://www.historiadealagoas.com.br/gustavo-paiva-o-comendador-dos-operarios-de-rio-largo.html> Acesso em: 02 de maio de 2018.

Jornais:

Diário de Pernambuco, edição nº 300 de 24/12/1922.
Gutenberg (Órgão da Associação Typographica Alagoana de Socorros Mutuos), edição nº 181 de 26/08/1899, nº 244 de 03/11/1907, nº 87 de 21/04/1908, nº 259 de 01/12/1910, nº 51 de 10/03/1911 e nº 78 de 12/04/1911.
O Índio, edição nº 37 de 09/10/1921 e nº 38 de 16/10/1921.
O Orbe, nº 107 de 07/12/1898.
O Semeador, edição nº 149 de 11/11/1916 e nº 165 de 01/12/1916.




[1] Com a atriz Cândida Palácios no elenco.
[2] Localizado na Rua do Sol cujo prédio serviria depois ao cinema Delícia, sendo demolido em fins da década de 1940.
[3] Segundo o Aurélio, folhos “são adornos pregueados com que se guarnecem vestidos, toalhas, colchas etc.’’
[4] Ameudados: antiga grafia de “amiudados” = frequentes.
[5] Trompetista e presidente da Sociedade Musical Amor à Arte.
[6] Trombonista e arquivista da Sociedade Musical Amor à Arte.
[7] Nascido em 1978 na cidade de Paulo Afonso (BA), pesquisador e músico da Banda de Música Mestre Elísio José de Souza (1989), atual Filarmônica Mestre Elísio, da cidade de Piranhas/AL.
[8] Seu nome é encontrado na lista de eleitores de Passo de Camaragibe em 1880. Em 1891, administrava o trapiche Rego (armazém onde estão armazenadas as mercadorias destinadas à importação ou exportação). No mesmo ano, lecionava música na cidade o professor Manoel Fortunato de Paiva Sobrinho.
[9] (Lima, 1970).
[10] (Junior, 2017).
[11] Neta do compositor, em seu blog "Memória da Vovó Dina” (2009-2013).
[12] Cônego José Octavio de Farias Costa (Pão de Açúcar, 01/11/1866 – Maceió, 22/05/1907) Ordenado no Seminário de Olinda (1892), vigário de Maceió (1898), senador estadual e lente catedrático do Lyceu Alagoano (1904-1907).
[13] (Barros, 1969).
[14] Funcionário de repartição pública que fazia cópias, registros e cuidava da correspondência.
[15] (Sant'Ana, 1987).
[16] Bisneta do compositor, sem a qual muito desta pesquisa não teria sido possível.


[i] BILLY MAGNO nome artístico de Williams Magno Barbosa Fialho (Pão de Açúcar-AL 05/07/1978). Músico multi-instrumentista e arranjador. Na adolescência, foi estudar orquestração e regência em Salvador (BA). Iniciou na profissão em 1984 e teve como professores José Ramos dos Santos e Paulo Henrique Lima Brandão (teoria), Petrúcio Ramos de Souza (orquestração e regência), Maria Mercedes Ribeiro Gomes (piano) José Ramos de Souza (saxofone) e Edvaldo Gomes (contraponto), tendo ainda participado de Master Class de arranjo com Cristóvão Bastos, harmonia com Nelson Faria e trilha sonora com David Tygel. Dedicou-se, ao longo do tempo, à causa da música instrumental na qual tem atuado com mais frequência, trabalhando no Brasil e na Europa. Em junho de 2004, passa a viver em São Paulo. (Fonte: http://abcdasalagoas.com.br/verbetes.php)