A palavra pistom é frequentemente usada como um sinônimo para o cornet ou cornetim, que na língua francesa é chamado de cornet à pistons (corneta de pistões).
O cornet é um instrumento de sopro da família dos metais, assim como o trompete. A grande diferença é o formato do tubo: o trompete tem uma tubagem mais cilíndrica; o cornet tem uma tubagem mais cônica.
Essa diferença no formato do tubo dá ao cornet um som mais suave, menos brilhante e mais fácil de tocar que o do trompete, especialmente nas notas mais graves. Em algumas regiões e épocas, o termo pistom se referia especificamente ao cornet, que era muito popular nas bandas de música e orquestras. No Brasil, historicamente, a palavra pistom foi usada para ambos os instrumentos.
Uma Rivalidade Dourada: Cornet (Pistom) vs. Trompete
Por décadas, o mundo da música foi palco de uma rivalidade acirrada entre dois dos mais nobres instrumentos de metal: o cornet e o trompete. A disputa, que se desenrolou no final do século XIX e início do século XX, não era apenas sobre qual soava melhor, mas sobre qual era o verdadeiro rei das bandas de concerto.
O cornet era o instrumento preferido para a maioria das bandas. Seu som mais suave e a agilidade nas passagens rápidas o tornavam ideal para as melodias líricas e solos virtuosísticos das marchas e dobrados.
O trompete, por outro lado, ainda era visto por muitos como um instrumento mais rude, com som mais forte e penetrante, geralmente usado para fanfarras e na orquestra sinfônica.
A Preferência de Herbert L. Clarke
Herbert L. Clarke, um dos maiores cornetistas da história, era um defensor ferrenho do cornet. Ele acreditava que o trompete era inadequado para o papel de solista e que seu som era menos expressivo. Embora ele tenha tocado trompete em orquestras sinfônicas em alguns momentos de sua carreira (incluindo na Filarmônica de Nova York), ele via o cornet como o instrumento superior para as exigências técnicas e expressivas das bandas de concerto.
Essa preferência de Clarke, um dos músicos mais influentes de sua época, cimentou ainda mais o lugar do cornet nas bandas americanas por muitos anos.
O Cornet: O Rei Indiscutível das Bandas
No auge de sua popularidade, o cornet, ou como era popularmente chamado no Brasil, o pistom, era a voz principal das bandas de música. A maioria dos virtuoses da época, como o lendário Herbert L. Clarke, não escondia seu desdém pelo trompete, que ele considerava um instrumento grosseiro e pouco refinado para os solos complexos que ele executava.
A preferência não era por acaso. O cornet tem uma tubagem mais cônica (estreita no início e mais larga no final), o que lhe confere um som mais suave, redondo e lírico. Além disso, seu formato o tornava mais ágil para passagens rápidas e melodias fluidas, características essenciais nas marchas, valsas e polcas que dominavam os repertórios das bandas.
Para os seus defensores, o cornet era o instrumento perfeito para a expressão musical, a verdadeira "voz" da melodia.
O Trompete: A Fanfarra e o Futuro
Enquanto o cornet reinava nas bandas, o trompete era relegado a um papel mais secundário. Com sua tubagem mais cilíndrica, seu som é mais penetrante, forte e claro. Por isso, ele era tradicionalmente usado em orquestras para fanfarras e passagens majestosas que exigiam um brilho sonoro marcante.
A visão de que o trompete era inferior para a melodia começou a mudar no início do século XX. O surgimento de novos gêneros musicais, como o jazz, pedia um instrumento com uma voz mais cortante e um som que pudesse se destacar em um conjunto. Foi o trompete que se mostrou ideal para essa função.
Músicos como Louis Armstrong popularizaram o trompete como um instrumento de solo de uma forma que nunca havia sido vista, mostrando ao mundo sua incrível capacidade de improvisação e expressão. Ao mesmo tempo, melhorias na fabricação do instrumento o tornaram mais ágil, desafiando a antiga supremacia do cornet.
O Veredito e o Legado
A rivalidade teve um vencedor claro: o trompete. Com o tempo, ele substituiu o cornet (pistom) como o instrumento padrão na maioria das bandas e orquestras.
No entanto, a disputa não foi sobre qual instrumento era "melhor", mas sobre qual era mais adequado para as necessidades de uma era em constante mudança.
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