Filarmônica Mestre Elísio
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quinta-feira, 9 de outubro de 2025
quarta-feira, 8 de outubro de 2025
domingo, 5 de outubro de 2025
O Galope da Imaginação: "Cavalo de Flecha" na Infância Nordestina e na Obra de Egildo Vieira
A ligação entre a brincadeira do "Cavalo de Flecha" com a macambira e a música homônima de Egildo Vieira é a materialização perfeita da busca pela arte erudita que bebe na fonte da cultura popular nordestina.
Egildo Vieira (1947–2015), flautista e ex-integrante do Quinteto Armorial, era mestre em traduzir o sertão em música e instrumentos. A sua composição "Cavalo de Flecha" é um exemplo vívido dessa ponte cultural.
O Encontro do Lúdico Popular com a Arte Armorial
A associação entre a brincadeira e a música se dá em três níveis: o simbólico, o rítmico e o instrumental.
1. Nível Simbólico: A Temática do Sertão
Assim como a brincadeira é uma reinterpretação da vida rural (o cavalo do vaqueiro, a caça do arqueiro) usando recursos da Caatinga (a haste floral da macambira), a música de Egildo Vieira faz o mesmo no campo sonoro.
A obra "Cavalo de Flecha" é classificada no estilo Romance e Galope, buscando inspiração nas toadas de cantadores, nos cocos e no ritmo das cavalhadas e dos romances medievais que se mantiveram vivos no Nordeste.
A música evoca a força do cavalo (o galope ritmado) e a velocidade da flecha (a precisão melódica), traduzindo em arte erudita a simplicidade da corrida da criança pelo quintal com sua haste de macambira.
2. Nível Instrumental: O Ariano e os Materiais Rústicos
A peça é notável por ser frequentemente executada no Ariano, um instrumento inventado pelo próprio Egildo Vieira, em homenagem a Ariano Suassuna. O Ariano é um dos pontos mais fortes de conexão com a brincadeira:
Elemento da Brincadeira | Elemento da Música | Conexão |
---|---|---|
Haste da Macambira | Instrumentos de Egildo | Ambos utilizam materiais naturais e rústicos da região (taquaras, cabaças, quenga de coco) para criar arte. |
Brinquedo Feito à Mão | Ariano (Instrumento Inovador) | Representam o saber-fazer tradicional (luthieria rústica) levado à excelência artística. |
O Ariano é um instrumento de cordas baseado no Marimbau e utiliza cabaças como caixa de ressonância. Ele confere à música um timbre singular, profundo e percussivo, que reforça o caráter regional e rústico da composição.
3. Nível Rítmico: O Romance e o Galope
A estrutura da música em "Romance e Galope" reflete o movimento dual da brincadeira:
- Romance: Traz a melodia e a narrativa épica, lembrando as histórias de cavalaria e bravura (o cavaleiro).
- Galope: É a parte mais essencialmente percussiva da música, simbolizando o ritmo da corrida do cavalo e, metaforicamente, o pique da criança a brincar. O ritmo vibrante do Ariano e da percussão criada por Egildo (também com materiais rústicos) reproduz a cadência do galope do animal pelo sertão.
Assim, "Cavalo de Flecha" é um ciclo completo que celebra a cultura material e a imaginação infantil do Nordeste, elevando um simples brinquedo feito da planta da Caatinga a uma composição de arte sonora, conforme o ideal armorial.
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sexta-feira, 19 de setembro de 2025
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terça-feira, 16 de setembro de 2025
segunda-feira, 15 de setembro de 2025
domingo, 14 de setembro de 2025
sábado, 23 de agosto de 2025
UMA RIVALIDADE DOURADA: CORNET (PISTOM) VS. TROMPETE
A palavra pistom é frequentemente usada como um sinônimo para o cornet ou cornetim, que na língua francesa é chamado de cornet à pistons (corneta de pistões).
O cornet é um instrumento de sopro da família dos metais, assim como o trompete. A grande diferença é o formato do tubo: o trompete tem uma tubagem mais cilíndrica; o cornet tem uma tubagem mais cônica.
Essa diferença no formato do tubo dá ao cornet um som mais suave, menos brilhante e mais fácil de tocar que o do trompete, especialmente nas notas mais graves. Em algumas regiões e épocas, o termo pistom se referia especificamente ao cornet, que era muito popular nas bandas de música e orquestras. No Brasil, historicamente, a palavra pistom foi usada para ambos os instrumentos.
Uma Rivalidade Dourada: Cornet (Pistom) vs. Trompete
Por décadas, o mundo da música foi palco de uma rivalidade acirrada entre dois dos mais nobres instrumentos de metal: o cornet e o trompete. A disputa, que se desenrolou no final do século XIX e início do século XX, não era apenas sobre qual soava melhor, mas sobre qual era o verdadeiro rei das bandas de concerto.
O cornet era o instrumento preferido para a maioria das bandas. Seu som mais suave e a agilidade nas passagens rápidas o tornavam ideal para as melodias líricas e solos virtuosísticos das marchas e dobrados.
O trompete, por outro lado, ainda era visto por muitos como um instrumento mais rude, com som mais forte e penetrante, geralmente usado para fanfarras e na orquestra sinfônica.
A Preferência de Herbert L. Clarke
Herbert L. Clarke, um dos maiores cornetistas da história, era um defensor ferrenho do cornet. Ele acreditava que o trompete era inadequado para o papel de solista e que seu som era menos expressivo. Embora ele tenha tocado trompete em orquestras sinfônicas em alguns momentos de sua carreira (incluindo na Filarmônica de Nova York), ele via o cornet como o instrumento superior para as exigências técnicas e expressivas das bandas de concerto.
Essa preferência de Clarke, um dos músicos mais influentes de sua época, cimentou ainda mais o lugar do cornet nas bandas americanas por muitos anos.
O Cornet: O Rei Indiscutível das Bandas
No auge de sua popularidade, o cornet, ou como era popularmente chamado no Brasil, o pistom, era a voz principal das bandas de música. A maioria dos virtuoses da época, como o lendário Herbert L. Clarke, não escondia seu desdém pelo trompete, que ele considerava um instrumento grosseiro e pouco refinado para os solos complexos que ele executava.
A preferência não era por acaso. O cornet tem uma tubagem mais cônica (estreita no início e mais larga no final), o que lhe confere um som mais suave, redondo e lírico. Além disso, seu formato o tornava mais ágil para passagens rápidas e melodias fluidas, características essenciais nas marchas, valsas e polcas que dominavam os repertórios das bandas.
Para os seus defensores, o cornet era o instrumento perfeito para a expressão musical, a verdadeira "voz" da melodia.
O Trompete: A Fanfarra e o Futuro
Enquanto o cornet reinava nas bandas, o trompete era relegado a um papel mais secundário. Com sua tubagem mais cilíndrica, seu som é mais penetrante, forte e claro. Por isso, ele era tradicionalmente usado em orquestras para fanfarras e passagens majestosas que exigiam um brilho sonoro marcante.
A visão de que o trompete era inferior para a melodia começou a mudar no início do século XX. O surgimento de novos gêneros musicais, como o jazz, pedia um instrumento com uma voz mais cortante e um som que pudesse se destacar em um conjunto. Foi o trompete que se mostrou ideal para essa função.
Músicos como Louis Armstrong popularizaram o trompete como um instrumento de solo de uma forma que nunca havia sido vista, mostrando ao mundo sua incrível capacidade de improvisação e expressão. Ao mesmo tempo, melhorias na fabricação do instrumento o tornaram mais ágil, desafiando a antiga supremacia do cornet.
O Veredito e o Legado
A rivalidade teve um vencedor claro: o trompete. Com o tempo, ele substituiu o cornet (pistom) como o instrumento padrão na maioria das bandas e orquestras.
No entanto, a disputa não foi sobre qual instrumento era "melhor", mas sobre qual era mais adequado para as necessidades de uma era em constante mudança.
QUIZ: https://g.co/gemini/share/6d909d89b0f9
Fonte:
quinta-feira, 21 de agosto de 2025
quarta-feira, 13 de agosto de 2025
13/8. DIA DO CLARINETISTA
Johann Christoph Denner: O Pai do Clarinete
Johann Christoph Denner (13 de agosto de 1655 – 26 de abril de 1707) foi um renomado fabricante de instrumentos de sopro de madeira da era Barroca, nascido em Leipzig, Alemanha. Sua família, originalmente de afinadores de trompas, mudou-se para Nuremberg em 1666, onde Denner estabeleceu sua própria oficina em 1678. Ele se tornou conhecido por sua excepcional habilidade na fabricação de instrumentos como flautas doces, oboés e fagotes, que eram muito valorizados na Europa da época.
A Invenção do Clarinete
A maior contribuição de Denner para a história da música foi, sem dúvida, a invenção do clarinete. No final do século XVII e início do século XVIII, ele trabalhou no aprimoramento do chalumeau, um instrumento de palheta simples popular na época.
O chalumeau, embora tivesse um som agradável no registro grave, era limitado em sua extensão e versatilidade. Denner, com sua expertise e curiosidade, fez modificações cruciais que transformaram o instrumento:
Adição de uma chave de registro: Esta foi a inovação mais importante. Ao adicionar uma chave na parte superior traseira do instrumento, Denner permitiu que o chalumeau produzisse notas em um registro agudo, expandindo dramaticamente sua extensão sonora. Essa chave de registro, ao sobre soprar, fazia com que o instrumento saltasse uma décima segunda (intervalo de uma oitava e uma quinta), criando um novo registro sonoro.
Melhorias na boquilha e na campânula: Ele também refinou o design da boquilha e fez alterações na forma do sino (campânula), contribuindo para a qualidade e projeção do som.
O Primeiro Clarinete
Estima-se que as primeiras versões do clarinete, como o conhecemos, surgiram por volta de 1700. Os primeiros clarinetes de Denner tinham geralmente duas chaves. Embora a primeira referência documentada a um clarinete seja uma fatura do seu filho Jacob Denner datada de 1710 (três anos após a morte de J.C. Denner), é amplamente aceito que Johann Christoph Denner foi o visionário por trás de sua criação.
Legado
O trabalho de Johann Christoph Denner lançou as bases para o desenvolvimento contínuo do clarinete. Seus filhos, Jacob e Johann David Denner, continuaram o legado da família na fabricação de instrumentos. A invenção de Denner abriu caminho para futuras inovações, como as de Iwan Müller e, posteriormente, do sistema Boehm, que solidificaram o clarinete como um dos instrumentos mais expressivos e versáteis na música clássica, jazz e muitos outros gêneros. Por sua genialidade e impacto duradouro, Johann Christoph Denner é justamente reconhecido como o pai do clarinete.
O sistema Boehm para o clarinete foi padronizado por Hyacinthe Klosé e Louis-Auguste Buffet.
A Origem do Sistema Boehm
O nome "Boehm" vem de Theobald Boehm, um flautista e inventor alemão que, na década de 1830, revolucionou o design da flauta transversal. Ele criou um sistema inovador de chaves e orifícios com anéis que permitia uma maior precisão na afinação e uma digitação mais fácil e lógica.
Adaptação para o Clarinete
Inspirados pelas inovações de Boehm para a flauta, o clarinetista francês Hyacinthe Klosé (professor do Conservatório de Paris) e o fabricante de instrumentos Louis-Auguste Buffet trabalharam juntos para adaptar esse sistema ao clarinete. Entre 1839 e 1843, eles desenvolveram o que hoje conhecemos como o "Sistema Boehm para Clarinete".
As principais adaptações incluíram:
A utilização de chaves de anel, que permitiam abrir e fechar vários orifícios com um único movimento do dedo.
A relocação de alguns orifícios para melhorar a afinação e a sonoridade.
Um sistema de digitação mais intuitivo e menos complexo, eliminando a necessidade de "dedilhados cruzados" problemáticos que existiam nos sistemas anteriores (como o sistema Müller).
O sistema Boehm se tornou o padrão na maioria dos países, exceto em algumas regiões da Alemanha e Áustria, onde o sistema Oehler ainda é popular.
Então, embora Theobald Boehm tenha criado o sistema para a flauta, foram Klosé e Buffet que o adaptaram e padronizaram para o clarinete, tornando-o o sistema dominante para o instrumento em grande parte do mundo.
quarta-feira, 23 de julho de 2025
terça-feira, 22 de julho de 2025
quinta-feira, 17 de julho de 2025
terça-feira, 15 de julho de 2025
sexta-feira, 11 de julho de 2025
11 DE JULHO: DIA DO MESTRE DE BANDA
Além da Partitura: O Legado do Mestre de Banda
Hoje, 11 de julho, celebramos uma figura essencial no universo da música: o Mestre de Banda. Mais do que um mero regente, ele é o arquiteto sonoro, o educador paciente e o líder inspirador que molda o talento e a paixão musical de tantos instrumentistas.
Pense em qualquer banda – seja ela marcial, sinfônica, filarmônica, ou mesmo aquela banda de coreto que embala as tardes de domingo na praça. Por trás de cada nota sincronizada, de cada melodia que emociona e de cada apresentação impecável, existe a dedicação incansável de um Mestre de Banda.
(Imagem meramente ilustrativa) |
Muito Além da Batuta
A função de um Mestre de Banda vai muito além de simplesmente ditar o ritmo com uma batuta. Ele é o responsável por:
Educar e Formar: Muitos mestres de banda são os primeiros a colocar um instrumento nas mãos de um jovem, ensinando desde as notas básicas até as técnicas mais complexas. Eles são verdadeiros professores, transmitindo conhecimento e disciplina musical.
Arranjar e Adaptar: Frequentemente, são eles que adaptam partituras, criam arranjos e selecionam o repertório, garantindo que a música seja executada da melhor forma possível pelos músicos disponíveis.
Liderar e Inspirar: Lidar com um grupo de dezenas, às vezes centenas, de músicos exige paciência, liderança e uma capacidade única de motivar. O Mestre de Banda inspira seus alunos e colegas a buscarem a excelência, superarem desafios e amarem a música.
Organizar e Gerenciar: Há todo um trabalho de bastidores que envolve logística, ensaios, organização de apresentações e, muitas vezes, a captação de recursos. O Mestre de Banda é um gestor completo.
Preservar Tradições e Inovar: Eles mantêm vivas as tradições musicais, ao mesmo tempo em que incentivam a experimentação e a introdução de novas ideias e estilos.
O Legado de Uma Vida Dedicada à Música
Um Mestre de Banda é uma liderança indispensável na vida de seus alunos. O impacto de seu trabalho se reflete não apenas nas performances musicais, mas também no caráter e na disciplina que ele ajuda a desenvolver. Quantos músicos profissionais, professores de música e amantes da arte iniciaram sua jornada sob a orientação atenta de um mestre de banda?
Neste Dia do Mestre de Banda, nosso aplauso e reconhecimento vão para esses profissionais que, com paixão e maestria, regem não só notas musicais, mas também sonhos, talentos e a harmonia de uma comunidade.
Neste Dia do Mestre de Banda, a Filarmônica Mestre Elísio celebra seus regentes, aqueles que, com paixão e dedicação, moldaram o som e a alma de nossa banda.
Nossos aplausos e nossa gratidão vão para:
- Mestre Bubu (in memoriam)
- Maestro Cafau (in memoriam)
- Mestre Damião
- Maestro Cicinho
- Maestro Leleo.
Que o legado de cada um deles continue a ecoar em cada nota da Filarmônica Mestre Elísio. Parabéns a todos!
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GEMINI. Além da Partitura: O Legado do Mestre de Banda. 2025. Disponível em: https://gemini.google.com. Acesso em: 11 jul. 2025.
segunda-feira, 7 de julho de 2025
sábado, 7 de junho de 2025
quarta-feira, 4 de junho de 2025
terça-feira, 3 de junho de 2025
PIRANHAS 138 ANOS: ENTRE A LENDA E OS FATOS
— Vá ao “porto da piranha” e traga o meu cutelo!
Essa frase não poderia ser mais trivial; porém, é dotada do senso de localização geográfica que torna os nomes célebres.
Ao chegar em casa com a pescaria do dia, o pescador, por óbvio, lembrou-se da faca que havia deixado na margem do rio e pediu ao filho que a buscasse.
Não se sabe em que data isso teria acontecido. Do tempo em que se chamou Tapera, nome de origem tupi-guarani para qualquer lugarejo constituído por habitações precárias, como as de taipa, o fato é que no início do século XIX esse local se chamava Porto de Piranhas; em 1885, Freguesia de Piranhas; em 1887, Vila de Piranhas; e em 1891, distrito-sede do município de Piranhas; cidade na década de 1930.
Em 1939, um decreto-lei federal mudou seu nome para Marechal Floriano, em reverência ao cinquentenário da Proclamação da República e ao centenário de nascimento do alagoano Marechal Floriano Vieira Peixoto (1839-1895), segundo presidente do Brasil. Essa mesma lei mudou o nome da cidade de Alagoas, primeira capital do estado, para Marechal Deodoro.
Dez anos depois, o novo nome ainda não havia se consolidado e o “marechal de ferro” — cognome adquirido pela repressão à Revolta da Armada (1893-1894) e à Revolução Federalista (1893-1895) — perdeu seu laurel sertanejo, legado pela política ufanista, retornando o lugar por força de nova lei à antiga denominação: Piranhas.
Em termos de resistência cultural toponímica, Deodoro triunfou no litoral (pudera! em sua terra natal), Floriano fracassou no sertão, a cerca de 300 km da Vila de Ipioca, no entorno de Maceió, onde nasceu. Mas seu nome resiste na toponímia nacional, como nos estados de Santa Catarina (Florianópolis), Rio Grande do Sul (Floriano Peixoto) e Espírito Santo (Marechal Floriano), além de dezenas de logradouros país afora.
Por aqui, venceu o costume indígena de dar nome de fenômenos, bichos e coisas aos lugares. Piranha, do tupi pi’rãya ou pi’rãi, o voraz peixe-diabo de dentes afiados capaz de em pouco tempo descarnar animais muito maiores, figuradamente dos tipos ditos “marechais” também.
E assim, debitados os fatos precisamente datados a partir da década de 1850, à posteridade é legado o mito fundador dessa cidade no sertão das Alagoas com uma narrativa transmitida pela tradição de um evento considerado histórico, mas cuja autenticidade é improvável.
Alguém inspirado no simbolismo das associações geográficas evocadas pelos seus morros mais tarde a chamou poeticamente de “lapinha”, qual imagem de presépio: a Lapinha do Sertão.
F. Ventura (2024)