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terça-feira, 25 de junho de 2024

O MILAGRE DOS PÁSSAROS


Lançado em 1979, O milagre dos pássaros [conto de Jorge Amado] narra um causo que se passa na cidade alagoana de Piranhas, às margens do São Francisco, "território de colhudos", e pode ser lido como uma sátira marota das relações conjugais e extraconjugais no interior do nordeste. O milagre em questão é o que propicia a fuga espetacular do poeta e trovador Ubaldo Capadócio, recém-chegado à cidade, da ira homicida do capitão Lindolfo Ezequiel, quando este o encontra na cama com sua esposa, a bela e cobiçada Sabô.

O milagre dos pássaros foi escrito [...] por encomenda, para ser distribuído como presente de fim de ano de uma instituição financeira. A primeira edição comercial viria apenas em 1997.
     Neste relato, Jorge Amado brinca com algumas das mais tradicionais formas brasileiras de narrativa e compõe uma história de aventuras com peripécias de heróis tipicamente populares. Causo de traição, ou, em outras palavras, uma anedota sobre um temido capitão que, apesar da valentia e da fama de matador, tornou-se um notório corno, O milagre dos pássaros é ainda o testemunho bem-humorado de um “milagre”.
     Para elaborar a história, em que se confundem o ocorrido e o narrado, a veracidade e a invenção, Jorge Amado inspirou-se na poesia de cordel e nos contos maravilhosos. A participação de personalidades reais, como Heloisa Ramos, viúva do escritor Graciliano Ramos, que segundo o narrador visitava a cidade quando o milagre dos pássaros ocorreu, confere à história caráter de fato irrefutável. Além dela, o ilustrador Calazans Neto e o poeta Florisvaldo Matos também são citados no texto como testemunhas vivas de que o herói do conto, Ubaldo Capadócio, era capaz de fazer até defunto rir.


terça-feira, 23 de abril de 2024

OFICINA MUSICAL: INSCRIÇÕES ENCERRADAS

As inscrições para Oficina de Capacitação para Instrutores de Banda nos dias 26 e 27 de abril próximos no Conservatório Municipal, centro histórico de Piranhas, estão encerradas. 

O projeto é realizado com recurso da Lei Paulo Gustavo, do Governo Federal, operacionalizado pelo Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa.

segunda-feira, 3 de abril de 2023

À MEMÓRIA DE ANTÔNIO ROMÃO



Músicos ou amigos da Música (os filarmônicos) de Pão de Açúcar, Petrolândia, Maceió etc. forneceram partituras para o acervo da FME, afora as que compramos diretamente da extinta Edições Abreu (1993) e, mais tarde, com o arranjador mtro. Rogério Moreira Campos (2000), de Viçosa/MG. 

Das manuscritas, algumas são mais especiais. Não porque sejam grandes obras ou melhores arranjos, mas porque encerram na doação uma carga de afeto e solidariedade de artista. É o caso seguinte.

Antônio Romão, violonista amador, voltou no final dos anos 1990 para encerrar seus dias no sertão em que nascera após cerca de 40 anos no estado de São Paulo. Na bagagem, álbuns de Garoto, Pixinguinha e outras partituras. Uma delas, o dobrado Bráulio Coutinho, do seu amigo compositor e seresteiro Zé Davi.

Ignoro o destino do amigo e que personalidade ele homenageia, porém, esse dobrado, editorado e impresso, agora integra o acervo da FME. 

Com sorte, alguém de Arujá/SP algum dia tenha contato com essa partitura trazida para o sertão de Alagoas por Antônio Romão, meu tio-avô sergipano de Canindé de São Francisco, e nos revele a vida de Zé Davi ou Bráulio Coutinho. 

Afinal, o nosso objetivo com a recuperação dessas partituras não é alimentar indiscriminadamente um acervo virtual — impondo repertório anacrônico para a banda de hoje —, mas, contar, por intermédio delas, a história dos músicos e das bandas. 


F. Ventura



Em tempo, a pesquisa Web retorna resultados para um Bráulio Coutinho, funcionário aposentado do DER, músico autodidata, organizador da Lira de São Benedito (1957-1973), que recebeu em 1988, aos 74 anos de idade, o diploma de Honra ao Mérito da Câmara de Arujá pelos relevantes serviços prestados ao município.

sábado, 21 de janeiro de 2023

FESTA DA PADROEIRA DO MUNICÍPIO 2023



 PROGRAMAÇÃO

19h: Novena - 19h30: Santa Missa


1.ª Noite - Terça-feira, 24/01

Noiteiros: Homens do Terço, Motoristas, Motociclistas, Ciclistas, Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal e BANDA FILARMÔNICA MESTRE ELÍSIO.

2.ª Noite - Quarta-feira, 25/01 

Noiteiros: Pescadores. Comerciantes, Movimento Bíblico, Pastoral da Comunicação, Conselho Tutelar e Aposentados.

3.ª Noite - Quinta-feira, 26/01

Noiteiros: Catequese, Pastoral da Acolhida, Pastoral da Criança, Infância Missionária, Pastoral do Batismo e Crianças em Geral.

4.ª Noite - Sexta-feira, 27/01

Noiteiros: Apostolado da Oração, Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucaristica, TLC (Treinamento de Liderança Crista), RCC (Renovação Carismática Crista), MCC (Movimento de Cursilho de Cristandade) e Jovens Sarados.

5.ª Noite - Sábado, 28/01

Noiteiros: Filhos ausentes, Mãe Rainha, CHESF, Hospital Unidade Mista de Saúde Arnon de Mello e Mães que oram pelos filhos.

6.ª Noite - Domingo, 29/01. 16h: Procissão dos vaqueiros e Bênção na frente da Igreja de Nossa Senhora da Saúde. 

Noiteiros: Comunidades: Piau, Lagoa Nova, Entremontes, Passagem do Meio, Olho d'Aguinha e Poço Verde; Assentamentos: Espinheiro, Margarida Alves e Antônio Conselheiro, Olga Benário, Picos, Poço do Juazeiro, Olho d'Água do Meio e Boa Vista dos Citonhos; Bairros: Nossa Senhora da Saúde, Nossa Senhora das Graças, Vila Sergipe e Vila Alagoas.

7.ª Noite - Segunda-feira, 30/01

Noiteiros: Acólitos e Ancilas, Mulheres do Terço, Pastoral Familiar, Pecuaristas e Donas de Casa.

8.ª Noite - Terça-feira, 31/01

Noiteiros: Legião de Maria, Pousadas, Hotéis, Restaurantes e Empresas de Turismo.

9.ª Noite - Quarta-feira, 01/02

Noiteiros: Centro Histórico, Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores, Secretarias Municipais e Academia Piranhense de Letras e Artes - APLA.


SOLENIDADE PAROQUIAL

Festa de Nossa Senhora da Saúde - 02/02

  • 10h: Missa Solene
  • 16h: Missa Solene, em seguida procissão pelas principais ruas da cidade.
  • Benção do Santíssimo Sacramento
  • Festival de prêmios

domingo, 23 de agosto de 2020

A entrada de Piranhas - João Tuana

Texto revisto em 3 set. 2020 às 19h15min.

A entrada de Piranhas

Samba-exaltação de João Tuana


A entrada de Piranhas que beleza
É obra da natureza
Panorama do amor
Tem uma pedra e uma cruz
Recordação de Jesus
Piranhas meu sonho em flor

Do lado esquerdo, uma capela
De uma pobre donzela
Foi morta por seu amor
Do lado direito, distante
Se avista um lindo mirante
O século do sonhador

No porto se vê a Estação
Ponto de locomoção
É um prédio de valor
No alto, a igrejinha
Embaixo, a cidadezinha
Presépio do Redentor

Último em Alagoas para quem sobe o São Francisco desde a foz, a cerca de 6 horas, ou primeiro para quem desce, a cidade de Piranhas foi um porto em que confluía toda espécie de gente: mercadores, missionários, retirantes dos períodos de escassez severa, aventureiros, artistas etc.

Nesse porto onde destinos vários se cruzavam, foi construída a Estrada de Ferro Paulo Afonso (EFPA) no final do século 19, a interligar através de mais de 100 km de trilhos as localidades de Piranhas, no estado de Alagoas, e Jatobá, em Pernambuco, vencendo por terra a barreira intransponível da cachoeira de Paulo Afonso, que naturalmente interrompia a navegação do rio, pelo menos parcialmente, até o porto de Piranhas ― daqui à foz a navegação é regular.

Essa posição geográfica fez de Piranhas palco da manifestação de diversos artistas em trânsito, que se deixavam demorar, desfrutando dos ares inspiradores da paisagem e da hospitalidade dos nativos, quando não apenas aguardavam a partida do próximo trem ou embarcação que os levassem ao destino pretendido.

Um desses artistas foi o compositor, violonista, emboladeiro e comediante maceioense José Luiz Rodrigues Calazans ― o Jararaca da dupla com Ratinho, Severino Rangel de Carvalho ―, que aos 19 anos fez teatro em Piranhas e ousou se engraçar com uma das filhas do coronel José Rodrigues de Lima. Mal-sucedido em seu intento, o filho do poeta maceioense Ernesto Alves Rodrigues migrou então para Recife, onde conheceu o paraibano (de Itabaiana) Severino Rangel de Carvalho. Ambos integraram o regional Turunas Pernambucanos. Dessa participação no grupo, adotaram nomes de bichos, cabendo Jararaca ao alagoano José Luiz e Ratinho ao paraibano Severino.

Jararaca foi amigo do mestre Nemésio Teixeira e chegou a visitá-lo anos mais tarde quando junto com Ratinho gozava de grande popularidade nacional.

Outro artista em trânsito foi o mato-grossense João Tuana. Compositor hoje esquecido, deixou-nos um presente: o samba-exaltação A entrada de Piranhas. De sua origem indígena e a época da passagem pela cidade, década de 1940, já fomos devidamente informados pela escritora piranhense, poeta, compositora e memorialista, acadêmica da AAL, Rosiane Rodrigues[1] que obviamente as recolheu da tradição oral.

Assim como vários outros compositores residentes ou em trânsito que fizeram questão de registrar musicalmente o momento, João Tuana nos deixou um samba em que revela suas impressões da paisagem ao avistar a cidade encravada no vale do São Francisco.

Se a leitura apenas do título A entrada de Piranhas levantasse dúvida quanto a que entrada ele se refere, se à fluvial, em direção ao poente, ou, contrariamente, à terrestre, a disposição das primeiras imagens nos versos resolvem a questão, pois só a quem chega pelo rio ressalta aos olhos dessa maneira particular os monumentos naturais sobre os quais se instalam alguns marcos, como o cruzeiro (“tem uma pedra e uma cruz”), a capela no sopé do monte à memória de uma trágica história de amor (“Do lado esquerdo, uma capela / de uma pobre donzela” assassinada), e o Mirante (“Do lado direito, distante / se avista um lindo mirante / o século do sonhador”), estrutura piramidal em 5 camadas criada no alto do morro no fim do século 19 para saudar o século 20.

Como a capela fica precisamente na margem direita do São Francisco (estado de Sergipe) e o Mirante na margem esquerda (estado de Alagoas), percebe-se que o compositor tem uma visão panorâmica de quem sobe o rio, cerca de 2 km do porto, para quem o sentido de direção contraria a correnteza.

Mais perto, vê-se a imponente estação ferroviária (“No porto se vê a Estação / ponto de locomoção / é um prédio de valor”), mais bela construção pertencente ao complexo ferroviário criado há 140 anos.

No morro seguinte há a pequena capela de Nosso Senhor do Bonfim (“No alto, a igrejinha / embaixo, a cidadezinha / presépio do Redentor”).

É comum tratar Piranhas por “cidade lapinha”, em alusão ao presépio das festas de Natal e Reis, devido a sua conformação geográfica de povoação que teve de se acomodar às serras tal qual certo presépio estilizado onde os personagens  principais são emoldurados numa minúscula paisagem medieval serrana.

 Claro que aos pioneiros não ocorria essa noção. Convenientemente se instalaram numa faixa de terra entre a montanha e o rio que lhes possibilitava a criação de animais, produção de alimentos e o tráfego. Posteriormente, com o crescimento da população provocando a ocupação do morro, a paisagem inspirou algum nativo ou viajante com sensibilidade suficiente para fazer associações geográficas, estabelecendo subjetivamente elos paisagísticos,  a cunhar  termos como “cidade lapinha do São Francisco”.

De qualquer forma, João Tuana foi mais feliz em sua passagem do que um certo compositor, músico clarinetista carioca, momentaneamente contrariado pelo excesso de bebida a que se entregou no bar de Pedro Chico, pelo que foi detido. Deste nem o nome foi preservado, apenas a resenha no anedotário local.

Mestre Nemésio Teixeira, chefe das oficinas da rede ferroviária, acumulou nessa época o cargo de delegado. Com o depoimento do forasteiro que se declarou também músico, o maestro-delegado provocou-o a provar suas qualificações e, entregando-lhe um clarinete, ouviu bela valsa que lhe desarmou de qualquer espírito revanchista, libertando o infortunado colega.

A transcrição do samba A entrada de Piranhas de João Tuana foi feita recentemente do registro de voz da professora Ivanilde Fernandes, enviado por meio eletrônico ao também professor Paulo Jr., aos quais somos gratos.







[1] RODRIGUES, Rosiane. Piranhas: retrato de uma cidade. Maceió: Edições Catavento, 1999.



domingo, 22 de dezembro de 2019

FME no Prêmio Destaques do Ano 2019


Na noite de sexta-feira (20), a AR Assessoria e Eventos realizou  em Piranhas /AL o Destaques do Ano “Caminho do São Francisco” 2019

Filarmônica Mestre Elísio foi um dos homenageados entre artistas, autoridades, dirigentes lojistas e personalidades que se destacaram neste ano.


A FME agradece.


 Fotos: Mel Nunes


















segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Centenário de Luiz Gonzaga da Silva (1919-2006)


Comemoramos nesta semana o centenário de Luiz Gonzaga da Silva, notável violonista alagoano nascido na cidade de Piranhas em 9 de agosto de 1919. Egresso da cultura de bandas de música — foi bombardinista na banda do maestro João Ribeiro da Companhia Agro Fabril Mercantil na cidade de Delmiro Gouveia —, mais tarde, ao trocar o sertão de Alagoas pelo ambiente profissionalmente próspero da metrópole, elevou sua arte para outro patamar, tornando-se destacado violonista, radicado no Rio de Janeiro a partir de 1945.


Postamos há dois anos matéria sobre nosso ilustre conterrâneo e complementamos agora com textos de autoria do pesquisador, mestre em práticas interpretativas, bacharel em violão com licenciatura plena em música, professor e camerista Wagner Meirelles Silveira (1973), que extraímos de publicação original no blog O Violão do Gonzaga.
Wagner tem se dedicado há mais de 20 anos em manter viva a memória de Gonzaga da Silva na história do violão nacional, editando, gravando e difundindo sua obra. Em 2016, publicou o livro Gonzaga e o violão - Do cangaço à universidade. Antes, em 1998, gravou pelo selo Niterói Discos o CD Wagner Meirelles - O Violão Brasileiro com 5 faixas dedicadas às composições de L. Gonzaga da Silva: Aprazível, Choromingo III, Orangotango, Samba Sincopado Nº 1 e Samba Sincopado Nº 2. Em 2000, integrou o disco Fazendo Música - 8 violonistas interpretam Luiz Gonzaga da Silva com as 2 primeiras faixas Sonata Brasil-Espanha e Aprazível.




No ano de 2008, a EdUFF publicou o álbum Luiz Gonzaga da Silva - 20 peças para violão solodo qual extraímos a seguinte avaliação assinada pelo Prof. Francisco Frias (Coordenador do Laboratório de Produção e Investigação Cultural ProMusic UFF):

“A diversidade cultural de nosso país construiu um universo de significados e expressões particulares de grande força, que se traduzem na essência de nossa própria brasilidade. A riqueza das migrações internas no Brasil, no momento histórico da cidade do Rio de Janeiro como capital federal, proporcionou o desenvolvimento de diversas manifestações estéticas e culturais singulares, num cenário intercultural. Nesse contexto surge a figura do músico alagoano Luiz Gonzaga da Silva, que escolhe o Grande Rio como foco do desenvolvimento de uma trajetória iniciada na infância e adolescência no coração do interior do Nordeste, que exerceu fortes influências sociológicas e antropológicas que enriqueceram seu trabalho como compositor, professor e artesão. Luiz Gonzaga se estabelece no Rio de Janeiro, onde expande o seu fazer musical através de estudos de harmonia e contraponto, de performances em diferentes formações e do ensino do violão em diversas instâncias acadêmicas. Nesse caldeirão de forças, influências e miscigenações, desenvolve uma linguagem particular na composição para o instrumento, que se soma a todo um movimento de enriquecimento da tradição brasileira, que tem o violão como símbolo primeiro de sua expressão musical. A Universidade Federal Fluminense faz no alvorecer do terceiro milênio o resgate histórico da constituição dessa expressão de nossa nacionalidade. A presente edição oferece vinte peças selecionadas de um acervo de mais de quinhentas obras, na certeza de estar contribuindo para a difusão de um dos criadores e instrumentistas mais representativos da história musical brasileira contemporânea".

(...)


— A Fábrica de "Pedra"

Por Wagner Meirelles

Aos 9 anos [Luiz Gonzaga da Silva] teve as primeiras noções de música, com o maestro João Ribeiro, que era freguês de sua mãe, uma das lavadeiras do local. No ano seguinte ganhou um violão e começou a tocá-lo sozinho. Seu pai, que era marceneiro, ensinou-lhe o trabalho com madeira. Assim, aos 12, além de ajudar a construir móveis, já tocava violão popular, tuba e bombardino na banda da cidade, banda esta patrocinada pela fábrica de linhas Agro Fabril Mercantil que usava a marca Padre Cícero.
Participou como violonista-mirim nas apresentações do grupo teatral Marquise Branca, que passou pela cidade; convidado a seguir com o grupo, não pode fazê-lo, devido a sua pouca idade.
Em uma das festas da companhia, estando o menino Luiz perto da banca da roleta, um homem de roupa cinza e chapéu azul pediu-lhe para comprar cigarros e, pra isto, lhe deu gorjeta. Quando chegou à casa, ouviu de seu pai que aquele homem era o cangaceiro Lampião, que por ali passava, acompanhado dos comparsas Corisco e Gato.
Em toda a sua adolescência observava os músicos locais tocando frevos, baiões, maracatus etc. e tentava imitá-los. Aos 15 anos iniciou-se na arte da luthieria com o construtor José Peba, que fazia violinos, violas e rabecas.
Gonzaga contava que, quando descobriu o artesão, começou a rodear-lhe a oficina; ao luthier não agradava a presença daquele garoto curioso que gostava tanto de madeiras e de instrumentos de cordas; mas, com o tempo o menino adquiriu-lhe a confiança e foi convidado a entrar para aprender o ofício. Depois de dominar os rudimentos do que viria a ser uma de suas paixões na vida, fez o primeiro violão, que não deu muito certo; mas em uma segunda tentativa o resultado foi razoável.
Fez também um cavaquinho para o cavaquinista Índio, seu futuro companheiro de trabalho no conjunto de música popular Seis Diabos, grupo formado por Gonzaga ao violão, Índio ao cavaquinho, um trombonista, um percussionista e o cantor/comediante Gordurinha. O grupo se apresentou em muitas cidades, como Mata Grande, Sobralzinho, Água Branca, Floriano Peixoto (antiga Piranhas), Jatobá (atualmente Petrolândia).
No fim de 1944, estando em Pedra, Gonzaga adoeceu: suas pernas começaram estranhamente a ganhar volume e a doer. Procurou tratamento no Hospital de Aracaju. Mas os médicos trataram a doença como se fosse sífilis, e, não se obteve resultado no tratamento. Gonzaga pensou até que iria morrer por causa da enfermidade, depois identificada como uma infecção causada por um micróbio da carne de porco. 
Este fato provocou uma guinada em sua vida: vendeu o pouco que tinha, dividiu o dinheiro com a família, e viajou para o Rio de Janeiro, hospedando-se inicialmente na Gávea, na casa de parentes de um amigo com quem viajou de Alagoas para o Rio de Janeiro. Durante três meses tratou-se no Hospital Miguel Couto. Curado, resolveu ficar no Rio, e foi morar em Inhaúma.
A partir de então, começa a história de Luiz Gonzaga da Silva e sua música, no Rio de Janeiro.


Fábrica da Pedra, Delmiro Gouveia (AL).














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