#EgildoVieirahttps://t.co/laorHeND2J
— F. Ventura 🎼🎶 (@F7Ventura) April 2, 2025
"Preservar o legado dos nossos mestres é honrar suas lições, perpetuar sua sabedoria e garantir que suas contribuições continuem a inspirar gerações futuras."
#EgildoVieirahttps://t.co/laorHeND2J
— F. Ventura 🎼🎶 (@F7Ventura) April 2, 2025
"Preservar o legado dos nossos mestres é honrar suas lições, perpetuar sua sabedoria e garantir que suas contribuições continuem a inspirar gerações futuras."
(...)
A Banda de Pífano da Casa representa a mais recente geração desse gênero instrumental no centro histórico de Piranhas. Composto por Mestre Giso (pífano), Belo (caixa) e Sandoval (zabumba), o grupo, com cinco anos de trajetória, tem animado diversos eventos socioculturais, abrangendo desde celebrações religiosas e manifestações folclóricas a eventos turísticos.
A tradição dos ternos de pífano, também conhecidos como “esquenta mulher” ou “cabaçal” em outras regiões do Nordeste, é preservada pela banda. Historicamente, esses grupos desempenham um papel crucial em eventos religiosos, animando os novenários dos padroeiros e acompanhando as procissões de encerramento das festas.
Em Piranhas, tem no octogenário Damião Silveira Vieira (o Damião do Pife), pifeiro e ex-sineiro da igreja, sua principal referência. O legado musical se estende também a Egildo Vieira (1947-2015), renomado flautista piranhense e grande entusiasta do pífano e das formações musicais que o têm como protagonista.
Confira a íntegra da matéria no Portal Adalberto Gomes Notícias: http://www.adalbertogomesnoticias.com.br/2025/01/banda-de-pifano-na-festa-da-padroeira.html
Dissertação de Leonardo Araújo sobre Egildo Vieira (1947-2015) apresentada em 2021 ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN): Composições Forró de Salu e Lamento do São Francisco para Flauta e Pífano de Egildo Vieira (1947-2015): Análise Musical e Proposta à Luz da Estética do Movimento Armorial.
![]() |
Mestre Egildo Vieira (1947-2015) |
Pouca diferença separa o menino de cinco anos que, contente por chover no sertão de Piranhas, Alagoas,comemorava cantando os solfejos de Alex Garaudé e o menino de 59 que hoje inventa, com materiais como cabaça, bambu e taquara, instrumentos que atendam ás necessidades da música que de si deságua.
O menino Egildo começou a tocar seu primeiro instrumento, a flauta de canudo de mamoeiro, criado por seu pai Demésio [sic] Teixeira, clarinetista com quem iniciou os primeiros estudos de teoria e solfejo; aos sete anos ingressou na banda de música do município tocando clarinete e mais tarde participou de folguedos como o Reisado e Marujada, seguindo sua verve criadora fundando bandas de pífanos nos Colégios Diocesano de Penedo e o Estadual Liceu Alagoano de Maceió.
O homem Egildo foi aprofundando e reinventando o traço musical de quando foi convidado por Ariano Suassuna em 1972 a participar do Movimento Armorial em Recife — Pernambuco, onde constam vários registros de sua autoria. Não foi difícil para Egildo Vieira, perceber a ideia de Música Armorial, pois ela já era parte integrante de sua criação, através de suas experiencias com a música escrita e a música produzida pelos cantadores, emboladores, cantadores de coco e rezadeiras. Amante da musica brasileira chegou a criar vários conjuntos de choro juntamente com Canhoto da Paraíba entre outros. No recife, cursou a Escola de Belas Artes da UFPE e continuou a sua pesquisa sobre instrumentos musicais.
Um dos fatos que apontam para a contemporaneidade da produção musical de Egildo Vieira é a pesquisa e produção de instrumentos para a sua execução. Nesta produção transparece, embalada no modalismo peculiar tanto da tradição quanto da música contemporânea, manifestações já diluídas na prática do fazer musical da região nordeste do Brasil. Como tais, suas formas variam de duas e trés partes, com mudança de andamentos e modulações que por serem instrumentais, abrigam um espaço sutil para tratamentos musicais de origem acadêmica, fundamentando a busca original de sonoridades advindas dos materiais que utiliza em sua pesquisa como Luthier.
Assim é que a produção musical de Egildo Vieira se destaca pela utilização de recursos idiomáticos novos, viabilizados através de instrumentos musicais inventados por ele mesmo, resultando aspecto de inusitada criatividade. Numa perspectiva de tradição contemporânea, nos mesmos moldes empreendida por músicos da tradição moderna, Egildo Vieira parte de elementos estabelecidos para criar, de forma inovadora, um conjunto de recursos novos voltados para a interpretação de materiais musicais, especialmente rítmico-melódicos, que reportam ao nordeste do Brasil, produzindo resultado de grande originalidade. (In: Nova Organologia Egildo Vieira e Conjunto. Sonora Brasil. SESC, 2007)
![]() |
Maceió (2013) |
"Quantas vezes, na história de qualquer país do mundo, se conseguiu fundir em uma dúzia de peças musicais o regional no universal e o popular no erudito? A julgar pela trajetória da cultura ocidental (...) esses momentos (...) não foram muitos. Por isso mesmo, o aparecimento de um desses raros exemplos no Brasil (...) só pode ser saudado como milagre. O milagre, no caso, é representado pelas músicas do LP Quinteto Armorial -Do Romance ao Galope Nordestino (...). Ao som da viola sertaneja do compositor Antônio Madureira, da rabeca de Antônio Nóbrega, do violão de Edilson Eulálio, do pífano e flauta de Egildo Vieira e do marimbau de Fernando Torres, composições como "Revoada" e "Ponteio Acutilado" transportam numa ponte de quatro séculos a Renascença para o Nordeste, para repetir a experiência fantástica da fusão da plangente monodia do marimbau dos cegos com a polifonia do violão, esse descendente do alaúde, enquanto a viola soa cortante e metálica como um clavicórdio". (...) "A revelação musical do Quinteto Armorial vem mostrar que, das profundezas da criação popular, também se pode tirar uma cultura autenticamente nacional. Quem ouvir dirá se não estamos com a razão. Mas, pelo amor de Deus, não deixem de ouvir". [Jornal do Brasil, 10 de dezembro de 1974]
![]() |
Clique na foto para download da Revista |