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terça-feira, 30 de julho de 2024
domingo, 25 de fevereiro de 2024
BENDITO — EGILDO VIEIRA
Esta composição do alagoano Egildo Vieira (1947-2015) integra o primeiro LP do Quinteto Armorial, Do Romance ao Galope Nordestino (1974). Evoca as novenas nas noites de uma cidadezinha do interior e comenta musicalmente o fluxo de fiéis que, ao chamado dos sinos, movimentam-se ao som de benditos e ladainhas no interior da igreja e de grupos de pífano no pátio externo, assim como o autor percebia em sua infância.
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024
sábado, 3 de fevereiro de 2024
domingo, 28 de janeiro de 2024
GAPEMA (GRUPO ARTÍSTICO DE PESQUISAS MUSICAIS DE ALAGOAS)
Criado em Maceió no ano de 1968, o Grupo Artístico de Pesquisas Musicais de Alagoas (Gapema) participou de grandes eventos, como: 1.º Festival Universitário de Música Popular Brasileira (1968), realizado no Ginásio do SESC, com a canção vencedora, Canta, do cantor compositor Josimar; Festival de Música Popular Universitária de Goiânia (1972), onde obteve menção honrosa, sendo patrocinado pela Empresa Alagoana de Turismo (Ematur)¹; III Festival de Verão de Marechal Deodoro (1973)².
Integrantes: Josimar França (1950-2013), voz; Egildo Vieira (1947-2015), flauta; João Lyra (1949), Hilário Nogueira de Araújo e José Ivo Queiroz de Bulhões, violões; Valdemi Gomes da Silva (Ling), contrabaixo; e Zenildo da Silva Sarmento, percussão.
Na gravação desse programa de 2010, apresentado por Paulo Poeta na TV Assembleia, Zailton Sarmento (1958-2020) substitui João Lyra.
________________________
¹ ESTÍMULO ao Turismo. Diário de Pernambuco. Recife, ano 148, n. 72, Primeiro Caderno, p. 6, 18 mar. 1973.
² FESTIVAL empolgou Marechal Deodoro. Correio Braziliense. Brasília, ed. 4083a, 18 fev. 1973.
Cf.:
*Entrevista: João Lyra - Som da Terra (Blog do Clube do Vinil de Alagoas) https://youtu.be/aJNCeuviu9w
*Palestra: Os Festivais Estudantis de Música em Maceió - Leonardo Arecippo https://youtu.be/xsSevHeejWQ
*III Festival Universitário de Música em 1981 https://www.historiadealagoas.com.br/iii-iv-festival-universitario-de-musica-em-1981.html
*Projeto Divulgando Compositores Alagoanos Banco de Partituras: https://www.composal.zebrandao.com/uploads/sheet_music/attachment/6740/Chuva_Pedida_-_MH_L.pdf
quinta-feira, 25 de janeiro de 2024
domingo, 10 de dezembro de 2023
Guido Uchoa apresenta: Som da Terra - Ao Vivo no Teatro Deodoro (Arte Nossa 02/09/1979)
Show do grupo pernambucano/alagoano Som da Terra, apresentado pelo compositor Guido Uchoa, com participação especial do cantor Dhyda Lyra.
01 Bendito (Egildo Vieira) 00:00
02 Queimada (Guido Uchoa) 02:03
03 Abertura (Guido Uchoa e Dhyda Lyra) 04:29
04 Na Sombra da Igreja (Guido Uchoa) 08:56
05 Lugar Azul (Guido Uchoa) 12:43
06 Chuva Pedida (Juvenal Lopes) 16:30
07 Gibão de Couro (Paulo Ferreira) 20:11
08 Caravana (Josimar França) 21:38
09 Cego Aderaldo (?) 24:24
10 Fogo na Lage (João Lyra) 27:22
João Lyra: Voz e violão
Egildo Vieira: Flauta
Carlos Marcos: Viola
José Carlos: Baixo
Nenem: Bateria.
terça-feira, 21 de novembro de 2023
segunda-feira, 23 de outubro de 2023
terça-feira, 10 de janeiro de 2023
sábado, 30 de julho de 2022
Egildo Vieira - por Leonardo Araújo
Dissertação de Leonardo Araújo sobre Egildo Vieira (1947-2015) apresentada em 2021 ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN): Composições Forró de Salu e Lamento do São Francisco para Flauta e Pífano de Egildo Vieira (1947-2015): Análise Musical e Proposta à Luz da Estética do Movimento Armorial.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
Do Galo ao Bacalhau (Egildo Vieira/Cláudio Almeida/Arr.: Duda)
Finalista da 8ª edição do Frevança (1987) — concurso carnavalesco idealizado em 1980 pelo jornalista Leonardo Dantas e realizado pela Prefeitura de Recife, através de sua Fundação de Cultura, e Rede Globo Nordeste com o nome Encontro Nacional do Frevo e do Maracatu —, o frevo-canção Do Galo ao Bacalhau é uma das produções do pernambucano Cláudio Almeida (Pesqueira, 1950) com o alagoano Egildo Vieira (Piranhas, 1947 - Maceió, 2015).
Integra o álbum do grupo Ororubá (1987).
No LP Galo da Madrugada, de 1991, é interpretado por Geraldo Azevedo.
Arranjo original é do Maestro Duda (Goiana-PE, 1935).
terça-feira, 30 de julho de 2019
GMAP e o legado de Egildo Vieira
Atualizado em 15 de janeiro de 2020 às 00h40min.
Mestre Egildo Vieira (1947-2015) |
Há exatamente 4 anos falecia nosso mestre maior Egildo Vieira do Nascimento — flautista, compositor, pesquisador, luthier nascido na cidade de Piranhas a 20 de julho de 1947, filho de dona Alaíde Vieira com o sr. Antônio Balbino do Nascimento.
Artista multifacetado retornou à cidade natal há 10 anos com o objetivo de reformar a educação musical dos conterrâneos e mais: fazer desta parte do sertão — através da pesquisa que desenvolvera com materiais como taquaras e cabaças, etc. — referência em confecção artesanal e prática de instrumentos de cordas, sopro e percussão (rústicos) para os quais havia composto um repertório exclusivo de temática armorial, inédita na região. Ilustra muito bem esse projeto o trio que desenvolveu para o SESC - Sonora Brasil de 2007, onde junto com os músicos Jean Elton (contrabaixo) e Aglaia C. Ferreira (violino e rabeca) excursionou pelo Brasil apresentando repertório original para vários instrumentos de sua própria confecção, como o ariano, o pirrabecaço, o marimpífano e o violão basso, além de pífanos variados com sua assinatura.
Assim, Sônia Guimarães, para o catálogo do Sonora Brasil 2007, testifica sobre Egildo Vieira e sua arte:
Pouca diferença separa o menino de cinco anos que, contente por chover no sertão de Piranhas, Alagoas,comemorava cantando os solfejos de Alex Garaudé e o menino de 59 que hoje inventa, com materiais como cabaça, bambu e taquara, instrumentos que atendam ás necessidades da música que de si deságua.
O menino Egildo começou a tocar seu primeiro instrumento, a flauta de canudo de mamoeiro, criado por seu pai Demésio [sic] Teixeira, clarinetista com quem iniciou os primeiros estudos de teoria e solfejo; aos sete anos ingressou na banda de música do município tocando clarinete e mais tarde participou de folguedos como o Reisado e Marujada, seguindo sua verve criadora fundando bandas de pífanos nos Colégios Diocesano de Penedo e o Estadual Liceu Alagoano de Maceió.
O homem Egildo foi aprofundando e reinventando o traço musical de quando foi convidado por Ariano Suassuna em 1972 a participar do Movimento Armorial em Recife — Pernambuco, onde constam vários registros de sua autoria. Não foi difícil para Egildo Vieira, perceber a ideia de Música Armorial, pois ela já era parte integrante de sua criação, através de suas experiencias com a música escrita e a música produzida pelos cantadores, emboladores, cantadores de coco e rezadeiras. Amante da musica brasileira chegou a criar vários conjuntos de choro juntamente com Canhoto da Paraíba entre outros. No recife, cursou a Escola de Belas Artes da UFPE e continuou a sua pesquisa sobre instrumentos musicais.
Um dos fatos que apontam para a contemporaneidade da produção musical de Egildo Vieira é a pesquisa e produção de instrumentos para a sua execução. Nesta produção transparece, embalada no modalismo peculiar tanto da tradição quanto da música contemporânea, manifestações já diluídas na prática do fazer musical da região nordeste do Brasil. Como tais, suas formas variam de duas e trés partes, com mudança de andamentos e modulações que por serem instrumentais, abrigam um espaço sutil para tratamentos musicais de origem acadêmica, fundamentando a busca original de sonoridades advindas dos materiais que utiliza em sua pesquisa como Luthier.
Assim é que a produção musical de Egildo Vieira se destaca pela utilização de recursos idiomáticos novos, viabilizados através de instrumentos musicais inventados por ele mesmo, resultando aspecto de inusitada criatividade. Numa perspectiva de tradição contemporânea, nos mesmos moldes empreendida por músicos da tradição moderna, Egildo Vieira parte de elementos estabelecidos para criar, de forma inovadora, um conjunto de recursos novos voltados para a interpretação de materiais musicais, especialmente rítmico-melódicos, que reportam ao nordeste do Brasil, produzindo resultado de grande originalidade. (In: Nova Organologia Egildo Vieira e Conjunto. Sonora Brasil. SESC, 2007)
(...)
Em Piranhas, sob a tutela do mestre Nemésio Teixeira (1904-1978), Egildo Vieira deu os primeiros passos na arte musical em meados da década de 1950; em seguida integrou, tocando clarinete, a banda do Mestre Elísio José de Souza (1911-1978) e, mais tarde, em Maceió, com o saxofone, orquestras de baile até a um ponto da carreira (no início da década de 1970) em que optou pelo trabalho exclusivo com a flauta e migrou para o Recife onde integrou vários grupos musicais. Graduou-se em Música pela UFPE, passando a lecionar em cursos de extensão até aposentar-se, retornando mais tarde, em 2009, para a cidade do interior das Alagoas que lhe dera "régua e compasso", como diria certo poeta.
Sua morte, 6 anos depois, abalou o projeto de maneira profunda, porém ainda se pode ouvir os acordes do último grupo que ele criou naquela primeira semana de agosto de 2010 e liderou até pouco tempo antes de ser vencido pela doença fatal no dia 30 de julho de 2015.
Desde então, o GMAP resiste com Farney (flauta, pífano e ariano), Jadeilton (flauta e pífano), Cícero (violão), Maciel (trompete) e os percussionistas Dalvo Lima, Marcelo e Ronildo Lobo, todos sob a liderança do último secretário do maestro Egildo Vieira, Gisfle Fernando (o Giso do Trombone), com apresentações como estas recentes que ilustram a postagem.
Ao final, conferimos o making of de momento único registrado em dezembro de 2013 quando para propaganda oficial do governo de Alagoas foram reunidos esses dois expoentes da música alagoana, Eliezer Setton (Maceió, 1957) e Egildo Vieira (Piranhas, 1947-2015) com o GMAP — dois extremos geográficos do Estado unindo arte regional do litoral ao sertão.
Ao final, conferimos o making of de momento único registrado em dezembro de 2013 quando para propaganda oficial do governo de Alagoas foram reunidos esses dois expoentes da música alagoana, Eliezer Setton (Maceió, 1957) e Egildo Vieira (Piranhas, 1947-2015) com o GMAP — dois extremos geográficos do Estado unindo arte regional do litoral ao sertão.
sábado, 16 de setembro de 2017
Alagoas +200 Anos
Comemorando 200 anos de emancipação política, trazemos à memória alguns dos mais representativos músicos já nascidos nestas terras.
Após o hino estadual, composto em 1894 por Benedito Raimundo da Silva (Maceió, 1859-1921) com letra do poeta jornalista Luiz Mesquita (1861-1918), na bela interpretação de Eliezer Setton, veremos a seguir: Heckel Tavares (Satuba/AL, 1896 - Rio de Janeiro, 1969), Misael Domingues da Silva (Marechal Deodoro, 1857 - Recife/PE, 1932) e, republicando aqui vídeo do mês passado, Luiz Gonzaga da Silva (Piranhas/AL, 1919 - Niterói/RJ, 2006), natural da cidade de Piranhas, redescoberto por seus conterrâneos através da pesquisa do músico niteroiense Wagner Meirelles.
Além deles, Otaviano Romero Monteiro, o Maestro Fon-Fon (Santa Luzia do Norte/AL, 1908 - Atenas, Grécia, 1951), compositor, maestro e instrumentista, e ainda Manoel Passinha (Pão de Açúcar, 1908 - Maceió, 1993), maestro, destacado compositor de dobrados, entre outros gêneros.
Por fim, bônus para o documentário Narrativas em Movimento, produzido no ano passado pela Núcleo Zero que, ao final, faz homenagem ao flautista e compositor alagoano Egildo Vieira (Piranhas, 1947 - Maceió, 2015).
As circunstâncias da emancipação no dia 16 de setembro de 1817 podem ser verificadas em diversas fontes on-line, mas para um conhecimento mais autorizado que questiona a versão corrente de que o território de Alagoas foi desmembrado de Pernambuco como punição pela revolução de 1817, sugiro o seguinte:
"Sussuarana" (1928), primeiro grande sucesso de Heckel Tavares em parceria com o poeta, teatrólogo,
letrista Luiz Peixoto, nas vozes de dois ícones da MPB: Maria Bethânia e Nana Caymmi.
Em 1978 (?) a pianista Sônia Maria Vieira gravou o LP "Sônia Maria Vieira Revela Misael Domingues"
{01 – Bésinha; 02 – Revelação (1:21); 03 – Gentil (07:09); 04 – Lágrimas de um anjo (9:43); 05 – Nilza (12:03);
06 – Brazileira (15:07); 07 – Yolita (16:26); 08 – Doux Souveniirs (19:22); 09 – Polka dos Calouros (21:54);
10 – Bellezas do Recife (24:06); 11 – Olha o urso (26:40); 12 – Saudade (28:30)}
Luiz Gonzaga da Silva interpretado por: Wagner Meirelles (Brasil-Espanha e Aprazível), Célio Silveira
(Choro “A” e Choro “B”), Marcos Llerena (Choramingo nº 14 e Um Falso Amor), Arthur Gouveia
(Capelinha e Gingando), Sérgio Knust (Candura e Lealdade), Francisco Frias (Choramingo nº 9 e Saudade),
Edgar de Oliveira (Ilda Cristina e Capricho n° 1) e Graça Alan (Colibri e Samba Sincopado).
Choro "Murmurando", de Maestro Fon-Fon, em interpretação do Choro da Manguaba
De Manoel Passinha: o dobrado "Melópeo", Lira Carlos Gomes (Estância/SE).
F. Ventura, 16/09/2017
segunda-feira, 25 de julho de 2016
GMAP (Grupo Musical Armorial de Piranhas) – Origens
Revisto e atualizado em 23/Jul/2019
Egildo Vieira e o GMAP
Maceió (2013) |
Convidado para atuar como “coordenador de cultura”
da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Cidade de Piranhas/AL no ano
de 2009, Egildo Vieira, renomado músico piranhense, observou durante meses os integrantes
da Filarmônica Mestre Elísio na intenção de encontrar entre eles potenciais
talentos para a implantação de projetos musicais como, por exemplo, uma
orquestra armorial.
Constituída essencialmente por instrumentos de corda,
percussão e pífanos, essa orquestra armorial na cidade de Piranhas com músicos
piranhenses seria para ele a realização de um sonho. Aliás, define sua música
armorial como música nordestina com um tratamento erudito. Exemplos bem
significativos deste conceito são as peças Dança da Noite,
Romance e Galope e Lamento do São Francisco.
Como luthier, realizou oficinas de confecção
artesanal (e iniciação musical à técnica) de pífanos em junho desse ano. Antes,
como “agitador cultural”, viabilizou (com repertório próprio e os saxofones,
trompetes, trombones e percussão da Filarmônica) a criação do bloco
carnavalesco Cheiro de Saudade. Promovido pela Prefeitura Municipal, o Bloco
Cheiro de Saudade fez vários ensaios públicos, tanto no bar A Fornalha quanto no
CSEP (Clube Social e Esportivo Piranhense). A saída do Cheiro de Saudade foi no sábado
de zé-pereira em 2009 e bisadas até
2012.
As oficinas de pífano, cavaquinho e pandeiro foram um
sucesso. Revelaram talentos que precipitariam a criação do grupo armorial um
ano e meio depois.
Trazidos para o Conservatório Municipal – inaugurado em 18 de outubro no antigo prédio da Cadeia Pública,
recentemente reconstruído –, seus instrumentos exóticos logo chamaram a atenção. Ariano, Cabaixo, Violão Basso, Pirrabecaço,
Marimpífano, Cano-cegonha, além de uma infinidade de pífanos de vários tamanhos
e afinação despertaram a curiosidade de muitos. Todos eles da lavra de Egildo
Vieira que lhes conferia versatilidade musical e valor artístico.
(...)
Na primeira semana de agosto de 2010 Egildo nos
disse que a reitoria da UFAL tinha lhe convidado para se apresentar na aula
inaugural do Campus Delmiro
Gouveia. Sem ainda estar certo de reunir um Regional para acompanhá-lo na
apresentação, pensou então mobilizar aqueles músicos iniciados nos seus
instrumentos e repertório – a saber: Romário (cabaixo) e Roniel (flauta e
pífano), Giso (trombone) e Flávio (trompete), a estes se uniriam dois ou três
percussionistas da Filarmônica Mestre Elísio – e projetar algo, para aquele
evento específico, que fosse musicalmente original, por oposição à “manjada” formação
do regional popular.
Definidos os músicos, esboçou rapidamente o arranjo
para a sua música Cavalo de Flecha –
essencialmente percussiva – tendo o ariano, sob sua condução, como solista. A
segunda música (No Balanço da Cana)
logo se realizou com o duo de metais introduzindo e Egildo no violão e
cantando. Na terceira (o xote Escovando
Caranguejo) o duo de flautas seguia acompanhado pelo duo de metais que ora
trabalhava na base harmônica, ora sucedia como solista. Para encerrar, Egildo
apresentaria o marimpífano com toda a sua versatilidade percussiva e melódica;
o trompete introduzia a Coco na Bahia seguido pelos pífanos em uníssono e os
metais em resposta.
Compúnhamos o Grupo naquele momento: Laércio Ferreira e Ronildo Silveira (percussão), Romário Monteiro (cabaixo), Gisfle Fernando (trombone), Flávio Ventura (copista/trompete) e Paulo Roniel (flauta e pífano).
Compúnhamos o Grupo naquele momento: Laércio Ferreira e Ronildo Silveira (percussão), Romário Monteiro (cabaixo), Gisfle Fernando (trombone), Flávio Ventura (copista/trompete) e Paulo Roniel (flauta e pífano).
Chegado o dia do evento – segunda-feira, dia 9 de
agosto – nos dirigimos a Delmiro Gouveia, alguns um tanto ansiosos por não
imaginarmos como seria a recepção da plateia àquele conjunto musical sui generis. No entanto, quem nos
conduzia era Egildo Vieira. Sua autoconfiança inabalável de profissional
calejado contagiaria a todos nós no momento em que os acordes iniciais do
Armorial soassem.
Apesar de uma contrariação momentânea – um carro
bateu em nossa van numa avenida movimentada de Delmiro –, não nos atrasamos. No
momento oportuno a apresentação foi iniciada e ocorreu na mais completa
tranquilidade, e por ser tranquila não quer dizer que não tivesse vigor, muito
pelo contrário chegou a causar frisson naqueles não iniciados na estética
armorial. Ao final, a Coco na Bahia coroou o episódio; seu swing irresistível –
com Egildo no marimpífano – levantou, literalmente, a plateia.
Assim, nasceu o Grupo Musical Armorial de Piranhas (GMAP) que naquele momento foi apresentado com o nome provisório de “Tabocas e Cabaças”.
Assim, nasceu o Grupo Musical Armorial de Piranhas (GMAP) que naquele momento foi apresentado com o nome provisório de “Tabocas e Cabaças”.
Por causa dessa apresentação inaugural, o grupo foi
convidado para a solenidade na UFAL em Maceió que laureou o grande escritor Ariano Suassuna (idealizador do movimento armorial) com o título de doutor honoris causa, no dia 24 de agosto. Esse evento se deu no Museu
Théo Brandão e o Conjunto (ampliado com a participação de mais um
percussionista da Filarmônica, Dalvo Lima, e o violonista José Cícero da Silva)
se apresentou com seu nome definitivo: GMAP. Na entrada de Ariano Suassuna, tocamos
o Romance da Bela Infanta (obra de domínio público que Egildo disse lhe
fora transmitida pelo próprio Ariano); entre uma e outra fala, Romance e
Galope e, ao final, Coco na Bahia – obras de Egildo Vieira.
Ariano Suassuna se referiu favoravelmente a nossa
apresentação, inclusive por atestar a qualidade intrínseca e o valor permanente
da música que Egildo Vieira produzia, principalmente quando comparada ao
sucesso “artificial” e “descartável” de certa banda famosa naqueles dias que
fora objeto de estudo em artigo publicado na Folha de São Paulo. Ariano ficou perplexo ao ler o artigo. “Com
que adjetivo posso me referir a Beethoven agora depois que alguém ousou chamar
Chimbinha de gênio? ” – expressou-se, indignado.
Graças ao nome de
Egildo Vieira, o GMAP se tornou um patrimônio da cultura piranhense, tendo se apresentado nos principais centros culturais alagoanos: Maceió, Marechal Deodoro e Penedo. Em 2011,
apresentou-se na Fundação Joaquim Nabuco, em Recife. No ano seguinte, mais três
músicos da Filarmônica Mestre Elísio foram integrados. Daniel Santos (trompete)
e Farney Gomes (flauta e pífano) substituíram, respectivamente, a mim (Flávio)
e a Roniel; e Marcelo Caldeira, percussionista, foi também admitido ao elenco.
Mais recentemente Maciel (trompete), Rui (percussão), Jadeilton (flauta/pífano)
e Clerisvaldo (violão) integram o grupo – estes dois últimos faziam parte do
Gmapinho, extensão infanto-juvenil do Armorial.
Em dezembro de 2013, gravou com o renomado artista alagoano Eliezer Setton o clip Alagoas Minha Gente, Alagoas Meu Lugar para o Governo do Estado.
Comentar sobre o Grupo Armorial, sua criação e
desenvolvimento, no contexto das atividades da Filarmônica Mestre Elísio, desde
outubro de 2009, é relevante tendo em vista que no ano de sua criação (2010) todos os integrantes, com
exceção do violonista Cícero, eram da Filarmônica Mestre Elísio. Mesmo
Egildo, que não a integrou, fez parte de toda a história da Filarmônica porque
influenciou na criação da Escola de Música Mestre Elísio, em 1989; inclusive,
enviando material didático de apoio, quando ainda residia em Recife. Não só
isso, ao mesmo tempo em que é* (junto com Bujão/Augusto José Neto, João Gilberto
Cordeiro Folha, Joãozinho Batista, Divacy Pereira, Dorinho/Isidoro Cordeiro, Zé
Norberto “Boca Rica”, Norberto Barbosa, entre outros) a história viva da Banda
de Música do mestre Elísio, no período 1958/62, nele (Egildo Vieira) toda a
tradição converge.
GMAP em Penedo/AL (2011)
*Texto originalmente escrito em julho de 2013
quarta-feira, 8 de junho de 2016
Egildo Vieira – Mestre armorial no sertão de Alagoas
O músico multi-instrumentista e compositor Egildo Vieira do Nascimento nasceu na cidade de Piranhas/AL em 20 de julho de 1947. Sua iniciação musical se deu a partir dos cinco anos de idade com o mestre Nemézio Teixeira. Mais tarde passou a integrar a banda de música do mestre Elísio José de Souza. Paralelamente, junto com os amigos e colegas conterrâneos Rosiane Rodrigues (sanfona) e João Gilberto Cordeiro Folha (trombone), criou na década de 1960 um grupo de iê-iê-iê chamado The Boys Life. Tocava clarinete e saxofone.
Em
meados da década de 1960, vai concluir os estudos regulares no Colégio
Diocesano de Penedo/AL e, posteriormente, no Liceu Estadual, em Maceió.
No final da década, já
estabelecido em Maceió, integra o grupo LSD (Luz Som Dimensão)
em que também figuravam o cantor Djavan, em início
de carreira, e o baterista Beto Batera (falecido em 2010); este viria nas décadas de 1970 e 80 tocar com Roberto Carlos, Moacir Franco e Waldik Soriano, entre outros. Beto é irmão
mais velho do hoje renomado baterista alagoano Carlos Balla. O LSD tocava em
praças, clubes, praias, palanques, até igrejas, geralmente interpretando os Beatles.
Antes
de alcançar renome nacional, Egildo Vieira integrou orquestras de
baile, como a do Iate Clube Pajuçara, em Maceió.
No início da década de 1970, integrando o GAPEMA
(Grupo Artístico de Pesquisas Musicais de Alagoas), participa do
Festival de Música de Goiânia/GO.
Ariano Suassuna, que procurava um flautista para integrar seu grupo de música
armorial, ao ter conhecimento de sua bem sucedida atuação
através de jornal alagoano, convida-o para integrar o Quinteto Armorial.
Com
o Quinteto Armorial percorreu todo o Brasil. Na época de lançamento do primeiro disco (Do Romance ao Galope Nordestino, 1974) o grupo foi recebido com entusiasmo pelo crítico José Ramos Tinhorão em artigo do Jornal do Brasil de dezembro de 1974:
"Quantas vezes, na história de qualquer país do mundo, se conseguiu fundir em uma dúzia de peças musicais o regional no universal e o popular no erudito? A julgar pela trajetória da cultura ocidental (...) esses momentos (...) não foram muitos. Por isso mesmo, o aparecimento de um desses raros exemplos no Brasil (...) só pode ser saudado como milagre. O milagre, no caso, é representado pelas músicas do LP Quinteto Armorial -Do Romance ao Galope Nordestino (...). Ao som da viola sertaneja do compositor Antônio Madureira, da rabeca de Antônio Nóbrega, do violão de Edilson Eulálio, do pífano e flauta de Egildo Vieira e do marimbau de Fernando Torres, composições como "Revoada" e "Ponteio Acutilado" transportam numa ponte de quatro séculos a Renascença para o Nordeste, para repetir a experiência fantástica da fusão da plangente monodia do marimbau dos cegos com a polifonia do violão, esse descendente do alaúde, enquanto a viola soa cortante e metálica como um clavicórdio". (...) "A revelação musical do Quinteto Armorial vem mostrar que, das profundezas da criação popular, também se pode tirar uma cultura autenticamente nacional. Quem ouvir dirá se não estamos com a razão. Mas, pelo amor de Deus, não deixem de ouvir". [Jornal do Brasil, 10 de dezembro de 1974]
Participou
dos grupos LSD, Gapema (Grupo Artístico de Pesquisas Musicais de
Alagoas), Quinteto Armorial, Conjunto Pernambucano de Choro, Orquestra de Pau e
Corda, Som da Terra, Ororubá, entre outros.
Graduado
em música pela Universidade Federal de Pernambuco, lecionou em cursos de extensão.
Ministrou
palestras e oficinas de pífano por todo o Brasil e a partir de 2009, baseado em Piranhas, pretendeu tornar a cidade referência
nacional na confecção artesanal aliada à prática
musical desse instrumento, desejando com isso resgatar a cultura regional dos grupos de pífano e percussão, então menos preservados em
Alagoas do que já fora.
Quando integrou a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, idealizou o Conservatório Municipal Cacilda Damasceno Freitas (inaugurado em 18 de outubro de 2009) e criou o Bloco Cheiro de Saudade (2009-2012), o Grupo Musical Armorial de Piranhas (GMAP, 2010) e o Grupo
Chorões de Piranhas (2010), além de uma extensão
do grupo armorial para crianças chamado “Gmapinho” (2011).
Luthier
renomado confeccionava seus próprios instrumentos. Sua matéria
prima era composta por elementos retirados da natureza: taquaras,
cabaças, quenga de coco, entre outros. Seus pífanos,
frutos de anos de pesquisa, para os quais desenvolveu uma escala (tabela de
digitação básica) própria, eram vendidos em todo o território
nacional e também para o exterior –
Europa e Estados Unidos.
Em 17 de janeiro de 2014, foi homenageado pelo Governo do Estado de Alagoas que
lhe conferiu a comenda Cavaleiro da Ordem do Mérito dos Palmares.
Faleceu no dia 30 de julho de 2015 na cidade de Maceió. Velório e sepultamento ocorreram na tarde do dia 31 em sua cidade natal, no sertão de Alagoas.
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