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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Augusto José Neto Bujão (Piranhas, 2 jun. 1951 – Arapiraca, 4 jan. 2021)

Augusto José Neto "Bujão" no pátio da Igreja de Nossa Senhora da Saúde (anos 1990)
(Arquivo: Família Fernandes Fontes)


Lamentamos profundamente a morte, ocorrida na manhã de ontem, de Augusto José Neto, mais conhecido por todos como Bujão, nosso amigo e colega bombardinista nos primeiros 11 anos da Filarmônica Mestre Elísio.

Filho de Otávio e Raimunda; irmão de Generva e Ednólia (in memoriam), Rita e Ismael; tio de Raimundo, Charridy e Ary Cherlinson; esposo de Fátima Fernandes; pai de Ana Paula e Anne Karine; avô de Augusto, Sabrina, Letícia e Otávio; Bujão foi mecânico de profissão, mas na atuação musical pôde realizar-se plenamente. E mesmo há 20 anos fora da banda ainda nutria a esperança de voltar a tocar ainda que por único especial momento.

Família Fernandes Fontes com a farda da Banda de Música Mestre Elísio à época, final da década de 1990:
da esq. para dir. Karine, Bujão, Fátima, Ana e o pequeno Carlos Augusto, seu filho e o primeiro neto do casal Fá-Bujão.
(Arquivo Família Fernandes Fontes)

Pioneiro da FMEJS, foi aluno do mestre Elísio José de Souza (1911-1978) na década de 1960. Estudava saxhorn/trompa e tocava pratos na banda.

No final da década de 1980, ele (agora no bombardino) e o sr. Elias Balaio (no trombone), ex-integrantes da antiga banda do mestre Elísio, foram os primeiros a se disponibilizarem para a restauração da banda municipal. Desta vez, com a direção de Afrânio Menezes Silva, o mestre Bubu (1936-1991), a banda estreou em 7 de setembro de 1989 com a participação deles mais os pão-de-açucarenses, radicados em Piranhas, Zé Broinha (trompete) e Damião (trombone), instrutor da banda marcial da Escola Cenecista Cel. José Rodrigues, e os alunos piranhenses do mestre Bubu: Zilvan e Jaime, clarinetes; os irmãos Jorge e Zé Carlos, trompetes; e alguns percussionistas da banda marcial.

Banda de Música Mestre Elísio no ano de sua criação, em 1989.
Da esq. para dir.: Jorge (trompete), Bujão (bombardino), Zé Broinha (trompete), Tilo (trompete),
Damião (trombone), Zé Carlos (trompete); atrás: Zilvan (clarinete), sr. Elias Balaio (trombone) e Mestre Bubu.
(Arquivo: Família Fernandes Fontes)

Mais que um colega de atuação musical, Bujão foi como um pai para todos nós iniciantes da banda de Piranhas naqueles primeiros anos. Incentivava e protegia. Trouxe sua esposa e filhas para a banda: Fátima no surdo, Ana nos arquivos e Karine no trompete.

Seu ânimo foi tanto com a possibilidade de reativação da banda naquele ano (1989) que com pouco tempo de aula, no mesmo dia em que mestre Bubu lhe confiou o bombardino, parou terminantemente de fumar — confidenciou-nos mais tarde.

Em dado momento, antes de termos sede própria, cedeu o porão de sua casa para os ensaios do grupo recém-iniciado.

Personalidade forte e contestadora, comum aos Fontes, não raro apresentava uma atitude conflituosa, porém, era humilde o suficiente para superar as diferenças em favor de um bem maior: a relação fraterna necessária para a sobrevivência da banda.

No ano 2000, por motivo alheio à sua vontade, junto com esposa e filhas, deixou a Mestre Elísio. Desde então, e muito mais agora, reverenciamos sua história nas bandas de música desta cidade.

À família enlutada nos juntamos neste difícil e imperativo esforço de superar a dor da perda.

Descanse na Santa Paz do Senhor, Bujão...