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quarta-feira, 28 de maio de 2025

O DOBRADO ALAGOANO

No Brasil, a origem do dobrado remonta ao século XIX, influenciado pelas marchas militares europeias. Contudo, ao longo do tempo, o gênero adquiriu características próprias, sendo executado pelas bandas militares e civis. No contexto alagoano, compositores e maestros locais contribuíram para a formação de um repertório vibrante, que ressoaram nas praças e avenidas.

Essencialmente, o dobrado é uma marcha militar com uma estrutura formal que geralmente inclui introdução, partes melódicas contrastantes e um trio, que é uma seção mais lírica e expressiva. A instrumentação é tipicamente composta por metais (trompetes, saxhornes, trombones, tubas, bombardinos), madeiras (clarinetes, flautas, saxofones) e percussão (caixa, bumbo, pratos), conferindo-lhe a sonoridade imponente que o caracteriza.

Alagoas também contribuiu para a perpetuação e interpretação desse gênero. As bandas de música das instituições militares e civis alagoanas são guardiãs desse repertório, conservando tanto os dobrados clássicos brasileiros quanto aqueles que ganharam destaque nas tradições locais. A dedicação de maestros e músicos alagoanos garante que essa herança musical continue preservada.

O panorama dos compositores alagoanos conta com nomes de peso, como o maceioense Benedito Raimundo da Silva (1859-1921), popularmente conhecido em sua época como Benedito Piston. Ele foi um prolífico autor de cerca de 300 obras, das quais 25% são dobrados. Igualmente notáveis são os pão-de-açucarenses Manoel Passinha (1908-1993) e Antônio Francisco dos Santos (1892-197?), autores de "Brigada Passinha" e "Comandante Narciso", respectivamente.

O maestro Tenente Antônio Francisco dos Santos foi ensaiador geral de bandas militares no então Estado da Guanabara. Autor de mais de 40 dobrados e marchas militares, que fazem parte do repertório de diversas bandas no Brasil, incluindo o conhecido dobrado "Comandante Narciso", que teve sucesso até na Espanha, é considerado uma das figuras ilustres da historiografia musical nacional.


Identificar compositores de dobrados especificamente alagoanos, cujas obras sejam amplamente reconhecidas e atribuídas como "dobrados alagoanos" de destaque, pode ser um pouco desafiador, pois muitos dobrados circulam nacionalmente e a autoria nem sempre é restrita a um único estado. No entanto, é possível citar músicos e maestros alagoanos que tiveram uma forte ligação com as bandas militares e civis do estado e que compuseram ou arranjaram obras no gênero dobrado.

Uma obra de referência para nosso repertório alagoano é o pot-pourri marcial "Saudades de Maceió", de M. Passinha.

É importante notar que o repertório de dobrados nas bandas militares e civis em Alagoas frequentemente inclui obras de compositores nacionais renomados, como Pedro Salgado (1890-1973), Joaquim Naegele (1899-1995)Antônio Manoel do Espírito Santo (1884-1913), compositor baiano filho de uma alagoana de Palmeira dos Índios. No entanto, os músicos e maestros alagoanos citados acima são exemplos de como o estado tem seus próprios talentos que enriqueceram a tradição.