Mostrando postagens com marcador Mestre Bubu. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mestre Bubu. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

4/2/2024 ANIVERSÁRIO DA FMEJS


De fato, em 4 de fevereiro comemora-se o aniversário de inauguração da Escola de Música Mestre Elísio, ocorrida em 4/2/1990 na Praça Padre Cícero, comunidade do Cabrobó.

As atividades da escola começaram com mestre Bubu nove meses antes nos fundos do antigo Armazém de Sal, à época (1989) parte do Centro Social e Esportivo Piranhense (CSEP), hoje Centro Cultural Miguel Arcanjo de Medeiros.

Antes, o período de inscrições na Prefeitura teve a adesão de setenta e oito crianças, jovens e adultos. 

Então, o dia da primeira aula de mestre Bubu, segunda-feira, 8 de maio de 1989, deve ser a data correta de aniversário da Escola de Música Mestre Elísio. Sete de setembro, a data de estreia da Banda de Música Mestre Elísio (atual Filarmônica) sob o mestre Bubu com iniciados do mestre e principalmente veteranos de outras formações, e 4 de fevereiro de 1990 a data de inauguração da sede.

São exatamente 34 anos, 8 meses e 4 semanas: 12.691 dias.


sábado, 1 de junho de 2019

Wilson José Lisboa Lucena (Penedo - AL, 20/02/1956 - Maceió, 01/06/2019)



Wilson José Lisboa Lucena
Com profundo pesar recebemos a notícia do falecimento do jornalista, escritor e pesquisador, membro da Academia Penedense de Letras, Artes, Cultura e Ciências, Wilson José Lisboa Lucena, ocorrido na madrugada de hoje (1.º de junho).

Tivemos contato a primeira vez com esse senhor, funcionário aposentado do Banco do Brasil, apaixonado pela história e desenvolvimento das bandas de música e tudo o mais que a elas se refira, no ano de 2004, quando — acompanhado pelos irmãos Petrúcio (1946) e José Ramos de Souza (1934-2007), grandes músicos pão-de-açucarenses — nos visitou em nossa sede, àquela época localizada no piso superior da antiga estação ferroviária de Piranhas.

Após uma breve apreciação de nosso ensaio do dia, nossos visitantes seguiram, junto com o maestro Cafau (1938-2009) e o contramestre Flávio, para um momento de lazer às margens do Rio São Francisco, no sítio de Zé Broinha (trompetista pão-de-acucarense radicado há muito na cidade de Piranhas, onde exerceu a atividade de oficial de justiça).

Naquele dia memorável, o senhor Wilson Lucena registrou precioso encontro de quatro ex-alunos do Mestre Nozinho (1895-1960), naturais da cidade de Pão de Açúcar — Cafau, Brandão (José Brandão de Souza, o Zé Broinha), Petrúcio e José Ramos (o Zé Gordo) —, depois de ter avaliado o que resultou da atuação de um quinto colega e conterrâneo pão-de-açucarense, o mestre Bubu (1936-1991), no início da retomada da banda municipal da cidade de Piranhas (1989), hoje Filarmônica Mestre Elísio. 

Mais tarde, em 2015, o pesquisador Wilson Lucena retomou contato a fim de concluir sua pesquisa sobre bandas e maestros alagoanos com a descrição da modesta presença da Mestre Elísio nesse cenário. Colaboramos o quanto pudemos e, satisfeitos com sua publicação no ano de 2016, sentimo-nos honrados em ver nossa história presente numa obra de referência.

Três anos depois dessa publicação, falece hoje o distinto pesquisador.

À família enlutada, dirigimos a nossa solidariedade cristã.


Mais informações: 

Zé Broinha, Cafau, Wilson e Zé Gordo. 2004.
(Acervo Wilson Lucena)
Zé Broinha e Cafau. 2004.
(Acervo Wilson Lucena)
Wilson Lucena (ao centro) entre os integrantes da Mestre Elísio. 2004.
(Acervo Wilson Lucena)
Ensaio da Filarmônica Mestre Elísio na antiga estação ferroviária de Piranhas. 2004.
(Acervo Wilson Lucena)

Ensaio da Filarmônica Mestre Elísio na antiga estação ferroviária de Piranhas. 2004.
(Acervo Wilson Lucena)

Confraternização no sítio de Zé Broinha e Wanda Damasceno. 2004.
(Acervo Wilson Lucena)
Confraternização no sítio do casal Zé Broinha e Wanda Damasceno. 2004.
(Acervo Wilson Lucena)

Irmãos Zé Gordo (sax-tenor) e Petrúcio Ramos (ao violão). 2004.
(Acervo Wilson Lucena)

Petrúcio Ramos de Souza e Wilson Lucena. 2004.
(Acervo Wilson Lucena)




terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Temporada (Capim, 1920)

 
(Áudio ilustrativo produzido no programa Sibelius com o Noteperformer integrado)

TEMPORADA — Dobrado de autoria desconhecida
Por Billy Magno 
Restaurado a partir das antigas partes originais encontradas no arquivo da Sociedade Musical Guarany, da cidade de Pão de Açúcar/AL, o dobrado Temporada foi muito executado, sobretudo nos anos 70 e 80 do século passado, nas procissões que a banda acompanhava sob a regência do maestro Afrânio Menezes Silva (Pão de Açúcar, 03/01/1936 - 08/12/1991), o saudoso Bubu. Esse dobrado teria sido composto na cidade de Capim, atual Olivença, conforme dá a entender o que está grafado nas cópias originais, e teve três copistas: P. Abreu (que escreveu as partes de 1. clarinete, 2. clarinete, sax soprano, piston, barítono e bombardino) e Jovino Azevedo (requinta e flautim mi bemol, 1. trombone, 2. trombone, 1. trompa mi bemol, 2. trompa mi bemol e helicon – espécie de tuba em mi bemol muito usada na época) que copiaram as partes em 18 de junho de 1920, e ainda Américo Castro Barbosa, que copiou a parte de baixo (tuba) em si bemol já em 7 de agosto de 1920, provável data em que o dobrado chegou à cidade de Pão de Açúcar.
Segundo o músico pesquisador Flávio Ventura (1978), Jovino Azevedo teve posição de destaque nas bandas daquela região e foi maestro da Filarmônica Santanense, também chamada "Aratanha", criada em 1922 para os festejos do centenário da Independência. Na banda rival, chamada "Carapeba", atuava, nessa mesma época, Pedro de Abreu. É provável que seja o mesmo "P. Abreu" que também assina as cópias do dobrado Temporada.
Sobre o terceiro copista, Américo Castro Barbosa nasceu em Pão de Açúcar em 03 de dezembro de 1903. Era irmão caçula de Manoel Victorino Filho, o Mestre Nozinho (Neópolis/SE, 17/10/1895 – Maceió/AL, 18/04/1960), e tocava clarinete na banda União e Perseverança de Pão de Açúcar (atual Sociedade Musical Guarany), onde tinha o irmão como maestro. Ele começou a carreira ainda nos primeiros anos na década de 1910. Já estava na banda em 1917, conforme atesta uma fotografia do mesmo ano. Na década seguinte vai para Maceió e mantém sua própria orquestra, a Jazz Band A. Castro, que tem ao trombone o muito jovem e futuro maestro da banda do 20.º BC, Manoel Capitulino de Castro, que virá ser o famoso maestro Passinha (Pão de Açúcar/AL, 11/10/1908 ­ Maceió, 03/06/1993).
No final dos anos 1930, [Américo] ruma para o Rio de Janeiro, então capital da república, onde faz parte da orquestra do maestro Fon-Fon (Otaviano Assis Romeiro — n. Santa Luzia do Norte/AL, 31/01/1908 – Atenas/GR, 10/08/1951), como contrabaixista, tocava também violino, excursionando com ela pela Argentina em 1941 e Uruguai (Montevidéu), em 1953. Deixou registrado em disco o "Corridinho n. 100" e o choro "Aguenta a mão" em 1946. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1967.
Do dobrado Temporada, houve também revisões feitas pelo maestro Bubu (em 1972 e 1980, quando foi acrescentada a parte de sax alto) e por mim, em maio de 1997, quando foram acrescentadas as partes de 3. clarinete, 3. piston, 3. trombone, 3. trompa, sax tenor, sax barítono e percussão. Este dobrado também é muito popular na cidade de Piranhas, para onde foi levado pelo maestro Afrânio (Bubu) em 1989 quando este assumiu os trabalhos na Escola de Música Mestre Elísio José de Souza (atual Filarmônica Mestre Elísio), refundada em fevereiro daquele ano.
Nesta nova edição, feita por Flávio Ventura e supervisionada por mim, foram eliminados erros e incoerências harmônicas que perduravam há quase 100 anos e foram negligenciados nas revisões anteriores; foram revisadas as partes acrescentadas em 1997 que não faziam parte da orquestração original de 1920 e outras, como sax alto, que foi acrescentada em 1980, e 1. Piston, foram finalmente reescritas respeitando sempre a estrutura original da antiga orquestração.
Ainda não nos foi possível descobrir a autoria deste dobrado assim como de tantos outros da mesma época. Assim sendo, estamos abertos a qualquer informação e cooperação com outras bandas de música do estado e do Brasil sobre esta e outras obras que nos leve a saber a sua verdadeira autoria para que se lance luz para as novas gerações sobre o que foi a música na região do Baixo São Francisco e no Estado de Alagoas.

São Paulo, fevereiro de 2018


Da tradição santanense: Temporada

Flávio Ventura

Em 1918, Capim, atual município alagoano de Olivença — na época parte do território de Santana do Ipanema —, tem organizada uma pequena banda de música com 15 instrumentos pertencentes aos próprios integrantes músicos, entre os quais, Amabílio[1] e Miguel Bulhões[2], Jonas Aragão[3], Pedrinho Preto e Jovino Azevedo[4].
Desde 1914, existia em Santana uma banda denominada Carapeba.
Notório foi o sucesso da banda da povoação Capim quando convidada para se apresentar na sede do município, em 1920.
Em 1922, sob a regência de Jovino Azevedo, é criada (com músicos também selecionados entre os componentes da banda de Capim) a Filarmônica Santanense, popularmente conhecida por “Aratanha”. Ambas, Aratanha e Carapeba coexistem com algum ranço de rivalidade e cessam atividades, respectivamente, em 1924 e 1926.
Só 9 anos depois remanescentes das duas bandas são reunidos, sob regência do maestro Abílio Mendonça (Floresta do Navio/PE, 02/06/1879 - Pão de Açúcar, 30/12/1963)[5], para formarem a Santa Cecília, logo após dirigida por Miguel Bulhões e, nos anos 1940, pelo jovem maestro José Ricardo Sobrinho, morto em consequências trágicas no carnaval de 1947, aos 28 anos.
Dessa tradição musical santanense sobreviveu-nos um dobrado, preservado no acervo da cidade de Pão de Açúcar (núcleo catalisador da atividade musical nesta parte do Baixo São Francisco) e na Mestre Elísio pela consequente atividade de mestres dessa cidade em Piranhas.
De autoria desconhecida, o dobrado Temporada resiste em cópias de P. Abreu e Jovino Azevedo datadas de junho de 1920, produzidas na povoação de Capim. Entre elas há ainda, da mesma época, uma cópia de parte para baixo sib feita em Pão de Açúcar por Américo Castro (1903-1967)[6].
No início dos anos 1990 com cópias e adaptações de Mestre Bubu[7] e cerca de 10 anos depois, data da última cópia renovada, foi regularmente praticado pela banda de Piranhas.
Este ano, no que seria o centenário da banda de Capim, apresentamos a primeira edição do dobrado Temporada. Edição recentemente revisada por Billy Magno[8] que em maio de 1997 já o havia revisto e ampliado.



Fontes:




[1] Amabílio Bulhões seguirá carreira de militar músico no Rio de Janeiro.
[2] Miguel Bulhões será maestro da Banda Santa Cecília, criada na década de 1930.
[3] Jonas Aragão se destacará nacionalmente. Falece no Peru.
[4] Apelidado Jovino “Sebança”.
[5] Natural de Floresta do Navio, Pernambuco, maestro Abílio Mendonça dirige bandas nas cidades de Neópolis/SE, Santana do Ipanema e Pão de Açúcar.
[6] Um dos irmãos músicos de mestre Nozinho (Manoel Vitorino Filho, 1895-1960), Américo, clarinete e violino, viria a ser contrabaixista da orquestra de Fon-Fon, no Rio de Janeiro.
[7] Afrânio Menezes Silva (1936-1991), maestro da Filarmônica Mestre Elísio no período 1989-1991.
[8] BILLY MAGNO nome artístico de Williams Magno Barbosa Fialho (Pão de Açúcar-AL 05/07/1978). Músico multi-instrumentista e arranjador. Na adolescência, foi estudar orquestração e regência em Salvador (BA). Iniciou na profissão em 1984 e teve como professores Paulo Henrique Lima Brandão (teoria), Petrúcio Ramos de Souza (orquestração e regência), Maria Mercedes Ribeiro Gomes (piano) e Edvaldo Gomes (contraponto), tendo ainda participado de Master Class de arranjo com Cristóvão Bastos, harmonia com Nelson Faria e trilha sonora com David Tygel. Dedicou-se, ao longo do tempo, à causa da música instrumental na qual tem atuado com mais frequência, trabalhando no Brasil e na Europa. Em junho de 2004, passa a viver em São Paulo. (http://abcdasalagoas.com.br/verbetes.php)


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Mestre Bubu

1989 à 1991


Mestre Bubu - Fevereiro de 1991
Criada em 1989, a Escola de Música Mestre Elísio desempenhou um trabalho imprescindível no sentido de constituir músicos (inclusive mobilizando os veteranos de grupos anteriores e, futuramente, aqueles provenientes de outras cidades) para a banda de música que meses mais tarde desse mesmo ano viria a estrear.
Seu primeiro maestro foi Afrânio Menezes Silva[1] (ou mestre Bubu, como era comumente conhecido).
Natural de Pão de Açúcar, cidade pródiga na produção de músicos talentosos, Bubu iniciou as aulas em maio daquele ano. A Escola de Música era no Centro Social e Esportivo Piranhense (CSEP), precisamente onde hoje (2013) se instala o Auditório Miguel Arcanjo de Medeiros. As aulas de iniciação ocorriam a partir de 8 horas e se estendiam por toda a manhã. As primeiras inscrições eram feitas no prédio da prefeitura. Setenta e oito alunos se matricularam. Em sua maioria crianças, as quais se juntaram um número expressivo de jovens (homens e mulheres já “adiantados” em idade) também animados com a novidade que se lhes foi apresentada: a formação da Banda de Música.
No tempo oportuno, quando a Escola de Música começou a revelar seus primeiros talentos, os aprendizes músicos mais adiantados estudavam dobrados, que é o tipo de música mais comum nas bandas interioranas.
A primeira apresentação da Banda foi no dia 7 de setembro daquele ano. Apesar do pouco tempo empregado para viabilizar a formação de uma banda, o compromisso firmado pelo maestro de fazer a Banda atuar ainda naquele primeiro ano era imperativo: devia-se apresentar. Para esse primeiro evento compunham a Banda: Zilvan e Jaime (clarinetas); Jorge e Zé Carlos (trompetes); Bujão (bombardino) e “Seu” Elias Balaio (trombone); estes dois últimos, remanescentes da antiga banda do mestre Elísio no período 1958/62. Além deles, se juntavam ao grupo: Zé Broinha – trompetista renomado – e Damião, trombonista instrutor de fanfarras; e os percussionistas convocados (da Fanfarra da Escola Cenecista Coronel José Rodrigues): Negão, Iara e Evaldo (caixa); mais os veteranos Tonho de Inês (bombo) e Natalício (surdo).
Após essa primeira apresentação outros talentos iniciados ou convocados por Bubu se revelaram ao longo dos meses seguintes e foram devidamente integrados à Banda.
Belo (tuba) e Robinho Teixeira (clarinete/sax-alto); Flavinho (pistom) e Cristóvão (pistom); Mô/Ivanise (trombone) e Fia/Maria José Galdino (trompa); Tilo/Maria de Fátima Capela (pistom) e sua irmã Bel/Isabel Capela Bezerra (arquivista); Karine (pistom) e Ana (surdo), ambas as filhas de Fá e Bujão; Cri (aos seis anos de idade, prodígio na caixa-tarol) irmão dos trompetistas Jorge e Zé Carlos, filhos de Elias Balaio; Pepê/Jackson da Silva (tarol), Tiquinho/Francisco Fernandes Guerra (arquivista/pratos), entre outros, vieram a fazer parte da Banda de Música Mestre Elísio (BMME) dos primeiros anos.


Fevereiro de 1991

A Banda tocava principalmente dobrados. Quando as festividades eram religiosas, ao repertório eram acrescentados hinos. Depois passou a se apresentar nas datas cívicas – emancipação política do Município no dia 3 de junho, etc. – além de outras atividades da comunidade. A principal dessas festas era a da Padroeira que se dá em fins de janeiro ao dia 2 de fevereiro quando músicos de outras cidades eram convidados para “reforçar” a Banda. Como os de Petrolândia: Miguel, Jardiel e Seu Tico (trompetistas); Etinho (trombonista); e Divacy (saxofone tenor) – natural de Piranhas e “sobrevivente” da banda do mestre Elísio, mas radicado há muito em Petrolândia; mais os já citados Brandão e Damião, naturais de Pão de Açúcar e residentes em Piranhas. Possivelmente outros músicos de Pão de Açúcar, de onde viera o maestro, sem que se possa nominá-los com segurança.
É preciso registrar que Zé Broinha (José Brandão de Souza), grande trompetista, era figura quase onipresente nas principais festas religiosas da cidade. Tocando na Igreja de Nossa Senhora da Saúde regularmente, impressionava a todos os iniciados da Banda pela expressividade altamente pessoal de seus acompanhamentos. Foi grande inspirador daquela geração. Pelo menos para os trompetistas ele era referência e modelo.
A sede da Banda foi inaugurada no dia 4 de fevereiro de 1990 na Praça Padre Cícero, no Cabrobó – parte do Centro Histórico nas imediações da Prefeitura que abrange a Rua José Nunes Araújo em direção à subida da ladeira até a entrada do Sacão* e o Alto do Cemitério, em Piranhas de Cima.
Ao longo de sua história, a BMME[2] teve várias sedes, todas provisórias, segundo a disponibilidade dos imóveis da prefeitura na sucessão de seus diversos governos, tendo encontrado sua sede definitiva no dia 18 de outubro de 2009 nas dependências do Conservatório Municipal de Música Cacilda Damasceno Freitas, recém fundado.
Do Centro Social e Esportivo Piranhense (CSEP) à Praça Padre Cícero; depois a uma das salas da Escola Estadual Manoel Porfírio de Brito, na Praça Dr. Itabira de Brito; à antiga Estação Ferroviária, onde hoje se instala a Biblioteca Pública; à casa onde abrigou a Delegacia, na Rua Tiradentes (ou Rua do Cartório); ao CSEP outra vez; numa casa entre a Oficina (Centro de Artesanatos) e o prédio do IPHAN; no segundo pavimento da Estação Ferroviária, hoje Secretaria de Cultura e Turismo; ao casarão central da Rua do Comércio; e, finalmente, 20 anos depois, no prédio da antiga Cadeia Pública, reconstruído em 2009 para abrigar o Conservatório.
...Um momento histórico para a Banda de Música Mestre Elísio sob a batuta do mestre Bubu foi uma apresentação no dia 13 de junho de 1991, ocasião em que o Presidente da República Fernando Collor de Melo viera às obras da Usina Hidrelétrica de Xingó para a solenidade oficial em que o curso do Rio São Francisco seria mudado. Nesse dia, uma missa em ação de graças foi realizada no povoado Piau, distrito de Piranhas, que contou com a presença do Presidente e autoridades diversas (federais, estaduais e municipais) na modesta – porém, não desimportante – Igreja do Senhor do Bonfim.  A imprensa cobriu intensamente esse evento, o que fez com que naquele dia os olhos do Brasil se voltassem para a Lapinha do Sertão[3]; e a BMME no máximo se contentou em ser mais uma figurante como tantos outros que figuravam naquele dia caloroso (em todos os sentidos). Por falar nisso, Bujão (Augusto José Neto) relembra que a Banda ensaiou dias a fio o Hino Nacional Brasileiro para tocar naquela cerimônia, mas, no momento oportuno, foi impedida de tocá-lo, advertida pelo cerimonial de que somente as Bandas do Exército e da Marinha poderiam fazê-lo. Contentamo-nos, assim, em tocar nosso “humilde” repertório básico.
Nesse mesmo ano (1991), em dezembro, veio a falecer o mestre Bubu (Afrânio Menezes Silva). Antes, em maio, Seu Elias Balaio tinha sido vítima de um acidente fatal de automóvel.
Após três anos de trabalho à frente da Banda de Música Mestre Elísio, Bubu se despede da vida no dia 8 de dezembro. A BMME, no dia seguinte (segunda-feira), vai ao sepultamento do seu maestro. Todos os músicos em Pão de Açúcar se solidarizam e tocam no cortejo fúnebre até o Cemitério Municipal. No momento final é tocado o dobrado Saudades de Minha Terra. Apesar da comoção, havia um clima de confraternização musical jamais visto pelos músicos da jovem Banda de Música Mestre Elísio, então com dois anos de idade. Mestre Bubu plantara uma semente musical que germinando, cresceu e deu frutos para colhê-los aquele que veio consolidar a Banda: Cícero Francisco de Brito – o Maestro Cafau.




[1] Segundo Seu Aroldo, o irmão mais velho, Bubu começou a estudar música e tocar com dez ou doze anos – entre 1946 e 1948. No início, mestre Nozinho o levava junto com outros iniciados para tocar em Belém, Caiçara e Ilha de São Pedro. Bubu era um hábil contrabaixista. Naquele tempo, os músicos de Pão de Açúcar quando vinham para a festa da padroeira em Piranhas, começavam a tocar ainda na embarcação, quando avistavam de longe os monumentos característicos da cidade: “a Igrejinha, o Mirante, a Estação” – tal como descrito pela doutora Rosiane no Hino de Piranhas. Diz-se que era a melhor banda de música do Baixo São Francisco. Conforme o testemunho de Bujão, os músicos do mestre Nozinho eram práticos em outros ofícios. Bubu e Zé Broinha, por exemplo, eram alfaiates; Cafau, sapateiro.
[2] Banda de Música Mestre Elísio.
[3] Lapinha do Sertão é o nome pelo qual a cidade de Piranhas é também conhecida. Esse  nome deve-se ao fato de a cidade estar localizada entre serras, assemelhando-se a um presépio estilizado. Alguém teria notado tal semelhança e deu o nome de “lapinha” que passou para a posteridade.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Filarmônica Mestre Elísio - 27 anos


Filarmônica Mestre Elísio



Ativa desde 1989, a Filarmônica Mestre Elísio deve seu nome à figura do eminente maestro Elísio José de Souza, pernambucano que veio a atuar no município de Piranhas/AL nos anos findos da década de 1950 e começos de 1960. Antes de sua atuação na Banda da cidade, àquela época inativa, o mestre Nemézio Teixeira já se estabelecera professor de música na região, iniciando musicalmente toda uma geração de jovens piranhenses, entre os quais, a Dr.ª Rosiane Rodrigues Cavalcanti – médica e compositora – e Egildo Vieira, renomado músico alagoano de saudosa memória.

Mestre Nemézio (falecido no ano de 1979) foi digno representante de uma linhagem notável de mestres músicos no sertão alagoano – como o mestre Nozinho/Manoel Vitorino Filho (1895-1960) em Pão de Açúcar na primeira metade do século XX ou o mestre Vieirinha (Manoel Vieira Ramos, na década de 1930 em Piranhas) ou ainda o maestro José Emiliano atuante em Piranhas e Água Branca no limiar do século.

Dos músicos iniciados ou iniciantes daquela época, integraram a banda do mestre Elísio: Bujão, Jackson, Afonsinho e Toinho seu irmão, percussionistas; Elias “Balaio” e Ezequias filho do mestre Elísio (trombones); João Gilberto (bombardino); Joãozinho Batista, Toinho “de Expedito Balaio” e Jason (trompetes); Zé Norberto “Boca Rica” (sax-alto); Dorinho, Divacy, Norberto e Egildo (clarinetas).

Bujão (Augusto José Neto) tocava pratos nessa época, estudou trompa e viria quase trinta anos depois tocar bombardino na banda reativada. Seu Elias “Balaio” também voltaria quando adulto a tocar na banda de Piranhas. Importante notar que eram todos crianças ou adolescentes na época do mestre Elísio.

Em 1989, na administração Inácio Loiola Damasceno Freitas, a banda do município é reativada à memória do maestro Elísio José de Souza, falecido em julho de 1978 na cidade de Delmiro Gouveia.

De Pão de Açúcar vieram, para tornar viável essa última formação, os dois primeiros maestros: Bubu (Afrânio Menezes Silva), de maio de 1989 a dezembro de 1991 e Cafau (Cícero Francisco de Brito), em dois períodos distintos, de janeiro de 1992 a dezembro de 1996 e, posteriormente, de agosto de 1998 a agosto de 2009. O mestre Damião Ferreira Lima, outro pão-de-açucarense distinto, instrutor de  fanfarras, dirige a banda de janeiro de 1997 a meados de 1998. A partir do afastamento de maestro Cafau, em 2009, seu filho Cicinho (maestro Cícero Campos) assume o comando até dezembro de 2013. Atualmente, a Filarmônica Mestre Elísio é capitaneada pelo maestro Leleo (Willamy Franciel dos Santos Isidoro).