domingo, 1 de outubro de 2023

1º/10 - DIA INTERNACIONAL DA MÚSICA

Comemorado oficialmente no Brasil a 22 de novembro, o Dia da Música é celebrado internacionalmente em 1.º de outubro. Esta data criada especialmente para celebrar e homenagear toda e qualquer expressão musical foi instituída em 1975 pelo Conselho Internacional de Música, uma organização não governamental fundada em 1949 pela UNESCO, com o objetivo de promover a música em todo o mundo e incentivar a cooperação entre músicos e instituições.

A música é uma forma de arte que tem o poder de unir as pessoas, usada para expressar sentimentos, contar histórias e até mesmo mudar o mundo, por isso o Conselho Internacional de Música incentiva a celebração do Dia Internacional da Música em mais de 150 países, com eventos como concertos, exposições, seminários sobre criação musical, palestras, conferências musicais e muito mais.

 

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

MOTIVO DA CARMEN DE BIZET

 
(Áudio produzido no programa Sibelius com o Noteperformer integrado)

Em outubro de 2020, na casa de Petrúcio Ramos, visita que fizemos por ocasião do seu 74º aniversário, ele me encomendou uma edição do dobrado que havia copiado de suas memórias da BASV. Altino é o arranjador, mas o maestro só dispunha de suas próprias cópias em Pão de Açúcar e me pediu que editasse.

Concluí em um mês e enviei pelos Correios. No início de  dezembro, o maestro ligou entusiasmado com o trabalho e prometeu que nos visitaria para tocar o dobrado antes mesmo de Reis. Disse que tinha chegado naquela semana de Salvador onde encontrou as partes originais de Altino. Pedi para conhecê-las.

Semanas depois faleceu sem, claro, ter conseguido trabalhar conosco a execução da partitura extraída por Altino da Carmen Suite N. 2: Chanson du Toreador  de Georges Bizet (1838-1875).


domingo, 13 de agosto de 2023

A HORA DA ELEVAÇÃO

Fonte: https://img.freepik.com

(Áudio ilustrativo produzido no programa Sibelius com o Noteperformer integrado)

Costume antigo, hoje perdido, era o de a banda tocar na elevação. Momento em que se consagra pão e vinho, marcado pela suspensão da hóstia, do cálice e o toque dos sinos. A atenção do mestre era redobrada porque os músicos geralmente estavam dispersos pela área externa da igreja após o início da missa.

Tocava-se geralmente a introdução de um dobrado. Oito compassos eram suficientes, talvez dezesseis. Dos primeiros, tocávamos a introdução do dobrado Sumaré, de Ubaldo de Abreu. O preferido era Olyntho Mattos. De autor desconhecido, esse dobrado, assim como Sumaré, foi trazido de Pão de Açúcar por mestre Bubu (1989-1991) e desde sempre costumamos chamá-lo de "Olímpio Matos". Erro só corrigido quando um copista zeloso, este que vos escreve, identificou algumas partes originais e fez cópias para todos os instrumentos com o nome corrigido. Mesmo assim, Olímpio estava bem estabelecido. Por nada perderia para Olyntho. Nem hoje, trinta anos depois.

É um pequeno dobrado de cerca de 96 compassos em Fá menor na forma AABBACC. À introdução em ritmo anacrústico de 8 compassos se segue o tema em que quatro frases se alternam por grupos de instrumentos à maneira de pergunta e resposta, antecedente e consequente. Clarinetes e trompetes seguidos por bombardino e saxofones. Trombones e trompas a contratempo. A seção B, mais festiva, também é mais breve, com 16 compassos no tom relativo maior. Retorna para a seção A, melancólica reflexiva na primeira metade, afirmativa e decidida na segunda, daí segue para a repetição da introdução, agora para a última seção (C), o Trio, novamente no tom maior. Nesse novo ambiente, o padrão rítmico a partir do 3º compasso à semelhança de habanera, com "semínima seguida de duas colcheias em um compasso binário. A primeira colcheia [...] sincopada, ou seja, acentuada no tempo fraco". Esse padrão é interrompido a 4 compassos e novamente iniciado até a batida marcial se impor no 25º compasso para concluir a seção.

A introdução de Olyntho Mattos era desafiadora para iniciantes. Aos clarinetes e trompetes que mal executavam se dava uma parte facilitada. Eram só 16 semicolcheias, porém ter que executá-las naquela velocidade marcial só na mão esquerda dum clarinete geralmente mal treinado desencorajava o novato. Trompetes nunca viram o original, até que um copista com pretensão restauradora o recuperasse, enviando as facilitadas do mestre para o arquivo morto.

Trombone, bombardino e tubas com a parte principal garantiam a execução da introdução que logo seria repetida para introduzir o Trio. As semicolcheias desafiadoras eram ornamentais. Sentia falta mesmo só quem conhecia os originais: o mestre. No final da segunda frase dos metais, os pratos estridiam potentes no contratempo, seguidos por uma batida abafada do bumbo. Então, os instrumentos graves, que brecam antes dos pratos, na nota sensível da escala, da sétima diminuta acima desciam numa escala em tercinas para clarinetes e trompetes cantarem a partir da tônica por graus conjuntos acima e abaixo, nada de intervalos de terça. Só bombardino e saxofones exploram arpejos no acorde dominante.

Até então, não conhecia nada mais dramático em música do que aquela introdução. O mais dramático nos dobrados é o "forte do baixo" dos tenores, barítonos e tubas. Mas Olyntho Mattos era de estimação.

Mais tarde, Cafau (1992-1996; 1998-2009) assumiu a banda e trouxe de Aracaju um toque cerimonial que ficou mais frequente nas elevações. Curto e ligeiro, tem estilo militar de um entusiasmo burocrático. Nem se compara à harmonia de Olyntho. 


F. Ventura (2023)

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

O CENTENÁRIO DA FILARMÔNICA SANTA CECÍLIA -- ÁGUA BRANCA/AL

 

Parabéns ao maestro Valério e demais integrantes da Filarmônica Santa Cecília pela história compartilhada.

Peço licença para contribuir com uns dados desconhecidos até há pouco.

Uma década antes da criação da Filarmônica, Padre José Nicodemos da Rocha, apoiado pelo coronel Ulisses Luna, criou a Escola Paroquial para a qual levou os maestros José Emiliano de Souza como professor de música e João Ribeiro de primeiras letras. 

José Emiliano também era professor primário e, em Piranhas, maestro da Philarmonica Piranhense.

João Ribeiro do Vale viria ser maestro da banda da Fábrica da Pedra, criada em 1915. 

José Emiliano de Souza transitou em Piranhas e Água Branca, onde foi suplente de juiz substituto. Compunha música sacra. Até o início dos anos 2000 havia registros de uma Missa sua composta em ambas as cidades no início do século 20.

Coincidentemente, quando em 22 de novembro de 1922 era criada a Filarmônica Santa Cecília em Água Branca, em Piranhas o maestro José Emiliano de Souza regia a banda piranhense na entronação da imagem barroca de Santa Cecília no altar-mor da Igreja de Nossa Senhora da Saúde, onde ainda permanece ao lado direito da padroeira.

A observação histórica sugere que o trabalho de João Ribeiro e José Emiliano de Souza viabilizou a criação da Filarmônica Santa Cecília 11 anos depois com José Emiliano Vieira Sandes, sendo este provavelmente discípulo deles.

A informação da atuação dos mestres João Ribeiro do Vale e José Emiliano de Souza em Água Branca, sob a direção do também músico Pe. Nicodemos da Rocha, consta no semanário pão-de-açucarense A Ideia n. 79, de 18 junho de 1911:


"CORRESPONDÊNCIA

Da futurosa vila d'Água Branca escrevem-nos:

Água Branca, 12 de junho de 1911.

Srs. Redatores da 'Ideia'

Nesta Comarca de Água Branca foi criada uma Escola Paroquial cujo fim será o ensino de letras e música. A Escola é organizada do seguinte modo: Diretor Pe. José Nicodemos da Rocha, Tesoureiro Dr. Luiz Vieira de Siqueira Torres, Secretário Manoel José Firmo, professor das letras João Ribeiro do Valle, professor de música Maestro José Emiliano de Souza.

A escola tem um bom salão decentemente mobiliado e encontrou carinhoso acolhimento do povo de Água Branca, principalmente da parte do prestimoso chefe político cel. Ulysses Luna que tem animado e auxiliado o Vigário Pe. Nicodemos autor da ideia.

Bravos à união que é força!

Um Água-branquense."


Esse não é o único registro remanescente. Há ainda a carta de despedida de Piranhas, publicada meses antes no mesmo semanário, em que o maestro José Emiliano saúda os amigos e comunica sua mudança com a família para Água Branca.


F. Ventura (2023)


quarta-feira, 19 de julho de 2023

FUNARTE RETOMADA 2023 – MÚSICA

Funarte Retomada 2023 – Música

Publicado originalmente em https://www.gov.br/funarte/pt-br/editais-1/2023/edital-funarte-retomada-2023-musica 12/07/2023 09h53 Atualizado em 19/07/2023 12h42

A Fundação Nacional de Artes – Funarte, vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), apresenta o conjunto de editais do Programa Funarte Retomada, para as áreas de circo, dança, teatro, música e artes visuais. Cada um dos cinco processos de seleção destina R$ 3,6 milhões a projetos artísticos/culturais de todas as regiões do Brasil.

São aceitas inscrições de propostas correlacionadas às seguintes atividades:

· criação;

· formação;

· pesquisa e reflexão;

· residência e intercâmbio;

· preservação de acervos e memória.

Os concursos incluem três modalidades de incentivo financeiro, conforme o porte de cada iniciativa: R$ 150 mil, R$ 100 mil e R$ 50 mil.

Poderão ser inscritos projetos que contenham ações relacionadas às atividades previstas no item 1.3 do edital.

Para atender a um público diverso, a linha de incentivo do Programa Funarte Retomada é aberta a pessoas físicas maiores de 18 anos, pessoas jurídicas de direito privado, com ou sem fins lucrativos e “de natureza cultural” e microempreendedores individuais (MEI) “com experiência no campo da cultura e das artes”. Está prevista reserva de recursos para pessoas negras, indígenas e/ou com deficiência.

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As inscrições nos editais do Funarte Retomada ficam abertas das 9h01 (horário de Brasília) do dia 13 de julho de 2023 (quinta-feira) até as 17h59 do dia 28 de agosto do mesmo ano (segunda-feira), no site da Funarte (gov.br/funarte), na página específica de cada concurso.

A Funarte adverte que a mesma pessoa não poderá participar com projetos distintos, neste ou em qualquer outro edital do Funarte Retomada 2023 – conforme o item 5.11 do edital. Caso isso ocorra “somente o último projeto inscrito será avaliado pela Comissão de Seleção” complementa.

Os (a) participante deve se inscrever na região e unidade da federação “correspondente ao seu CNPJ (Pessoa Jurídica) ou endereço residencial (Pessoa Física), sob pena de desclassificação”, esclarece o item 5.10. Pessoas pertencentes às comunidades “indígena, quilombola, cigana ou circense; população nômade ou itinerante; devem indicar a região em que se encontram, no ato da inscrição, pela qual concorrerão”, complementa.

A Funarte lembra que é necessária a leitura completa do edital; e que cabe a cada proponente acompanhar as informações sobre o concurso nesta página, inclusive documentos referentes ao processo seletivo – na seção Arquivos Relacionados.

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O Programa Funarte Retomada integra uma série de medidas da nova gestão da Fundação, iniciada em 2023. Elas incluem uma reestruturação organizacional; ações direcionadas a uma participação social maior nas políticas públicas; e novas formas de ocupação dos equipamentos culturais da instituição; além de novos programas.


Mais informações: retomada.musica@funarte.gov.br

funarte-retomada-musica.pdf (www.gov.br)


segunda-feira, 3 de abril de 2023

À MEMÓRIA DE ANTÔNIO ROMÃO



Músicos ou amigos da Música (os filarmônicos) de Pão de Açúcar, Petrolândia, Maceió etc. forneceram partituras para o acervo da FME, afora as que compramos diretamente da extinta Edições Abreu (1993) e, mais tarde, com o arranjador mtro. Rogério Moreira Campos (2000), de Viçosa/MG. 

Das manuscritas, algumas são mais especiais. Não porque sejam grandes obras ou melhores arranjos, mas porque encerram na doação uma carga de afeto e solidariedade de artista. É o caso seguinte.

Antônio Romão, violonista amador, voltou no final dos anos 1990 para encerrar seus dias no sertão em que nascera após cerca de 40 anos no estado de São Paulo. Na bagagem, álbuns de Garoto, Pixinguinha e outras partituras. Uma delas, o dobrado Bráulio Coutinho, do seu amigo compositor e seresteiro Zé Davi.

Ignoro o destino do amigo e que personalidade ele homenageia, porém, esse dobrado, editorado e impresso, agora integra o acervo da FME. 

Com sorte, alguém de Arujá/SP algum dia tenha contato com essa partitura trazida para o sertão de Alagoas por Antônio Romão, meu tio-avô sergipano de Canindé de São Francisco, e nos revele a vida de Zé Davi ou Bráulio Coutinho. 

Afinal, o nosso objetivo com a recuperação dessas partituras não é alimentar indiscriminadamente um acervo virtual — impondo repertório anacrônico para a banda de hoje —, mas, contar, por intermédio delas, a história dos músicos e das bandas. 


F. Ventura



Em tempo, a pesquisa Web retorna resultados para um Bráulio Coutinho, funcionário aposentado do DER, músico autodidata, organizador da Lira de São Benedito (1957-1973), que recebeu em 1988, aos 74 anos de idade, o diploma de Honra ao Mérito da Câmara de Arujá pelos relevantes serviços prestados ao município.

terça-feira, 21 de março de 2023

OFICINA MUSICAL MAESTRO NILTON SOUZA

Nos dias 17 e 18 de março, tivemos a grata satisfação de receber o Prof. Dr. Nilton Souza (ETA-UFAL) para ministrar interpretação musical aos integrantes da FME.

O tradicional dobrado Jubileu, de Anacleto de Medeiros (1866-1907), foi a peça trabalhada.

Agradecemos ao maestro pela disponibilidade.

Participantes: Aberílio (pratos), Alessandro "Sandrinho" (tuba), Andinho (clarinete), Cristian (trompete), Dalvinho (caixa) Darllyson (trompete), Fagno (tuba), Farney (flauta), Genilda "Jada" (clarinete), Gisfle Fernando "Giso" (trombone), Iago (percussão), Ivan (clarinete), Jadeilton (flauta), Jenison "Risadinha" (bombardino), Johnata (percussão), Jorge (trombone), Josinaldo (sax tenor), Joyce (clarinete), Maciel (trompete), Marcelo (bumbo), Mário (trombone), Otávio (sax alto) e Sandro (bateria). Dir. Cristiano Nascimento, Mtro. Willamy "Leleo" e F. Ventura.

Filarmônica Mestre Elísio -- Piranhas-AL, 17-18.3.2023.