EXPERIÊNCIA
Dobrado de Antônio de Castro Passinha
Por
Billy Magno[i]
Se na primeira versão deste texto a percepção era de que poucas obras do hoje esquecido compositor haviam resistido ao tempo, não existindo até o momento uma análise da sua produção musical, o que impossibilita uma análise em termos quantitativos, ela começou a mudar depois das pesquisas realizadas em novembro de 2018 e janeiro de 2019 respectivamente nos arquivos de Antônio Melo Barbosa (1932-2019) e da Banda de Música do 59º BIMtz, antigo 20º B.C., somando-se ao arquivo da Sociedade Musical Guarany.
Se existia a indagação de que poderia ele, por exemplo, ter deixado obra consideravelmente numerosa, mesmo levando-se em consideração o fato de ter vivido apenas 41 anos e quase a totalidade dessa obra ter sumido na poeira do tempo, muito devido à má conservação dos originais, em mãos de assassinos memoriais ou simplesmente o próprio compositor ter se dedicado pouco ao exercício dessa arte, deixando apenas poucos exemplos da sua genialidade, essa mesma indagação pode ser respondida agora com a gratificante surpresa da descoberta de 20 obras no acervo da banda do 59º BIMtz e todas elas completas mais algumas encontradas no arquivo de Tonho do Mestre, como era então chamado Antônio Melo Barbosa. Ao todo chegou-se ao número de 26 composições assinadas pelo maestro Antônio Passinha (algumas delas são comuns em mais de uma fonte), um número bastante razoável que perfaz um período de pouco mais de uma década de criação (1922-1931) onde predominam os dobrados, mas que também privilegia valsas, hinos, samba e até um curioso fado-tango.
É
sabido também que algumas de suas obras se espalharam pelo país, sendo
encontradas em lugares tão díspares quanto afastados do centro de sua atuação,
como é o caso de Florianópolis-SC, onde foram encontrados dois dobrados de sua
autoria no arquivo da Sociedade Musical Amor à Arte (fundada em 1897) e cuja
cópia de um deles, o dobrado Sargento Baptista, é de
1927.
O
dobrado Tenente Portugal Ramalho[1],
que homenageia distinta figura da capital alagoana, foi encontrado com cópia de
1943 na Sociedade Musical Carlos Gomes de Marechal Deodoro-AL, fundada em 1915,
cuja proximidade com Maceió, cidade onde viveu e trabalhou o autor, explica a
sua existência no arquivo.
Em
Pão de Açúcar, cidade onde nasceu o compositor, encontravam-se no arquivo da
Sociedade Musical Guarany (fundada em 1918) dois dobrados cuja data nas cópias
não comprova o ano exato das composições, mas pode ser usada como uma
estimativa.
O
dobrado Tenente Nascimento, em cópia de 1926, é lembrado (pelos poucos
músicos ainda vivos que o executaram) pela sua difícil tonalidade para banda de
música, Mi bemol menor, que exige grande preparo técnico dos executantes. De
todos os citados, é o que se encontra em pior estado de conservação dos
originais, tendo mesmo que se fazer em algumas partes um verdadeiro trabalho de
“arqueologia”, tal qual o fiz quando trabalhei na recuperação de algumas partes
entre 1995 e 1996; no entanto, é de fácil recuperação, pois está praticamente
completo. O segundo dobrado, chamado Experiência, tem a data de 1928 nas
cópias mais antigas e, apesar de mais bem conservado, encontrava-se incompleto,
sem as partes dos pistons. Com a pesquisa ele surgiu completo, mas numa cópia de
1954, porém mantivemos aqui a cópia primitiva de 1928 pegando emprestando o que
estava faltando.
Dois
copistas fizeram todo o trabalho. O primeiro, Davidson Pereira – que se suspeita
que seja de Traipu (AL) –, algumas vezes estranhamente grafava seu nome ao
contrário: “Nosdivad Arierep”. Copista experiente, foi responsável por colocar no
papel outras peças encontradas no arquivo da Guarany, como os dobrados
Olyntho Mattos[2],
Ricardo Morais (Domingos Queiroz), De Paris a Londres (autor
desconhecido) e Nº 155 (Lauro Carmo), todos no ano de
1928.
De
acordo com as cópias de 1928 ainda existentes, percebe-se que ele começou a
copiar de forma aleatória, sem obedecer a um esquema rígido de ordenamento,
iniciando o trabalho pelos instrumentos tradicionalmente de
contracanto.
Em
5 de outubro abriu os trabalhos com a primeira e única parte da orquestração
escrita nesse dia: o barítono em si bemol, continuando no dia seguinte com a
parte de bombardino, que é praticamente a mesma do barítono, somente
alterando-se a clave de sol para clave de fá e a tonalidade, de Lá menor para
Sol menor e então diversificou o trabalho escrevendo a parte da requinta, que
toca em contracanto, contrapondo-se a melodia principal na primeira parte do
dobrado e, por fim, foi para a harmonia, escrevendo numa única parte, como era
costume na época, 1ª e 2ª trompas em mi bemol.
Não
há registro do trabalho no dia 7, talvez por faltarem as partes originais de 1º
e 2º clarinetes, 1º e 2º pistons, 1º e 2º trombones, as tubas em si bemol e mi
bemol (na época, helicon) e a percussão, mas muito provavelmente pelo dia 7 ter
caído num domingo, dia de descanso.
Prosseguiu
no dia 8, copiando a parte do 3º clarinete, a única parte que sobrou da
orquestração original. Sendo a única parte disponível deste dia de trabalho,
tem-se a impressão de que as partes de 1º e 2º clarinete também foram copiadas
nesse mesmo dia.
Concluiu
o trabalho no dia 9 de outubro, escrevendo numa mesma parte a 2ª e 3ª trompas em
mi bemol. As partes faltantes ou ausentes na orquestração de 1928 seriam anos
depois refeitas e revistas por Mestre Nozinho, segundo copista deste
dobrado.
Manoel
Victorino Filho, o abnegado professor e maestro nascido em Neópolis (SE) em
17/10/1895, era filho de Manoel Victorino Barbosa (guarda da linha telegráfica nascido em
1870 e sobrevivente do naufrágio da lancha Moxotó, ocorrido em 10/01/1917) e de
Olympia Castro Barbosa.
Aluno
do maestro Emygdio Bezerra Lima (1865-1931), foi
exímio executante de pistom, violão e violino e esteve à frente da banda de
música em Pão de Açúcar (Sociedade União e Perseverança, Pão-de-assucarense e
Guarany) por quase 45 anos, de 1917 até a sua morte ocorrida em Maceió em
18/04/1960.
Em
1944 ele faria uma revisão do dobrado, refazendo o que estava faltando e
acrescentado novas partes para novos instrumentos como o saxofone alto, que só
chegou na banda em 1931.
Em
25 de junho ele refez curiosamente no verso da parte da 2ª e 3ª trompas copiada
por Davidson Pereira a parte de 2º clarinete, faltante no original de 1928
talvez já naquele ano.
Passada
quase uma semana, em 1º de julho ele acrescenta uma parte para o sax alto, então
inexistente na orquestração original.
A
última revisão seria feita apenas em 1951, 23 anos após as primeiras cópias. Em
1º de setembro são refeitos numa única parte os trombones e no dia seguinte as
partes da tuba em si bemol e tuba em
mi bemol, provavelmente porque a esta altura as partes de 1928 já estavam
perdidas.
A
curiosidade a respeito desse dobrado começa com a data. 1928 é a data
estabelecida unicamente porque as partes copiadas neste ano estão em maior
número; entretanto, como foi dito no início, isto não comprova a data original,
principalmente se levarmos em consideração a parte do baixo em dó[3],
escrita por Mestre Nozinho no verso da única parte existente do dobrado
Gallieni Ribeiro[4].
A parte do baixo em dó do dobrado Experiência não está datada, mas é uma
das poucas que tem o nome completo do compositor, o que muito facilitou o
trabalho de identificação, já a parte de Gallieni Ribeiro, no verso, tem
data de 15/10/1927, o que gera duas perguntas:
1.
Teria
Mestre Nozinho feito uma parte para baixo em dó do dobrado Experiência,
e no verso uma parte do mesmo instrumento para o dobrado Gallieni Ribeiro
no mesmo ano de 1928, no mesmo mês de outubro, com diferença de uma semana,
depois da última cópia de Davidson Pereira e se enganado ao grafar 1927 em vez
de 1928?
2.
Seria
o dobrado Experiência anterior a 1928, tendo Mestre Nozinho escrito a
parte de baixo em dó realmente
em 1927, praticamente ao mesmo tempo em que escreveu no verso, o dobrado
Gallieni Ribeiro?
Talvez
nunca se saiba, mas o questionamento foi aberto porque o tipo de tinta usada
para escrever tanto um como outro é igual, dando a impressão que as músicas
foram escritas no mesmo período, quase sem espaçamento de tempo, assim como é
curioso notar que algumas partes do dobrado Antônio Augusto (com algumas
cópias também de 1928), do compositor Manoel Leite, mineiro da cidade de Elói
Mendes e famoso pelo dobrado Baptista de Mello, foram mais tarde escritas
no verso de Experiência, sendo a única exceção a de barítono em si bemol
escrita em 23/09/1928 pelo próprio Mestre Nozinho assim como as partes de
bombardino e tuba si bemol escritas em 29/11/1956 no verso das respectivas
partes do dobrado Experiência.
Vale
ainda ressaltar que em outubro de 1972 quase houve uma quarta revisão do dobrado
Experiência feita pelo maestro Afrânio Menezes Silva (1936-1991), àquela
altura maestro da Sociedade Musical Guarany, chegando ele a escrever as partes
de bombardino e 1ª e 2ª trompas (desta vez separadas), mas o trabalho foi
interrompido no início da parte de 1º e 2º trombones e não seguiu adiante.
O
dobrado Experiência é um autêntico lado B, pois é fácil apostar que de
1951 a 1972 na quase revisão de Bubu[5]
e de lá até a presente data ele não voltou a ser executado, enquanto Antônio
Augusto, do mesmo ano e escrito no verso se impôs naturalmente como o lado
A, graças a Bubu, que continuou a executá-lo nas procissões e solenidades da Pão
de Açúcar dos anos 1970 e 1980 e mesmo depois de sua morte, na fase mais recente
da banda nos anos 1990, devido a minha revisão feita em
1997.
O
mesmo acontece agora com o dobrado Experiência, revisto e ampliado por
mim em fevereiro de 2016, foi dos que menos deu trabalho pois praticamente não
havia os tradicionais erros de harmonia ou enganos dos copistas. Na atual
revisão foram refeitas as partes que viraram pó de 1º e 2º pistons, revisadas as
partes das revisões anteriores e acrescentadas as partes de flautim, sax tenor,
sax barítono, 3º pistom e 3º trombone, inexistentes na orquestração original.
Num
trabalho de Flávio Ventura (1978), eis que surge agora para as novas gerações,
às vésperas de completar 90 anos desde a primeira parte escrita naquela
longínqua sexta-feira de outubro, a 1ª edição oficial deste dobrado tão
característico dos áureos tempos da produção musical para banda no Brasil,
esperando assim que possamos reviver e fazer jus à memória do extraordinário
compositor, músico e maestro Antônio de Castro Passinha.
São
Paulo, julho de 2018[6]
♫
Antônio de Castro Passinha[7]
(1894-1936)
Muito
é dito sobre o famoso maestro alagoano Manoel Passinha (1908-1993),
entretanto,
poucos se lembram que ele tinha um irmão músico, o também genial Antônio de
Castro Passinha.
O segundo dos quatro filhos[8] do fabricante de tamancos João Euzébio de Castro (nascido em Pão de Açúcar-AL em 1868) e sua esposa, a costureira Maria Luiza de Castro (nascida no termo de Piaçabuçu-AL em 1867), nasceu em Pão de Açúcar-AL em 24/12/1894, tendo como avós paternos Carlos José Dias de Castro e Luiza Francisca de Assumpção e como avós maternos Manoel Ferreira de Barros e Maria das Dores de Barros.
Maestro Antônio de Castro Passinha (Acervo Etevaldo Amorim) |
Pouco se sabe da sua vida e carreira musical, havendo rumores de que tenha sido aluno do maestro Emygdio Bezerra Lima (1865-1931), porém isso não foi comprovado. No relato do maestro Manoel Leandro Simplício (1904-1995)[9], que o conheceu, ele também era multi-instrumentista, mas tinha o trombone como instrumento referencial e é como executante desse instrumento que ele aparece fotografado em 14 de outubro de 1917 como membro da banda recém formada por Manoel Victorino Filho e subsidiada pelo padre José Soares Pinto (1884-1939), também apoiador do teatro amador local.
Banda de música recém-criada por Manoel Victorino Filho, em 14 out. 1917, à frente da Igreja do Bonfim. (Acervo Antônio Melo Barbosa) |
O Nozinho do guarda como era então chamado era então um jovem músico de 22 anos que embora tivesse certa experiência (desde pelo menos 1910) como executante de pistom, violino e violão, era nessa altura (1917) um iniciante na arte da condução e contava com a colaboração de músicos que no futuro se revelariam excepcionais como o próprio Antônio e seu irmão Manoel (então com apenas 9 anos e iniciando longa e prestigiosa carreira); Américo Castro (1903-1967), que depois de uma estadia de 15 anos em Maceió alçaria voo para o Rio de Janeiro onde faria auspiciosa carreira como compositor, arranjador e contrabaixista em orquestras famosas, primeiro com a do maestro Fon-Fon (1900-1951), alagoano de Santa Luzia do Norte e a partir de 1952 com a de Ivan Paulo da Silva (1910-1991), o famoso maestro Carioca; José de Castro Barbosa (1901-1969), que depois de deixar Pão de Açúcar em 1921 por conta de uma desavença com Zé Maia[10] quando era atirador do Tiro de Guerra nº 656, fixou residência no Rio de Janeiro onde foi chefe de orquestra em navios transatlânticos até trocar a música pela advocacia, que exerceu até a sua morte em 1969 e somente retornaria a Pão de Açúcar numa rápida visita em 1949. Ele e Américo eram irmãos do jovem maestro e tocavam respectivamente trombone e clarinete, mas podiam também tocar bombardino e requinta sempre que era necessário. Entre os fiéis estavam Francisco Antônio dos Santos, conhecido como Mestre Chiquinho (1900-1970), que entre outras coisas vivia da arte de fabricar fogos de artifício usados principalmente nas festas juninas e religiosas em geral, sendo por isso também chamado de Chiquinho Fogueteiro. Sua permanência na banda se dá pouco antes de 1917 e vai além da morte de Mestre Nozinho em 1960, chegando ele próprio a reger por um curto período em 1961, mesmo sem ter muita paciência[11]. Inicialmente tocando trompa, passaria na década seguinte a executante do instrumento pelo qual ficaria associado até os seus últimos dias, o bombardino, embora tocasse também trombone. Merece ainda menção os nomes de João Damasceno Lisboa (1900-1990), mais conhecido como pintor, escultor e célebre fotógrafo, autor da famosa fotografia das cabeças de Lampião e seu bando realizada na escadaria de Piranhas em 1938. Tocando trompa em 1917, seria fotografado em 1927 ainda fazendo parte da banda, mas responsável pelo helicon (espécie de tuba em mi bemol, hoje em desuso), e o lendário violonista (dono de um humor impagável) Antônio Marsiglia (1894-1927) tocando pratos.
Assim
como seu irmão Manoel, Antônio serviu ao Exército Brasileiro no 20º Batalhão de
Caçadores em Maceió, onde ao que parece, inaugurou o batalhão e sua banda de
música surgidos em 1920. Até
agora, sua
ficha funcional não foi localizada nos arquivos do hoje 59º BIMtz, o que revelaria muito da sua trajetória no antigo 20º
B.C., mas uma pesquisa realizada no arquivo da banda de música da corporação em
janeiro de 2019 revelou rastros deixados nas partituras encontradas. Por elas
soube-se que ele já estava na banda em 1922 e que era músico de primeira classe
e contramestre em 1927 e que, ao contrário do que se pensava até então, ele não
fora transferido para o Rio de Janeiro no início dos anos 1930. Em 1934
permanecia em Maceió e teve o nascimento de sua filha noticiado pelo Diário de
Pernambuco em sua edição nº 68 de 25 de março na coluna Notícias de Alagoas:
“Está de parabéns o lar do sr. Antônio Passinha, mestre da banda de música do
20º B.C., e de sua senhora d. Silvanira Passinha, com o nascimento de sua
filhinha Geovana, fato ocorrido a 11 do corrente”.
Quartel do 20º B.C. em 2 abr. 1934 (Acervo Edberto Ticianeli - História de Alagoas) |
Seu posto, conforme o Diário Oficial da União (DOU) de 17/08/1938, era o de sargento ajudante (também chamado de brigada, equivalente depois de 1945 a função de 1º sargento) quando faleceu aos 41 anos em sua casa na Avenida Santos Pacheco, bairro da Levada nº 348 as 13:00 horas de 02/08/1936. Numa época sem os recursos da medicina atual, matou-o uma nefrite crônica[12] e seu corpo foi sepultado no cemitério de São José, no Trapiche da Barra em Maceió. deixou viúva sua esposa Silvanira Barbosa de Castro e cinco filhos: José, Adelmar, Gicelda, Lenilda e Maria Luiza Barbosa de Castro[13]. A pequena Geovana não sobreviveu e por isso não consta da relação de filhos na sua certidão de óbito, cujo declarante foi seu irmão Manoel.
Por
ter sido arrebatado da vida ainda muito cedo, o maestro Antônio Passinha não
legou obra musical numerosa como a perpetuada por seu irmão, mas seu valor
qualitativo é inquestionável e percebido através das partituras que sobreviveram
ao tempo e chegaram aos dias atuais, estando a maioria no arquivo da banda de
música do hoje 59º BIMtz (20 obras). Em Pão de Açúcar,
restou no arquivo da Sociedade Musical Guarany os dobrados Tenente
Nascimento (1926) e Experiência (1928), além do hino Deodoro
(em homenagem ao marechal Manuel Deodoro da Fonseca, 1827-1892) com poema de
Antônio de Freitas Machado (1895-1970), porém, este hino está impossibilitado de
recuperação da orquestração pois somente foi encontrada a parte do flautim. No
arquivo particular de Antônio Melo Barbosa (1932-2019), pesquisado em novembro
de 2018, constam os dobrados Álvaro Mello Filho (1928), Antônio
Machado (1927), Clementino Silva (1925), Gallieni Ribeiro
(1928) e o (curiosamente classificado como um fado-tango) Fado das
Lágrimas (1925); Já o dobrado Tenente Portugal Ramalho, escrito em
1927 em homenagem ao então tenente e anos depois general José Portugal Ramalho,
nascido
em
Maceió-AL em 1895 e falecido em João Pessoa-PB em 1973, sobrevive no arquivo
da Sociedade
Musical Carlos Gomes (1915), de Marechal
Deodoro-AL, em cópia de 1943 e também na Sociedade Musical Amor à Arte (1897), de Florianópolis-SC, onde
também foi encontrado
o
dobrado Sargento Baptista, de 1927, bem como do mesmo ano é também o
"sambinha" Sanhaço, citado pelo escritor Marcos de Farias Costa[14]
em seu artigo "Aqui, Pixinguinha e outros chorões" para a revista Graciliano (p.
46)[15].
Maestro Manoel Passinha em foto da década de 1950. (Acervo Edberto Ticianeli - História de Alagoas) |
Um ano após o seu falecimento, foi homenageado por seu irmão, o maestro Manoel Passinha, com o dobrado Brigada Antônio Passinha, gravado pela banda de música do 20º B.C. em 1970.
Um
dado curioso revelado pelo escritor Moacir Medeiros de Sant’Ana em seu livro
Benedito Silva e sua época, de 1966: pouco depois do falecimento do
maestro Benedito Silva em 1921, foi o maestro Antônio Passinha o depositário de
todo o acervo do autor do Hino Alagoano, doado por sua filha Marieta
Silva.
Aspecto de Pão de Açúcar em 1888 - Rua da Frente, atual A. Ferreira de Novaes. (Foto: Adolpho Lindemann) |
Banda do 20º B.C. com o maestro Manoel Passinha (ao centro), em 1970. (Acervo Billy Magno) |
A Avenida da Paz em dia festivo (Maceió, 1927). (Acervo Iba Mendes) |
Referências
COSTA, Marcos de Farias. Aqui, Pixinguinha e outros chorões. Revista Graciliano. CEPAL/Imprensa Oficial Graciliano Ramos, Maceió, ano IV, n. 9, p. 46, jun./jul. 2011.
LUCENA, Wilson José Lisboa. Tocando Amor e Tradição: A Banda de Música em Alagoas. Maceió: Editora Viva, 2016. vol. 2, p. 147-148.
NOTÍCIAS de Alagoas. Diário de Pernambuco, Recife, ano 109, n. 68, p. 4, 25 mar. 1934.
SANT’ANA, Moacir Medeiros de. Benedito Silva e sua época. Maceió: Arquivo Público de Alagoas, Secretaria de Estado dos Negócios da Educação e Cultura, 1966.
[1] Nascido em 1895 e falecido em 1973 em João Pessoa-PB,
chegaria ao generalato. Em Maceió, empresta seu nome a uma rua no bairro de
Jatiúca.
[2] Autoria atribuída a Antônio Neves, de Traipu, segundo o
maestro Antônio Basílio (1939-2010) em sua última entrevista, concedida ao
maestro e pesquisador Nilton Souza (1975) uma semana antes de
falecer.
[3] Tuba não transpositora usada na banda por cerca de 20
anos, entre 1926 e 1946.
[4] Encontrado no arquivo particular de Antônio Melo Barbosa
(1932-2019) em novembro de 2018, mas em cópia de 1929. Posteriormente, em
janeiro de 2019, depois de uma detalhada pesquisa no acervo da banda de música
do 59º BIMtz essa e outras obras do compositor foram
encontradas completas, inclusive Experiência (em cópia posterior, de 1954),
Tenente Nascimento (cópia de 1927) e Tenente Portugal Ramalho (do mesmo período)
citados aqui. Com tais descobertas e à luz de novas informações, o texto
precisou ser refeito.
[5] Apelido pelo qual era conhecido o maestro Afrânio, em
clara referência ao seu instrumento: A tuba.
[6] Texto
revisto e atualizado em agosto de 2020. (N. do E.)
[7] À luz de novas evidências, este texto foi revisto e
atualizado em agosto de 2020. (N. do E.)
[8] Além de Antônio, os outros filhos eram Olindina (a
primogênita, nascida em 1892, Maria (conhecida como Mariquinha, 1907-1996) e
Manoel, maestro durante muitos anos da banda do 20º B.C. e que seria conhecido
em todo o Brasil, sendo autor de dobrados e frevos
antológicos.
[9] Conhecido como Mestre Manuca, foi maestro da banda de
música da Polícia Militar de Alagoas. Figura folclórica em Maceió, é muito
lembrado por ter sido professor e maestro da banda de música da antiga Escola
Técnica Federal de Alagoas (ETFAL), hoje Instituto Federal de Alagoas (IFAL) por
muitos anos e responsável por formar três gerações de
músicos.
[10] Notório pela violência, entre outros assassinatos foi
considerado suspeito de mandar matar o próprio pai, o coronel Lamego Maia,
brutalmente assassinado enquanto dormia na calçada de sua casa, um hábito comum
em 1924. Irmão do ex-prefeito e ex-deputado Elísio Maia (1914-2001), tanto fez
que acabou ele próprio morto em 1927.
[11] Conforme depoimento de Antônio Melo Barbosa (1932-2019)
— filho do maestro e herdeiro do seu acervo — em 2 de dezembro de 2018 na casa
da sua filha Sheyla Menezes em Maceió.
[12] Doença que afeta os rins fazendo com que o órgão em
casos extremos leve o paciente a ser tratado por hemodiálise, mas que era fatal
até os anos 1960.
[13] Até agora não foi possível obter informações sobre sua
esposa e filhos.
[14] Nasceu em Maceió, Alagoas. Formado em Psicologia, nunca
exerceu a carreira, preferindo optar pela poesia. Fez cursos extracurriculares de tradução e
língua alemã. Compositor bissexto, com prêmios e
reconhecimentos.
[15]
[i] BILLY MAGNO nome artístico de Williams Magno Barbosa Fialho (Pão de Açúcar-AL 05/07/1978). Músico multi-instrumentista e arranjador. Na adolescência, foi estudar orquestração e regência em Salvador (BA). Iniciou na profissão em 1984 e teve como professores Paulo Henrique Lima Brandão (teoria), Petrúcio Ramos de Souza (orquestração e regência), Maria Mercedes Ribeiro Gomes (piano) e Edvaldo Gomes (contraponto), tendo ainda participado de Master Class de arranjo com Cristóvão Bastos, harmonia com Nelson Faria e trilha sonora com David Tygel. Dedicou-se, ao longo do tempo, à causa da música instrumental na qual tem atuado com mais frequência, trabalhando no Brasil e na Europa. Em junho de 2004, passa a viver em São Paulo. (Fonte: http://abcdasalagoas.com.br/verbetes.php)