Atualizado em 26 de janeiro de 2020 às 13h11min
Outrora chamada Banda de Música Mestre Elísio, a FME participa há 30 anos das festividades alusivas à Nossa Senhora da Saúde, padroeira do município de Piranhas. Desde o início dos anos 2000 é uma das noiteiras do novenário mariano, sempre no primeiro dia, 24 de janeiro.
Por sugestão de dona Sônia Brito, presidente da festa à época, os cantos da liturgia são entoados pela banda que, nas noites subsequentes, forma à frente da igreja, recepcionando os fiéis ou saudando-os na despedida. Tradição centenária cumprida no início da década de 1990 com parceiros de outras localidades, como os de Petrolândia: Divacy (sax-tenor), Miguel (trompete), Etinho (trombone) e Jardiel (trompete); posteriormente, os de Água Branca maestro Walmir (tuba) e Kaka (sax-alto); e tantos outros.
José Brandão de Souza (o Zé Broinha), trompetista pão-de-açucarense radicado em Piranhas, oficial de justiça casado com uma cidadã piranhense, era figura sempre presente nas missas. Dotado de grande sensibilidade musical, acompanhava ladainhas, ofícios, cânticos exigidos pela liturgia e ainda se dispunha a reforçar a Mestre Elísio na apresentação final, após a missa.
Nessa região, a devoção a Nossa Senhora da Saúde remonta à segunda metade do século 19, quando a população alagoana era vítima de surtos de cólera, febre amarela e varíola. Em 1877, com a concentração de retirantes que fugiam das consequências da maior seca da história do Brasil, Piranhas (pobre lugarejo às margens do Rio São Francisco pertencente à vila de Pão de Açúcar), já vítima de epidemias, teve sua situação agravada.
8 anos mais tarde (precisamente 20 de julho de 1885), o bispo de Olinda e Recife instituiu a freguesia nessa localidade sob a invocação daquela que intercedia pelos fiéis vitimados por epidemias, a excelsa padroeira Nossa Senhora da Saúde — devoção estabelecida cerca de 300 anos antes em Portugal assolado por surtos de peste até sobrecarregados coveiros da cidade de Sacavém encontrarem enterrada uma imagem de Nossa Senhora, o que levou a população ver aquilo como um sinal e intensificar as orações. Com o milagre da cura alcançando os fiéis, várias capelas foram erguidas em honra de Nossa Sra. da Saúde. Assim nasceu sua devoção. Espalhada por todo o mundo, chegou ao Brasil no século 17.
Diz-se que o imperador D. Pedro II — na viagem ao Nordeste, empreendida no ano de 1859 — sugeriu ao Bispo de Olinda e Recife, Dom Frei João da Purificação Marques Perdigão, que "nas paragens margeadas do São Francisco em terras Alagoanas, onde sua comitiva passasse, fossem tornadas freguesias e visitadas pelos missionários franciscanos". No entanto, coube a um de seus sucessores, Dom José Pereira da Silva Barros, criar a freguesia de Piranhas, 25 anos depois, "sob condição da construção do templo e sob a invocação e égide de Nossa Senhora da Saúde".
De estilo neoclássico, a igreja de Nossa Sra. da Saúde de Piranhas, erguida no final do século 19, é a mais alta edificação da cidade. Em 18 de janeiro de 1998, foi criada a Paróquia Nossa Sra. da Saúde e São Francisco de Assis e, no ano de 2015, celebrou-se os 130 anos de evangelização, desde a instituição da freguesia.
FME na comemoração dos 130 anos de Evangelização e II Jornada Eucarística (Piranhas-AL, 30 de julho de 2015) |