segunda-feira, 13 de novembro de 2023

EBANSFAL -- PROJETO CONTEMPLADO NO EDITAL MESTRE MANUCA 2022 É EXECUTADO EM PIRANHAS

Ocorreu na última sexta-feira (10/11) o Encontro de Bandas do São Francisco Alagoano (Ebansfal) no Centro Histórico de Piranhas. Participaram do evento a Orquestra 12 de Abril, da cidade de Penedo, a Banda Lira Traipuense, de Traipu, a Filarmônica Mestre Elísio José de Souza, de Piranhas, e a Orquestra Municipal Tenente José Nicácio de Souza, sob a batuta dos seus respectivos maestros Douglas Rocha, Ninho Marcos, Willamy Franciel "Leleo" e Ednaldo Bacalhau.

Iniciada às 20 horas após a marcha do bandão com o dobrado Batista de Melo a partir da Praça Padre Cícero, passando pelas ruas José Nunes de Araújo, Antônio Rodrigues Pereira, Nemésio Teixeira, Comércio e José Martiniano Vasco,  a cerimônia na Praça do Giradouro foi conduzida pelo radialista Renner Alves.

As bandas alternaram-se na execução de repertório bastante eclético:

20h15 • Orquestra 12 de Abril: Roupa Nova in Concert

20h28 • Lira Traipuense: Medley Djavan

20h39 • Orq. Mun. Ten. Nicácio: Sucessos de Bruno e Marrone (Arranjo de Cb Mus Marcos)

20h49 • Filarmônica Mestre Elísio: Seleção de Zé Ramalho (Arranjo de Ewerton Luiz)

21h • Orquestra 12 de Abril: Medley Queen

21h09 • Lira Traipuense: Meus Sentimentos

21h15 • Orq. Mun. Ten. Nicácio: As Melhores do SPC (Arranjo de Fábio Mesquita)

21h25 • Filarmônica Mestre Elísio: Raça Negra (Antônio Luiz, Cecílio Nena, Nil Bernardes e Luiz Carlos)

21h30 • Orquestra 12 de Abril: Abba Gold (Ron Sebregts)

21h37 • Lira Traipuense: Seleção Tim Maia (Arranjo de Sgt. França)

21h48 • Orq. Mun. Ten. Nicácio: Boleros Nº 1 (Arranjo de Ranieri Soares)

21h58 • Filarmônica Mestre Elísio: Anos 60 (Arranjo de Maurício Alves)

As bandas reunidas encerraram o evento com o mais tradicional dos frevos, Vassourinhas, sob aplausos de audiência significativa de residentes e turistas. 

A cidade Lapinha do Sertão agradece!


segunda-feira, 16 de outubro de 2023

DOBRADO PROFESSOR SILVA NOVO

Homenagem de Manoel Francisco de Lyra, músico militar do 23.º Batalhão de Caçadores (Fortaleza, CE), ao maestro alagoano Euclides da Silva Novo (Santana do Ipanema, AL, 1889 - Rio de Janeiro, RJ, 1970), o dobrado Professor Silva Novo integra o acervo da Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro; um trabalho de vários copistas em novembro de 1932.

(Áudio produzido no Sibelius com o Noteperformer integrado)

Dobrado Professor Silva Novo (M. F. Lyra, 1932)
Capa original do dobrado Professor Silva Novo (1932)


domingo, 8 de outubro de 2023

Semana Cultural 2023 — ENCONTRO DE ORQUESTRAS


Aconteceu no último sábado (7) o Encontro de Orquestras promovido pela Prefeitura de Delmiro Gouveia no âmbito das comemorações da Semana do Pioneiro. 

Participaram do evento sediado no pátio do Shopping da Vila as bandas das cidades de Canarana/BA (Filarmônica João Mendes de Almeida, do maestro Róbston Alencar Alves Júnior), Água Branca (Filarmônica Santa Cecília, do maestro Valério Amaral), Piranhas (Filarmônica Mestre Elísio, do maestro Willamy Franciel) e a anfitriã Orquestra Municipal Tenente José Nicácio de Souza, do maestro Ednaldo Bacalhau.

Como de praxe, o concerto foi precedido por desfile das bandas pelas principais ruas de Delmiro Gouveia. Iniciado às 20h, encerrou-se às 22h com o bandão de frevo.



domingo, 1 de outubro de 2023

1º/10 - DIA INTERNACIONAL DA MÚSICA

Comemorado oficialmente no Brasil a 22 de novembro, o Dia da Música é celebrado internacionalmente em 1.º de outubro. Esta data criada especialmente para celebrar e homenagear toda e qualquer expressão musical foi instituída em 1975 pelo Conselho Internacional de Música, uma organização não governamental fundada em 1949 pela UNESCO, com o objetivo de promover a música em todo o mundo e incentivar a cooperação entre músicos e instituições.

A música é uma forma de arte que tem o poder de unir as pessoas, usada para expressar sentimentos, contar histórias e até mesmo mudar o mundo, por isso o Conselho Internacional de Música incentiva a celebração do Dia Internacional da Música em mais de 150 países, com eventos como concertos, exposições, seminários sobre criação musical, palestras, conferências musicais e muito mais.

 

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

MOTIVO DA CARMEN DE BIZET

 
(Áudio produzido no programa Sibelius com o Noteperformer integrado)

Em outubro de 2020, na casa de Petrúcio Ramos, visita que fizemos por ocasião do seu 74º aniversário, ele me encomendou uma edição do dobrado que havia copiado de suas memórias da BASV. Altino é o arranjador, mas o maestro só dispunha de suas próprias cópias em Pão de Açúcar e me pediu que editasse.

Concluí em um mês e enviei pelos Correios. No início de  dezembro, o maestro ligou entusiasmado com o trabalho e prometeu que nos visitaria para tocar o dobrado antes mesmo de Reis. Disse que tinha chegado naquela semana de Salvador onde encontrou as partes originais de Altino. Pedi para conhecê-las.

Semanas depois faleceu sem, claro, ter conseguido trabalhar conosco a execução da partitura extraída por Altino da Carmen Suite N. 2: Chanson du Toreador  de Georges Bizet (1838-1875).


domingo, 13 de agosto de 2023

A HORA DA ELEVAÇÃO

Fonte: https://img.freepik.com

(Áudio ilustrativo produzido no programa Sibelius com o Noteperformer integrado)

Costume antigo, hoje perdido, era o de a banda tocar na elevação. Momento em que se consagra pão e vinho, marcado pela suspensão da hóstia, do cálice e o toque dos sinos. A atenção do mestre era redobrada porque os músicos geralmente estavam dispersos pela área externa da igreja após o início da missa.

Tocava-se geralmente a introdução de um dobrado. Oito compassos eram suficientes, talvez dezesseis. Dos primeiros, tocávamos a introdução do dobrado Sumaré, de Ubaldo de Abreu. O preferido era Olyntho Mattos. De autor desconhecido, esse dobrado, assim como Sumaré, foi trazido de Pão de Açúcar por mestre Bubu (1989-1991) e desde sempre costumamos chamá-lo de "Olímpio Matos". Erro só corrigido quando um copista zeloso, este que vos escreve, identificou algumas partes originais e fez cópias para todos os instrumentos com o nome corrigido. Mesmo assim, Olímpio estava bem estabelecido. Por nada perderia para Olyntho. Nem hoje, trinta anos depois.

É um pequeno dobrado de cerca de 96 compassos em Fá menor na forma AABBACC. À introdução em ritmo anacrústico de 8 compassos se segue o tema em que quatro frases se alternam por grupos de instrumentos à maneira de pergunta e resposta, antecedente e consequente. Clarinetes e trompetes seguidos por bombardino e saxofones. Trombones e trompas a contratempo. A seção B, mais festiva, também é mais breve, com 16 compassos no tom relativo maior. Retorna para a seção A, melancólica reflexiva na primeira metade, afirmativa e decidida na segunda, daí segue para a repetição da introdução, agora para a última seção (C), o Trio, novamente no tom maior. Nesse novo ambiente, o padrão rítmico a partir do 3º compasso à semelhança de habanera, com "semínima seguida de duas colcheias em um compasso binário. A primeira colcheia [...] sincopada, ou seja, acentuada no tempo fraco". Esse padrão é interrompido a 4 compassos e novamente iniciado até a batida marcial se impor no 25º compasso para concluir a seção.

A introdução de Olyntho Mattos era desafiadora para iniciantes. Aos clarinetes e trompetes que mal executavam se dava uma parte facilitada. Eram só 16 semicolcheias, porém ter que executá-las naquela velocidade marcial só na mão esquerda dum clarinete geralmente mal treinado desencorajava o novato. Trompetes nunca viram o original, até que um copista com pretensão restauradora o recuperasse, enviando as facilitadas do mestre para o arquivo morto.

Trombone, bombardino e tubas com a parte principal garantiam a execução da introdução que logo seria repetida para introduzir o Trio. As semicolcheias desafiadoras eram ornamentais. Sentia falta mesmo só quem conhecia os originais: o mestre. No final da segunda frase dos metais, os pratos estridiam potentes no contratempo, seguidos por uma batida abafada do bumbo. Então, os instrumentos graves, que brecam antes dos pratos, na nota sensível da escala, da sétima diminuta acima desciam numa escala em tercinas para clarinetes e trompetes cantarem a partir da tônica por graus conjuntos acima e abaixo, nada de intervalos de terça. Só bombardino e saxofones exploram arpejos no acorde dominante.

Até então, não conhecia nada mais dramático em música do que aquela introdução. O mais dramático nos dobrados é o "forte do baixo" dos tenores, barítonos e tubas. Mas Olyntho Mattos era de estimação.

Mais tarde, Cafau (1992-1996; 1998-2009) assumiu a banda e trouxe de Aracaju um toque cerimonial que ficou mais frequente nas elevações. Curto e ligeiro, tem estilo militar de um entusiasmo burocrático. Nem se compara à harmonia de Olyntho. 


F. Ventura (2023)

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

O CENTENÁRIO DA FILARMÔNICA SANTA CECÍLIA -- ÁGUA BRANCA/AL

 

Parabéns ao maestro Valério e demais integrantes da Filarmônica Santa Cecília pela história compartilhada.

Peço licença para contribuir com uns dados desconhecidos até há pouco.

Uma década antes da criação da Filarmônica, Padre José Nicodemos da Rocha, apoiado pelo coronel Ulisses Luna, criou a Escola Paroquial para a qual levou os maestros José Emiliano de Souza como professor de música e João Ribeiro de primeiras letras. 

José Emiliano também era professor primário e, em Piranhas, maestro da Philarmonica Piranhense.

João Ribeiro do Vale viria ser maestro da banda da Fábrica da Pedra, criada em 1915. 

José Emiliano de Souza transitou em Piranhas e Água Branca, onde foi suplente de juiz substituto. Compunha música sacra. Até o início dos anos 2000 havia registros de uma Missa sua composta em ambas as cidades no início do século 20.

Coincidentemente, quando em 22 de novembro de 1922 era criada a Filarmônica Santa Cecília em Água Branca, em Piranhas o maestro José Emiliano de Souza regia a banda piranhense na entronação da imagem barroca de Santa Cecília no altar-mor da Igreja de Nossa Senhora da Saúde, onde ainda permanece ao lado direito da padroeira.

A observação histórica sugere que o trabalho de João Ribeiro e José Emiliano de Souza viabilizou a criação da Filarmônica Santa Cecília 11 anos depois com José Emiliano Vieira Sandes, sendo este provavelmente discípulo deles.

A informação da atuação dos mestres João Ribeiro do Vale e José Emiliano de Souza em Água Branca, sob a direção do também músico Pe. Nicodemos da Rocha, consta no semanário pão-de-açucarense A Ideia n. 79, de 18 junho de 1911:


"CORRESPONDÊNCIA

Da futurosa vila d'Água Branca escrevem-nos:

Água Branca, 12 de junho de 1911.

Srs. Redatores da 'Ideia'

Nesta Comarca de Água Branca foi criada uma Escola Paroquial cujo fim será o ensino de letras e música. A Escola é organizada do seguinte modo: Diretor Pe. José Nicodemos da Rocha, Tesoureiro Dr. Luiz Vieira de Siqueira Torres, Secretário Manoel José Firmo, professor das letras João Ribeiro do Valle, professor de música Maestro José Emiliano de Souza.

A escola tem um bom salão decentemente mobiliado e encontrou carinhoso acolhimento do povo de Água Branca, principalmente da parte do prestimoso chefe político cel. Ulysses Luna que tem animado e auxiliado o Vigário Pe. Nicodemos autor da ideia.

Bravos à união que é força!

Um Água-branquense."


Esse não é o único registro remanescente. Há ainda a carta de despedida de Piranhas, publicada meses antes no mesmo semanário, em que o maestro José Emiliano saúda os amigos e comunica sua mudança com a família para Água Branca.


F. Ventura (2023)