sábado, 17 de fevereiro de 2024

SARGENTO CALHAU (DOBRADO N. 215 )


História da Canção Cisne Branco

Texto originalmente publicado por Lúcio Lucena no Blog do Lucena em 15/12/2010

    

    Antonino Manoel do Espírito Santo (ou Antônio) foi Sargento Músico do 50º Batalhão de Caçadores em Salvador e, nas décadas de 1920 a 1930, já falecido, foi considerado um dos maiores compositores de Dobrados do Nordeste. Entre suas obras mais conhecidas e executadas estão: "Avante Camaradas" e "Bombardeio da Bahia". Foi ao som desta primeira que os nossos Pracinhas desfilaram no Rio de Janeiro antes de embarcar para a Itália em 1942.
    Certa feita, Antonino Manoel do Espírito Santo compôs um dobrado em homenagem a um amigo, também Sargento Músico do Exército, cujo sobrenome, CALHAU, batizou o Dobrado. É muito comum que os Mestres de Banda e os próprios músicos façam intercâmbio de seus repertórios. Foi em uma viagem de regresso da 2ª Companhia Regional de Fuzileiros Navais de Salvador, que os músicos do Corpo de Fuzileiros Navais de lá trouxeram o Dobrado "Sargento Calhau", àquela época, bastante tocado pelas Bandas de Música do Exército Brasileiro. Então, as Bandas de Marinha começaram a executá-lo. Em suas paradas e retretas, tornando-o conhecido entre Marinheiros e Fuzileiros.
    Em 1926 achava-se embarcado no Navio Escola Benjamim Constant, o Sargento cearense Benedito Xavier de Macedo, que fizera um poema, intitulado CISNE BRANCO, em homenagem ao Navio, um veleiro, classificado "GALERA". Benedito Xavier de Macedo não encontrou dificuldades para fazer uma associação entre o seu poema com a Melodia daquele dobrado que passou a ter o título de "SARGENTO CALHAU - CISNE BRANCO". Mas os copistas, por omissão ou mesmo por simplificação, passaram a chamá-lo apenas de CISNE BRANCO.
    Na década de 50, passou a ser muito cantado nas Escolas de Aprendizes Marinheiros, agora com o novo título de CISNE BRANCO - CANÇÃO DO. MARINHEIRO, omitindo assim o nome verdadeiro, "Sargento Calhau". A tradição acabou por fazer desaparecer, definitivamente, o nome original.
    Em princípio, o Cisne Branco era cantado apenas uma vez, assobiando-se as duas partes seguintes da Canção. O Trio, parte mais vibrante da peça, composto em tom maior, não tinha letra até que, em 1978, realizou-se por ocasião da Semana da Pátria um grande concerto no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial no Rio de Janeiro. O programa previa a execução de CANÇÕES patrióticas na primeira parte do Concerto, o que levou o Maestro Osvaldo Passos Cabral a introduzir, na segunda parte do Trio as frases de exaltação VIVA, VIVA, VIVA A MARINHA e VIVA A MARINHA DO BRASIL, repetidas várias vezes.
    O "CISNE BRANCO" é atualmente uma canção militar conhecidíssima no BRASIL, estando associada pelo povo à sua Marinha. A letra desta canção também é reinvindicada pelo oficial Francisco Dias Ribeiro, de acordo com o que se segue: Em 1977, por meio de intensa pesquisa levada a cabo pelo Vice-Almirante (IM-RRm) Estanislau Façanha Sobrinho, ficou constatado que o Tenente Dias Ribeiro poderia ser o autor desta letra. Em 1916, o então 1º Tenente Francisco Dias Ribeiro, que servia no Quartel de Marinheiros, à época localizado na Ilha de Villegagnon, escreveu uma poesia inspirada no veleiro Benjamim Constant, o navio-escola, chamado de Cisne Branco, e a adaptou ao Dobrado Sargento Calhau, dando origem à conhecida canção que se tornou o hino oficial da Marinha do Brasil.


Sebastião da Cruz (Suboficial Fuzileiro Naval Músico da Reserva da Marinha e Presidente da Academia Santoamarense de Letras)






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