Texto originalmente publicado por Lúcio Lucena no Blog do Lucenaem 15/12/2010
Antonino Manoel do Espírito Santo (ou Antônio) foi Sargento Músico do 50º Batalhão de Caçadores em Salvador e, nas décadas de 1920 a 1930, já falecido, foi considerado um dos maiores compositores de Dobrados do Nordeste. Entre suas obras mais conhecidas e executadas estão: "Avante Camaradas" e "Bombardeio da Bahia". Foi ao som desta primeira que os nossos Pracinhas desfilaram no Rio de Janeiro antes de embarcar para a Itália em 1942.
Certa feita, Antonino Manoel do Espírito Santo compôs um dobrado em homenagem a um amigo, também Sargento Músico do Exército, cujo sobrenome, CALHAU, batizou o Dobrado. É muito comum que os Mestres de Banda e os próprios músicos façam intercâmbio de seus repertórios. Foi em uma viagem de regresso da 2ª Companhia Regional de Fuzileiros Navais de Salvador, que os músicos do Corpo de Fuzileiros Navais de lá trouxeram o Dobrado "Sargento Calhau", àquela época, bastante tocado pelas Bandas de Música do Exército Brasileiro. Então, as Bandas de Marinha começaram a executá-lo. Em suas paradas e retretas, tornando-o conhecido entre Marinheiros e Fuzileiros.
Em 1926 achava-se embarcado no Navio Escola Benjamim Constant, o Sargento cearense Benedito Xavier de Macedo, que fizera um poema, intitulado CISNE BRANCO, em homenagem ao Navio, um veleiro, classificado "GALERA". Benedito Xavier de Macedo não encontrou dificuldades para fazer uma associação entre o seu poema com a Melodia daquele dobrado que passou a ter o título de "SARGENTO CALHAU - CISNE BRANCO". Mas os copistas, por omissão ou mesmo por simplificação, passaram a chamá-lo apenas de CISNE BRANCO.
Na década de 50, passou a ser muito cantado nas Escolas de Aprendizes Marinheiros, agora com o novo título de CISNE BRANCO - CANÇÃO DO. MARINHEIRO, omitindo assim o nome verdadeiro, "Sargento Calhau". A tradição acabou por fazer desaparecer, definitivamente, o nome original.
Em princípio, o Cisne Branco era cantado apenas uma vez, assobiando-se as duas partes seguintes da Canção. O Trio, parte mais vibrante da peça, composto em tom maior, não tinha letra até que, em 1978, realizou-se por ocasião da Semana da Pátria um grande concerto no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial no Rio de Janeiro. O programa previa a execução de CANÇÕES patrióticas na primeira parte do Concerto, o que levou o Maestro Osvaldo Passos Cabral a introduzir, na segunda parte do Trio as frases de exaltação VIVA, VIVA, VIVA A MARINHA e VIVA A MARINHA DO BRASIL, repetidas várias vezes.
O "CISNE BRANCO" é atualmente uma canção militar conhecidíssima no BRASIL, estando associada pelo povo à sua Marinha. A letra desta canção também é reinvindicada pelo oficial Francisco Dias Ribeiro, de acordo com o que se segue: Em 1977, por meio de intensa pesquisa levada a cabo pelo Vice-Almirante (IM-RRm) Estanislau Façanha Sobrinho, ficou constatado que o Tenente Dias Ribeiro poderia ser o autor desta letra. Em 1916, o então 1º Tenente Francisco Dias Ribeiro, que servia no Quartel de Marinheiros, à época localizado na Ilha de Villegagnon, escreveu uma poesia inspirada no veleiro Benjamim Constant, o navio-escola, chamado de Cisne Branco, e a adaptou ao Dobrado Sargento Calhau, dando origem à conhecida canção que se tornou o hino oficial da Marinha do Brasil.
Filho de um soteropolitano com uma alagoana de Palmeira dos Índios, Antônio Manoel do Espírito Santo é um dos maiores compositores de dobrado militar da História do Brasil.
Obras: Bombardeio da Bahia, Dobrado 220 (Avante Camaradas), Dobrado 221 (Um Adeus), Dobrado 222 (Último Adeus), Quatro Dias de Viagem, Sargento Calhau (Cisne Branco), Sargento Caveira etc.
De fato, em 4 de fevereiro comemora-se o aniversário de inauguração da Escola de Música Mestre Elísio, ocorrida em 4/2/1990 na Praça Padre Cícero, comunidade do Cabrobó.
As atividades da escola começaram com mestre Bubu nove meses antes nos fundos do antigo Armazém de Sal, à época (1989) parte do Centro Social e Esportivo Piranhense (CSEP), hoje Centro Cultural Miguel Arcanjo de Medeiros.
Antes, o período de inscrições na Prefeitura teve a adesão de setenta e oito crianças, jovens e adultos.
Então, o dia da primeira aula de mestre Bubu, segunda-feira, 8 de maio de 1989, deve ser a data correta de aniversário da Escola de Música Mestre Elísio. Sete de setembro, a data de estreia da Banda de Música Mestre Elísio (atual Filarmônica) sob o mestre Bubu com iniciados do mestre e principalmente veteranos de outras formações, e 4 de fevereiro de 1990 a data de inauguração da sede.
São exatamente 34 anos, 8 meses e 4 semanas: 12.691 dias.
Criado em Maceió no ano de 1968, o Grupo Artístico de Pesquisas Musicais de Alagoas (Gapema) participou de grandes eventos, como: 1.º Festival Universitário de Música Popular Brasileira (1968), realizado no Ginásio do SESC, com a canção vencedora, Canta, do cantor compositor Josimar; Festival de Música Popular Universitária de Goiânia (1972), onde obteve menção honrosa, sendo patrocinado pela Empresa Alagoana de Turismo (Ematur)¹; III Festival de Verão de Marechal Deodoro (1973)².
Integrantes: Josimar França (1950-2013), voz; Egildo Vieira (1947-2015), flauta; João Lyra (1949), Hilário Nogueira de Araújo e José Ivo Queiroz de Bulhões, violões; Valdemi Gomes da Silva (Ling), contrabaixo; e Zenildo da Silva Sarmento, percussão.
Na gravação desse programa de 2010, apresentado por Paulo Poeta na TV Assembleia, Zailton Sarmento (1958-2020) substitui João Lyra.
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¹ ESTÍMULO ao Turismo. Diário de Pernambuco. Recife, ano 148, n. 72, Primeiro Caderno, p. 6, 18 mar. 1973.
Encontrada no arquivo da Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, a valsa Carmelina, datada de maio de 1905, é de autoria do alagoano Lauro Augusto do Carmo, um dos grandes mestres do Baixo São Francisco, falecido na década de 1940.
LUCENA, Wilson José Lisboa. Tocando amor e tradição: a banda de música em Alagoas. Vol. II, pp. 129-130. Maceió: Viva Editora, 2016.
SOUZA, Nilton da Silva. As bandas de música do baixo São Francisco Alagoano: práticas culturais musicais em contexto. Salvador: UFBA, 2020. _____________________ Mapeamento de arquivos musicais públicos e particulares do Baixo São Francisco: novas perspectivas à luz de novos documentos. Atas do I Colóquio/Encontro Nordestino de Musicologia Histórica Brasileira, p. 97-106. Salvador, 2011.
Há nos arquivos da Filarmônica Mestre Elísio uma partitura remanescente da época em que o governo militar sugeria repertório patriótico às bandas, enviando-o às prefeituras com recomendação expressa para distribuição nas organizações musicais, acompanhada de um LP destinado às escolas de 1.º e 2.º graus.
Brasil pra frente (1976), também conhecida por Este é um país que vai pra frente, de autoria de Heitor Carillo (1924-2003), é mais uma de suas composições ufanistas, como Este é o meu Brasil, gravadas por Os Incríveis na década de 1970.
A partitura, sem as partes cavadas, tem anexada uma carta circular datada de 1.º de julho de 1976 e assinada pelo assessor-chefe cel. José Maria de Toledo Camargo (1926-2015).
Adaptado pelo maestro Vavá — Osvaldo Pinto Barbosa (1933-2019), 1.º Sargento Músico do Batalhão da Guarda Presidencial —, o arranjo original é de Osmar Milani (1920-2003), maestro, arranjadore compositor.
É uma marcha das mais representativas do período militar no Brasil. Utilizada pelo governo para promover a sua agenda política, foi um sucesso comercial executado em diversas ocasiões públicas, como desfiles militares e eventos esportivos, veiculadas nos meios de comunicação, como rádio, televisão e cinema.
Em geral, esse tipo de música era criticado por setores da sociedade que o viam como uma forma de silenciar as vozes críticas ao regime e de promover uma imagem positiva do governo que não correspondia à realidade.
REFERÊNCIAS
BARD. Músicas patrióticas do período militar. Disponível em: https://bard.google.com Acesso: 13 jan. 2024.
DICIONÁRIO Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Disponível em: https://dicionariompb.com.br/artista/vava-2 Acesso em: 13 jan. 2024.
GARCIA, Roosevelt. As Propagandas ufanistas do governo dos anos 70. Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/coluna/memoria/as-propagandas-ufanistas-do-governo-dos-anos-70 Acesso: 13 jan. 2024.